Grandes candidaturas presidenciais

Quando todos e cada um dos portugueses são obrigados a tomar partido nas grandes candidaturas presidenciais que se anunciam, declaro que não alinho nesta estúpida bipolarização que tende a mobilizar a cidadania, não entre o povo de esquerda e o povo de direita, mas de acordo estilos psicológicos, entre os que gostam das bochechas bonacheironas e soarentas e a impertigada pescoceira cavaquense.  Se certa esquerda ainda vai fingir que mexe, com os “radical chic” de uma utopia que não gosta dos gaiteiros da festa da Quinta da Atalaia, muitos há que, oriundos de tais costelas , preferem a racionalidade analítica à persistência quase miguelista dos que não superam a ideia de paraíso terráqueo. Mas pior talvez seja a lógica de terra queimada da chamada não-esquerda, que é coisa que a direita envegonhada costuma chamar a si mesma. Infelizmente quem, como eu, não finge sair da tribo de direita, resta manter-se nesta heterodoxa rebeldia que, sem ser diletante, apenas continua a ser intimamente legitimista, porque continua a ser capaz de perder tudo aquilo que conquistou na cidade, só para ter a ilusão de salvar a própria alma. Por outras palavras, não estarei ao lado de muitos meus amigos e companheiros de luta, no lançamento das candidaturas presidenciais. Prefiro continuar a viver naquela paz que equivale à estóica tentativa de estar de acordo comigo mesmo, ainda fique em decacordo com muitos outros que prezo. Não alinho na aceitação resignada do mal menor. E não serei de direita se se identificar a direita com a procissão cavaquista.

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