Mai 14

PASSOS COELHO vs. PORTAS. Correio da Manhã

 

Ambos são dois parceiros da mesma multinacional partidária da Europa e subscritores do sistema de resgate do protectorado dos credores, mas ambos tentaram apresentar fingir um “mix” feito de metáforas onde entram coxos e muletas. O jogo teve duas partes: na primeira, Portas manobrou e teve bom domínio de argumentos, mas, na parte final e no prolongamento, deslumbrado pela retórica, acabou por assumir, como propostas suas, reformas que, constitucionalmente, só podem ser asumidas, pelo menos, com o acordo entre os três partidos do arco da “troika”. Mas ambos demonstraram que apenas são uma das faces da moeda do situacionismo

 

 

PASSOS COELHO

 

POSITIVO

 

Soube demonstrar o irrealismo das propostas de Portas, sem o acusar de clientelismo ou de caciquismo

 

NEGATIVO

Deixou enredar-se num moderação defensiva que quase nos fez parecer que tinha comandado o gobernó nos últimos seis anos

 

 

PAULO PORTAS

 

POSITIVO

Conseguiu aproveitar os argumentos antipassistas vindos do PS e atacar o PSD à esquerda, ao centro e à direita

 

 

NEGATIVO

Não foi capaz de olhar de frente para o adversário quando teve conciencia de ter ultrapassado os limites da prudência

 

In Correio da Manhã

Mai 14

A pressão dos cenários propagandísticos da partidocracia

Enquanto não volver a confiança pública, todas as palavras que os líderes políticos emitem são palavras sem sentido, porque a comunidade já concluiu que os nomes invocados não correspondem ás coisas nomeadas.

 

A pressão dos cenários propagandísticos da partidocracia em campanha é forte demais e qualquer semelhança entre este espectáculo de récitas suburbanas e a cidadania activa é pura coincidência. O palanque dos líderes já cansa e a personalização do poder enjoa.

 

Presidente Cavaco não comenta sondagens no seu “Facebook”. Por mim, apenas me recordo do que prometeu para depois de 5 de Junho: um governo com apoio maioritário. Até pode ser um governo exclusivamente CDS, com apoio do PS e do PSD. Pelo menos, seria inédito.

 

Alguns analistas explicam a encruzilhada por causa da máquina de propaganda do PS que até faria mais de uma conferência de imprensa por dia. Não sou desses. Sou mesmo do contra. Até contra os que agora estão no contra os do contra, para poderem saudar quem quer que for o vencedor. E facturar.

 

Para muitos adeptos do chamado pragmatismo, um bom governo de Portugal p.f. poderia ser o tal do CDS, aprovado maioritariamente por PS e PSD, mas desde que todos os ministros adesivos pudessem inserir-se na categoria mais lucrativa da nossa politiqueirice: a do viracasaquismo!

 

Dois meses antes do 5 de Outubro de 1910, os monárquicos situacionistas esmagaram os republicanos. Um ano antes do 28 de Maio, os republicanos bonzos obtiveram uma exuberante vitória. É costume. Um quarto de hora antes, está tudo vivo…

 

Um quarto de hora antes da execução das primeiras medidas da troika, já sem truques nem tricas…

Mai 14

O micro-autoritarismo sub-estatal

O micro-autoritarismo sub-estatal, que alguns qualificam como corporativismo, tanto vem das forças vivas que pretendem transformar o poder político em feitor de algumas forças económicas, como dos ocupantes dos interstícios tecnocráticos da mesa do orçamento, onde, como dizia Rodrigo da Fonseca, oposicionistas se transformam em alegres convivas…

 

Entre o país real e o país oficial, há sempre os intermediários, os comadres e os compadres de que falava Alexandre Herculano. Alguns deles passeiam-se por estes dias como os habituais emplastros dos líderes dos partidos dominantes nas suas visitas á província, entre jantaradas e feirinhas. São quase sempre irmãos-inimigos do mais do mesmo: o bloqueio do centrão mole e difuso…

 

A autoclausura reprodutiva de certas pretensas elites, as que fornecem fichas para os programáticos tecnocráticos, que os líderes tentam explicar, mas não conseguem comunicar. Porque lhe falta uma simples ideia de obra, não conseguem gerar manifestações de comunhão, dado que todos entendem as normas como hipocrisia, a do “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”.