Infelizmente, em termos globais e de comparações europeias, as universidades portuguesas não passam de uma federação de unidades fragmentadas que não respeitam a missão que o povo lhe confiou. Seria melhor que Cristóvão Colombo trouxesse o seu ovo e o conseguisse pôr de pé através de um simples furo. Porque, entre muitos e doutos especialistas em troncos, ramos e folhas de árvore, há raros que façam a avaliação global da floresta. Prenhes de hiperinformação e metodologismos de super-especialistas, transformámos os vários ramos científicos numa renda de bilros da micro-engenharia dos conceitos, sem tronco, raiz ou cabecinha. E, na barafunda ramalhal, acabam por se reproduzir em epidemia os teólogos e cogumelos do educacionês, bem como os burocratas do sobe e desce regulamentar. Seria melhor chamarmos o elefante branco pelo próprio nome, neste cumular de reformismos sem estratégia. Antes que o dono do sistema educativo, o senhor povo que o paga, trate de se revoltar contra o misticismo dos politiqueiros disfarçados de tecnocratas e dos tecnocratas disfarçados de politiqueiros. Seria melhor ouvir os professores que professam e os alunos que querem aprender. Porque o dito cujo, de tão autofagicamente endogâmico, ao cortar as pontes que o ligavam à comunidade que devia servir, perdeu até aquele bom senso que deriva do conhecimento modesto acerca de coisas supremas. Daí que se mostre difícil dar simples cura a esta complexidade, porque, de pretensa profiláctica, está a epidemia cheia. Por outras palavras, se mantivermos as presentes regras do jogo, pedindo à caixa negra sistémica e sistemista que produza auto-reformas apenas agravaremos as degenerescências corporativas e feudalizantes de tal círculo viciosamente endogâmico.
Dez
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