Ainda não sei suficiente lulic para deixar de ser malai

Sim! Já foram escritos todos os livros que explicam Ataúro 1975, invasão indonésia, Xanana, chefe da resistência, Ramos Horta, presidente, petróleo, Austrália. Mas ainda não sei suficiente lulic para deixar de ser malai, ainda não compreendi a imanência do crocodilo e de todos meus antepassados, ainda não sei que avô quer dizer mais do que auctoritas. Porque já se passaram muitos séculos desde o ano de sandalosos livros de deve e haver com a foz do Rio das Pérolas, coisa que é mais do que o papiar cristão ou que a busca do que está além da canela. Pelo menos, foram trezentos anos antes de 1812, depois de chins e dominicanos, pombais e jesuítas, e até filipes e 1640, tendo finalmente arribado, do Rio de Janeiro, um tal Vitorino Gusmão, que detectou a ilha dividida entre um partido a favor do rei de Motael e outro a favor do Padre Governador do Bispado, com a praça de S. Alteza Real abandonada.  Na altura,  estava  o pessoal militar reduzido a doze Europeus, vindos como degredados de Goa, a quatro oficiais em iguais circunstâncias e somente um tenente coronel, um major, e um capitão, apenas os três que  tinham vindo servir voluntariamente. Embora houvesse cem soldados Timores, mas sem soldo nenhum, enquanto o que recebiam Europeus e Goeses apenas dava para comerem durante quatro meses, sendo, portanto, forçados a comerciar, a ir aos diferentes reinos com fazendas muitos ordinárias, a troco de sândalo, cera e de escravos, num verdadeiro tráfico de mercancias… Por mim, que só sei que nada sei, vou continuando a ter que estudar, a ter que seguir o conselho da muita experiência, porque ainda há muito que quero fazer, sem nenhuma jantarada, almoçarada ou uiscada no hotel Timor, com muita e muita gente que bebe do fino e dá parecer… Estou aqui sentado no meu cantinho, diante das árvores do meu jardim, em mais uma noite em que dolorosamente me fico sem dormir, estou aqui, sentido, diante de mim, por dentro de mim,  confirmando, nas memórias das gentes, nos sinais das pedras, nas conversas de muitos, algo que se passou desde que o almirante chinês que podia ter feito a descoberta do caminho marítimo  da Índia para Lisboa, acabou por ter que regressar ao império do quadrado debaixo do céu, mui celeste, rodeado de sombras, porque a caravela era mais tecnologicamente atractiva que a grande nau, grande tormenta, de quem  se sentia ameaçado por gentes do Norte. Mas se o dono do casino da Coreia do Kim Il Sung já dita desditas, valia mais o Alves dos Reis macromonetário, precursor de Keynes, do sonhar é fácil. Porque chapéus há muitos, seus palermas, no tempo em que os vascos eram santanas.

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