A democracia é mero instrumento de voz de um povo. Primeiro, a comunidade. Depois, o regime. O que está em causa é uma guerra de povos e o que deve procurar-se é o mínimo existencial de cada um deles. Para além da guerra. Logo, exige-se a paz pelo direito. O idealismo mais pragmático de sempre. O que mata menos. Estou a falar daquele espaço sagrado que tem Jerusalém como centro de ascensão, para as três grandes religiões ditas do Livro.
Só agora li a entrevista, inteirinha, de Passos Coelho às ditas “páginas amarelas” da revista Veja, concedida ao paulista Duda Teixeira, que bem se preparou para a fazer, posso garanti-lo. Está boa. Para Portugal. Que é o que me interessa. Na mesma revista, uma explosiva reportagem sobre os desenvolvimentos da corrupção no Brasil. Explosiva, mesmo. Apenas concluo: como falta jornalismo de investigação em Portugal.
O grande drama da política, em muitos Estados, como na terra do egípcio Moisés e do palestiniano nascido na gruta de Belém, está na circunstância de andarmos entalados entre a teocracia e o laicismo. Falta coragem para chegarmos ao pós-secular. À conciliação da pluralidade de crenças, das religiões ao ateísmo, no espaço público. Julgo que o Brasil é bom exemplo, nesse exercício de Estado mais metafísico do mundo. Por cá, eliminando antiquados congreganistas e teimosos anticongreganistas, entre caçadores de pedreiros e caçadores de vestes talares, as coisas bem podem melhorar. Se formos mesmo pós-seculares.