A parangona define a maior hipocrisia do nosso tempo: a geração dos quinhentinhos, a dos meus filhos. Por mais qualificações que apresentem, por mais valores que assumam, o sistema prefere aplicar o modelo que Saint-Simon qualificou como de “exploração do homem pelo homem”. Cada um deles recebe trezentas vezes menos por mês que a pensão de um célebre bancário, ou vinte vezes menos que a uma das aposentações, acumuláveis, de certos ex-ministros no activo eléctrico. A injustiça envergonha. E vai dar revolta.
O chefe da situação disse hoje ter muita pena da situação a que chegámos. Por isso fui ler textos budistas sobre a compaixão e aqui deixo o essencial sobre o nosso estado vegetativo, sem ar livre e terra livre: “Digamos que alguém olha para uma planta que se encontra num vaso dentro da casa. Pelo olhar compassivo, em vez observar se gosta dela ou não, pergunta como é que ela se sente sem a luz do sol, a água da chuva e sem as suas plantas amigas e companheiras. Quando olhamos uma planta pensando se gostamos ou não, nossa mente opera obstruída pela sensação de gostar ou não gostar. Uma inteligência maior é olharmos para aquela planta perguntando do que ela necessita. E mais do que isso, nós podemos olhá-la e ver com os olhos do bom jardineiro quais as flores e frutos que essa planta tem escondidas dentro dela, e que ela mesma não sabe”.
Parece que podem acabar os falsos consensos do centrão mole e difuso.
Seguro deve estar a exagerar. O presidente que temos, por causa do último prefácio, vai, desta, ser devidamente informado. E, sem dúvida, informará o líder do principal partido da oposição.
Ex-secretário de Estado diz que não sabe como é que o presidente da EDP “teve conhecimento de um estudo” sobre rendas excessivas, poucas horas depois da sua entrega aos restantes membros do Governo. Nem eu. Só sei a hierarquia dos interesses instalados no situacionismo. O das companhias majestáticas, das empresas de regime e dos emplastros. É visível pelos resultados.
“O tratado não se pode voltar a negociar”, afirmou Merkel. “Não é a Alemanha que vai decidir pelo conjunto da Europa”, afirmou Hollande. “O PS não assina de cruz nenhum documento enviado para Bruxelas sem ser discutido no Parlamento”, afirmou Seguro. Infelizmente, já estamos cruzados. Até fomos os mais merkelianos da Europa. Como se demonstra pelo seguinte recado de empresário lusitano, na Feira de Hanover: ““A Alemanha exporta em grandes quantidades para a China e enquanto isso acontecer nós vamos continuar a ter trabalho em Portugal. Quando o panorama se alterar, aí muitos fecharão portas”. Estou fartos destes bons alunos.