Set 30

dois terços de espoliados

Nos tempos do porreiro-pá, havia dois terços de remediadinhos e um terço de excluídos. Com toda a PECuária que aí vem, vamos ter dois terços de espoliados e um terço de preenchedores da papelada do desemprego e dos subsídios da reinserção social, ou o fim deste socialismo de consumo, governado por bombeiros pirómanos que ainda acreditam na cantiga do “agenda setting”…

Set 30

Por um governo de maioria política e social, já!

Depois das pretensas vacas gordas, com a que a rã enchia o peito de ar, o da propaganada e da trapalhice, eis que, agora, nos encana a perna com o anúncio de vacas magras, em nome de um pretenso interesse nacional. Aproxima-se o esvaziar dos balões cheios de retórica dos ilusionistas do país das maravilhas. Prefiro o gesto do Zé Povinho, mas talvez esteja em minoria…exijo um governo de maioria política e social. Já!

Mário Soares, por causa do FMI e dos salários em atraso, teve que fazer um governo com ministros do CDS e, depois, teve que entrar em coligação pós-eleitoral com o PSD. Que contrapartida vão os partidos da oposição cobrar? Atribuir o monopólio da missão de salvação púbica a quem nunca cumpriu o que prometeu dolosamente, para ganhar votos?

O problema financeiro e económico é sério demais para discursos de ministros das finanças, financeiros, banqueiros e economistas. O problema financeiro e económico é, sobretudo, político, porque é uma questão de cidadania e de efectiva, consciente e informada participação de cada um na mobilização pelo bem comum. “Partir” uma causa de justiça é decepar a república!

À ditadura dos factos, chamam, alguns, pressão dos mercados, invocando pátria, salvação pública, e interesse nacional. Para que nos continuemos a laconizar, a silvapereirizar e a mendonçar. Os três verbos socráticos que, procurando meter um coelho na cartola, desafiam os passos do PSD, por causa desse incómodo pedregulho encavacado! Força, Pedro! Não sejas porreiro, nem pá!

Sem ironia, o PSD está numa encruzilhada: ou continua irmão-inimigo dentro do sistema ou cumpre o que prometeu, isto é, ser efectiva oposição ao situacionismo. Por outras palavras: optar pelo pretérito ou assumir a semente de futuro. A matriz de risco de Sá Carneiro talvez aponte a escolha da esperança, mesmo que doa!

Continuo, como há um ano, a defender a necessidade de uma governança por uma maioria política e social: o que vai do PCP ao CDS, com respeito pelos resultados eleitorais, através de um compromisso com os sindicatos e as próprias forças morais, das maçonarias às igrejas. A pátria vale mais do que o egoísmo de candidatos partidários e presidenciais.