2010

2000


Janeiro

Continua o curto-circuito das comadres e dos compadres, onde o poder dominante vive encerrado numa redoma de uma direita que convém a certa esquerda que também é conveniente para essa mesma direita. Dominam os decretinos, os construtivistas da generalidade e da abstracção que disfarçam a tecnocracia, mandando que nos aoelhemos perante os chefezinhos, para que assim se atinja o promontório dos séculos, esse misto de seminarista com nostálgico da revolução perdida, com que nos vão vigarizando, em nome do bom e velho Estado, da integração europeia e da globalização, para onde mandam os amigalhaços do turismo científico.


Fevereiro

Morte súbita da Ana. Um mês que mudou meu tempo. Porque aqueles a quem os deuses amam morrem jovens.

Março

Com o luto a enredar-se por mim dentro, com muitas memórias encharcando o espírito e fazendo doer o corpo. Já no ambiente político vive-se o confronto de Passos, Rangel e Aguiar-Branco. Confirmo que há um jacobinismo de direita, a nível universitário, o herdeiro de um fechado haeckelianismo que se recobre com o nome de ciência e se diz catolaico, só para disfarçar a tradicional intolerância, negando a superioridade da procura da própria sabedoria.

  • Participação no “Expresso da Meia Noite” da SICN (5 de Março de 2010).
  • Depoimento ao jornal A Cabra (12 de Março de 2010).
  • PSD: O espelho da nação (13 de Março de 2010. No DN)
  • Dos endireitas ao espírito do das Caldas (15 de Março de 2010. No DN)
  • Depoimento ao Diário de Notícias (16 de Março de 2010).
  • Depoimento à Rádio Renascença (17 de Março de 2010).
  • Nova cena do teatro de enganos. Postal de 
  • Depoimento à TSF, sobre a postura de Jaime Gama (19 de Março de 2010).
  • Depoimento à TVI, onde faço análise das declarações de Manuel Alegre (19 de Março de 2010).
  • O Processo Estacionário em Curso (26 de Março de 2010; no Diário Económico)
  • Uma laranja não amarga (29 de Março de 2010).
Abril
Conferência sobre a Patuleia e a Carbonária em Condeixa. Debate em Leiria, com o PSD. Visita a Barcelona, pelo Sant Jordi, a convite dos autonomistas. Ou a chegada do novo PSD passista, com Miguel Macedo a líder parlamentar e Miguel Relvas a secretário geral. Tudo encenado no Congresso de Carcavelos, onde se ensaia a nova era do principal partido da chamada oposição. Enquanto isto, lá vamos passando da memória do PREC, ao ritmo do PEC.

Maio

Continua o decadentismo do gajo porreiro que passou a animal feroz, ameaçando com o cacete malhador quem se meter com ele, enquanto alguns ajudantes da respectiva fileira de comando vão fingindo candura, para que o pau vá e venha e folguem as costas. Mas os gestores das empresas de regime e os banqueiros da chamada economia mística já lhe perderam o respeitinho e começam a procurar novo feitor.


Junho

Congresso da Causa Real em Viseu e discurso sobre José Falcão em Coimbra. Escrever é exercício de eternidade e pode ser expressão de profecia, mesmo para quem não queira ser profeta e não se queira deter no apocalíptico dos milenarismos, cujos rituais não me mobilizam, apesar de os reconhecer como antídoto ao dogma, com seus catecismos e apologetas, sempre com necessidade de uma disciplina doutrinária e de uma legião de sargentes que eles licenciem.

Julho
Entre a demissão de Carlos Queiroz e a obstinação de Sócrates, ou de como o comando do Estado não quer ler os sinais dos tempos. O “star system” usa e abusa do verbo mendonçar e mostra discurso requentado, onde se repetem os palavrões da falta de autenticidade, sobretudo quando se anuncia nova etapa de um intenso diálogo político.
Agosto
Acidente cardíaco e grave intervenção cirúrgica.


Setembro

Recuperação em família. E lento regresso à escrita e ao comentário on line. Denuncio os chamados donos do poder, os que metem a ideologia na gaveta quando vão para o governo, manejando os fantasmas de direita e os preconceitos de esquerda.

 

Outubro
Continua a recuperação e fisioterapia diária.


Novembro

Primeira conferência que profiro, depois da crise, na Assembleia Municipal de Lisboa, sobre as propostas governamentais de reforma da administração local.

Dezembro

Aquece a campanha eleitoral presidencial, com o embate de Alegre contra Cavaco e as excrescências da técnica das campanhas negras.