Abr 13

“Vai mas é cavar batatas…”

Ex-ministro da Defesa detido por corrupção nos submarinos (na Grécia). Presidente detido e primeiro-ministro atacado num golpe militar (em Bissau). O líder do PS, António José Seguro, disse que o Tratado Orçamental da União da Europeia. “é indispensável para Portugal ficar no euro”.

“Vai mas é cavar batatas…” é plebeísmo correspondente a esta declaração ministerial: Na agricultura “não falta emprego, falta é gente para trabalhar”

Carlos Gomes Júnior apenas está detido pelos militares em Bissau. Menos mau. Um povo que vota merece o nosso respeito, o nosso apoio, a nossa força.

O grande papagaio aprova o tratado.

Da profecia do regime dos bons alunos. Dos que ou comem ou calam.

Recebi comunicação sobre o “impeachment”, pouco collorida. Fui ler. Pode ser o velho soldado que estava ao serviço particular de um oficial, na tropa. Pode dizer-se de um jogador de futebol que está “offside”, ou em fora-de-jogo, e mesmo assim marcar golo, porque o fiscal de linha já não tem força para levantar a bandeirinha e até o leva em padiola. Ou pode ser mais um retrato dos traseiros desta sociedade de corte, em viagem à roda da Parvónia. Prefiro Guerra Junqueiro.

Enquanto o pau vai e vem, rapam-se os queixos e as leis.

Os filhos bananas e as bichas republicanas ou o Estado do Estado

A necessidade aguça o engenho, mas encher a urna de pedras e areia para o corvo debicar dá ilusão que ela está cheia, mas depois do esperto se servir, fica só calhau. Ou a fábula do Estado Social, segundo Esopo: “Sitibunda cornix reperit urnam aqua plenam, sed erat urna profundior quam ut exhauri a cornice possit. Conatur igitur vano molimine aquam effundere, sed non valet. Lectos igitur ex arena lapillulos iniectat. Hoc modo aqua levatur et cornix bibit. Necessitas est ingenii mater.”

A Constituição diz que “não pode haver penas nem medidas de segurança privativas ou restritivas da liberdade com carácter perpétuo ou de duração ilimitada ou indefinida” e que “nenhuma pena envolve como efeito necessário a perda de quaisquer direitos civis, profissionais ou políticos”. Na prática de certos micro-autoritarismos sub-estatatais, a teoria do ostracismo é outra. Deve ser para comemorarem o 13 de Abril de 1961.

Os portugueses podem, hoje, reclamar que estão no promontório dos séculos: são os mais europeístas da Europa inteira e toda a Europa e todos os Europeus vibraram intensamente com este feito. PS, PSD e CDS aprovaram tratados ditos europeus. Um que cria o MCE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) e outro a ECGUEM (Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária). Que Mceecguem! Ou o indo nós, indo nós, a caminho de Bissau…

Releio Bulhão Pato, em testemunho sobre os últimos momento de Alexandre Herculano. Lá estão as últimas palavras do Mestre. Primeiro o
“– Isto dá vontade de a gente morrer.”
Momentos depois:
“– Os de casa, coitados, andam com a cabeça perdida. Dê uma vista de olhos àquilo lá por baixo, para que arranjem a ceia. Veja os melões. Este ano são magníficos.”
Mais adiante:
“– Abram a janela. Quero ver as árvores.”

Confesso que como melões todo o ano, vantagem da globalização, e nem preciso de abrir a janela para estar sempre a ver as árvores, estou sempre voltado para a árvores. Por isso é que podemos viver cada hora como se fosse a última. Desculpem o plágio dos estóicos de quem continuo a ser. Os greco-romanos.

Abr 13

Reuters

“On matters of European policy there is no real opposition in Portugal,” said Adelino Maltez, a political scientist at the Lisbon Technical University. “The Socialists cannot cause any problems. Both the ruling Social Democrats and the Socialists just want to be good pupils in their wider European parties.”