Fev 10

Não há pior emenda do que a falta de soneto

Não há pior emenda do que a falta de soneto, especialmente quando uma figura catedraticamente intelectual e beatamente culta, sentada no alto do seu cadeirão ministerial, despacha, segundo a ciência certa e o quase poder absoluto, quem, palacianamente, é decretado como pretensamente intelectual e pretensamente culto e não pode ir fazer exposições de arte à Arábia Saudita, acompanhando a inspiração de Roma e os contratos de Estado ismaelitas. Apenas se torna ridículo que se assuma como o pilar fundamental da democracia doméstica e que se visione como seguro indispensável contra o choque de civilizações. Felizmente que ainda não chegámos ao jardim da madeirense, onde o crítico é mais do que dissidente, dado correr o risco de ser demonizado como passível de insanidade mental. Ele, a rocha firme da paz e o grande educador do Ocidente, especialmente quando manda a imprensa publicar o último parágrafo do recente comunicado do presidente Bush, apenas tendo, contra seus dramas e rimances, o habitual bando dos tais intelectuais radicais de esquerda e de direita que não vislumbram a sorte que a Providência nos concedeu ao colocá-lo no Palácio das Necessidades, que é coisa que fica um bocado abaixo do Cemitério dos Prazeres, onde há banheiras onde se não escorrega.