Quando o pelotão da campanha ainda continua em berraria, por causa do mensurável empate técnico, é natural o exagero de propaganda dos que esperam o falso sebastianismo de uma vitória ao “sprint” por um qualquer Pirro, do PS ou do PSD. Aliás, quase todos os outros povos das sete partidas da Europa têm atestado a mesma indiferença por uma entidade que quer assumir a democracia de um modelo, mas que é manipulada pela tecnoburocracia da comissão, enquanto, nos interstícios, se regressou claramente ao directório das potências, neste projecto europeu de muitas velocidades e outras tantas hipocrisias.
Embora se confirme que continuaremos o país mais hipocritamente à esquerda da Europa, sofrendo as agruras da desertificação dos restos de meritocracia, parece inevitável que, por cá, persistirão os estrategistas da derrota, clamando que o “welfare” dos outros vai subsidiar a preguiça da nossa privatização de lucros, com nacionalização dos prejuízos, em regime de rotativismo de devoristas. A Europa do bismarckiano aparelho de poder, assente num formidável modelo de principado, está definitivamente usurpada por uma clandestina hierarquia neofeudal que esmaga as repúblicas. E a partidocracia multinacional, que aqui tem como simples secções o PS, o PSD, o CDS e o MPT, apenas confirma que estes feitores dos ricos são mais sintomas do que causas de uma entropia, plena de lixo.
Os habituais caçadores de eurocépticos e anti-europeístas ficaram, portanto, desempregados, face ao presente vazio de sonho e de ideia de Europa, pelo que apenas sentimos que, nestes falsos encontros mediatos com os eleitores e contribuintes, a que chamam eleições europeias, são mais eficazes as espadas da barganha e da pressão, mesmo que desembainhadas desajeitadamente pelo propagandismo da cartilha situacionista da santa aliança do pensamento único, a que nos deu a falsa constituição europeia e o frustrado tratado do Mar da Palha.