Maçonaria

Entre Gomes Freire e o patriotismo Científico. Ou o partido dos funcionários contra o partido dos fidalgos. Um projecto por cumprir. Palestra no centenário do Instituto Superior Técnico, 30 de Janeiro de 2012. A publicar em “Revista da Maçonaria”.(30 de Janeiro 2012). Ver foto.

Apresentação no Porto, Café Astória, do Abecedário Simbiótico (24 de Janeiro 2012). Imagem do convite.

Debate na TVI24 sobre a questão da maçonaria, com Marques Mendes e Vera Jardim (16 de Janeiro 2012).

Declaro, de pública e espontânea vontade Posted on 

Sobre a Maçonaria. Entrevista a Mário Crespo na SICN, 10 de Janeiro de 2012.

Ao blogue Alunos do Liberalismo. Sobre a Maçonaria. 7 de Janeiro de 2012.

Sociedade Civil, sobre a maçonaria. 8 de Fevereiro de 2012.

Sai Revista da Maçonaria, de cujo conselho editorial faço parte (Novembro de 2011). Publico artigo A corrupção como problema moral. Posted on 

Os chineses do século XVI. Posted on 

Da clandestinidade à luz. Posted on 

Muitos portugueses são dotados de uma ponta de misticismo…Posted on 

Os adversários e concorrentes não têm que ser inimigos. Posted on 

O homem é um ser que nunca se repete…viva a heresia! Posted on 

Entrevista sobre a Maçonaria. Janeiro de 2009.

Todas as liturgias são ridículas fora dos templos em que se dá a comunhão e a religação Posted on 

Reflexões heréticas em noites de olhar as estrelas com os pés nas pedras do caminho Posted on 

Porque vivo num país livre. Posted on 

A lista dos 3 600 bufos, segredos de Estado e sigilo bancário. Posted on 

Edição pelo Grande Oriente Lusitano da conferência que aí proferi em 2003 sobre A Maçonaria e o Pensamento Jurídico-Político em Portugal, com prefácio do grão-mestre António Arnaut, 2005. Edição datada simbolicamente de 31 de Janeiro.

 

Não me sinto agnóstico nem céptico. Não estou filiado em qualquer  seita, igreja ou religião secular. Já fui católico, não fiquei anticatólico e até não consigo prometer que dessa fé não me voltarei a imbuir. Porque, por mais força que pense ter, não tenho forças para vencer forças maiores, como são as que vêm do transcendente para o interior.

Estou nessa espera-esphera, que é esperança, espicaçado pelo esprit de finesse pascaliano, que não aceita o gnosticismo do esprit geométrique, a tal soberania do método empírico-analítico que nos deu o jacobinismo, o postivismo, o cientificismo, o marxismo e estes herdeiros actuais ditos laicistas.

Sou assim duplamente suspeito para facciosos católicos e anticatólicos. Tive uma infância de educação franciscana e uma adolescência de formação jesuítica, tudo metodicamente implantado sobre uma educação rural dos meus avós campónios e analfabetos, mas sabedores dos sinais das águas, das aves, das nuvens, das árvores e dos torrões dos campos. Isto é, em cima de uma religiosidade popular, com memórias de lobisomens e relatos de planetas, recebi uma polida e civilizada teologia urbana e vaticana, fiel aos textos da congregação romana, herdeira da santa inquisição.

Mas caí na tentação já referida por Lutero: um bom jurista, um mau cristão. Pior ainda: virei politólogo, ou repúblico. Deste modo, feito engenheiro de conceitos com o fogo do logicismo kantiano, fiquei uma mistura do humanismo cristão e do humanismo laico, com a mania existencialista de procurar o transcendente situado, onde a autenticidade tende a substituir a ideia de salvação.

E foi com esta pós-deformação que mergulhei nas confissões de um homem religioso de José Régio. Ainda tentei resistir com a peregrinação interior de alçada baptista, mas, misturando Albert Camus com Saint-Exupéry, acabei por ficar nesse espaço do tradicional herético lusitano que vive entre a profecia do quinto império e o panteísmo dos estóicos, de Espinosa, de Teixeira de Pascoaes, de Fernando Pessoa e de Agostinho da Silva.

Refinei-me, depois, com o reflexionismo dos herdeiros de Montaigne, mas, a partir dessa procura do complexo, pela compreensão das coisas simples, nunca mais consegui libertar-me de certas cordas românticas que me aproximam de algum inquieto desencanto: da maçonaria que já não há, dos judaizantes que também se foram, dos protestantes que podíamos ter sido e daquela procura da raiz do além que me ensinou o bom padre Teilhard de Chardin ou o dissidente Soljenitsine.

É a partir desta base secular, mas quase confessional, que passei a desconfiar de todos os que têm provocado o avivar dessa brasa não apagada da questão político-religiosa em Portugal. Esses pirómamos laicistas que, depois da questão do aborto e da autonomia da universidade católica, são agora obrigados a enfrentar a lei da liberdade religiosa.

Os que se entusiasmam com facciosismo de certos articulistas binários, entre os modelos de Vital Moreira e de João César das Neves, talvez hoje sejam uma minoria na sociedade portuguesa. Eu, que tenho a ilusão de ser herdeiro do conservadorismo liberal, azul e branco, à maneira de Alexandre Herculano, de nada me incomoda que a igreja católica mantenha e reforce alguns privilégios contratualmente reconhecidos pelo estado, porque assim o exige, por um lado, a tradição e, por outro, os bons serviços que a instituição continua a prestar à comunidade.

Só a cretinice geométrica dos que foram formatados por categorias abstractas pode reduzir os católicos portugueses a uma religião entre muitas outras. Por isso, urge uma nova concordata que reforce, às claras, o peso do humanismo cristão, evitando que ele caia na tentação da clandestinidade congreganista ou das pressões de sacristia.

De idêntica forma, bem gostaria que a tradicional ordem maçónica, reunida em torno do Grande Oriente Lusitano, perdesse os receios a que, injustamente, foi condenada pela lei de José Santos Cabral de 1935, e também saísse de certa clandestinidade, porque o país bem precisa do reforço do humanismo laico, em nome da mesma tradição e dos mesmos bons serviços que esta instituição sempre prestou à comunidade.

Os católicos e maçons, que são homens de boa vontade, e que, durante um quarto de século, estiveram tacitamente concertados para a construção deste nosso regime, não podem ser agora instrumentalizados pelos que só recentemente abandonaram as hostes de Estaline, de Mao e de Pol Pot. Os católicos e maçons, que estiveram juntos no CDS, no PSD, no PRD e no PS, não têm que receber lições, de Estado de Direito, liberdade vivida e pluralismo praticado, dos que, traumatizados, sublimam o anterior totalitarismo em anticatolicismo.