Out 31

Farpas

O ciclo baga preta do regime (“blackberry”) fica para a história como uma bela fotografia
do álbum de um financeiro bonacheirão, ex-presidente de uma firma de adubos, de capital
estrangeiro, que escapava ao controlo dos herdeiros de Alfredo da Silva. Alberto João está
ufano. Não quis ficar em qualquer fotografia de fim de festa.

O bastardo de Merkl, que apenas serviu de barriguinha de aluguer, mas com paternidade ainda
por confirmar, está rosado de sebastiânicas saudações dos bonzos e instalados e agradecido
à eficácia da cesariana, porque o forceps, com que os credores ameaçaram, está prometido
para a próxima apendicite, provocada pela baga negra…

 

Bela captação da postura metafísica da madrasta da Europa, porque não há vida para além do
défice, só barrosais, sarcoisas, berlesconices, sapateiros, camarões e sousas, nos passos
da senhora… E me dói saber que o reino lusitano já não é cabeça da coisa toda. Nem sequer
já tem a dita, mesmo sem alta velocidade

Bismarck fez o Segundo Reich com muita mesa do orçamento, dos que estavam sentados na
dieta. A nova unificada, que nada tem a ver com o diabólico do Terceiro Reich, repete o
método através de uma eurocracia que perdeu o sonho e pensa que o futuro tem a ver com a
velha tecnocracia missionária que vai meter nas regras a selvajaria dos primitivos actuais.
Esquece-se da explosão dos mansos…

Napoleão quando pôs a pata em Portugal e depois em Espanha demorou a compreender 1808, a
que chamámos Restauração, numa cena que foi acompanhada pela guerra de independência dos
nossos irmãos. Daí veio a promessa de Cádis que repetimos em 1820-1822, em nome da
regeneração. Por mim, continuarei a peregri

Os alcaides de Móstoles, em 2 de Maio de 1808 proclamaram: “La Patria esta en peligro.
Madrid perece víctima de la perfidia francesa. Españoles acudid a salvarla”. Por cá um
movimento paralelo, o da Restauração de 1808, desencadeado a partir de Olhão, deu sinal
para a expulsão de Napoleão, o tal que também parecia invencível e queria construir a
Europa a partir do respectivo imperialismo usurpador…

Vou reler José Acúrsio das Neves…para tentar compreender esse período complexo, entre
1806 e 1814, quando um colectivo libertador e peninsular gerou este paradoxo de o
reaccionário, aliado ao progressista, produzirem guerrilhas e constituições, com um povo
mobilizado por padres e maçons contra a abstracção imposta por alienígenas! Será que a
nossa Europa está novamente a cair nas teias do mesmo desviacionismo?

Infelizmente, muita da historiografia castelhana, como a que domina o Canal História,
continua a desconhecer como os portugueses se comportaram nesses anos. Deve ser remorso por
nos terem remetido a Carlota Joaquina!

Uma das principais lideranças da restauração de 1808 andou em volta do Conselho Conservador
que muitos persistem em não registar. E destacou-se particularmente um tal de José
Bonifácio de Andrade e Silva, antes de se fartar da Europa e de proclamar um novo reino no
d’além, face à impossibilidade do Reino Unido, que falta cumprir…

Dessas confusões ocupantes do imperialismo do Corso, acabou por restar o espinho da
ocupação dessa parcela do Alentejo de além-Guadiana, a que damos o saudoso nome de
Olivença. Vale-nos que nos vingámos no Brasil, furando, mais uma vez, as Tordesilhas!

Apesar de muitas incompreensões, o príncipe-regente, o futuro D. João VI, não se comportou
como os monarcas Carlos IV e Fernando VII, apesar de ter uma conjugal sombra a ter de o
acompanhar…

Desculpem, mas tudo resulta de um passeio meditado pela Gomes Freire e pelo Campo Santana,
olhando a nascente, para o Paço da Rainha, bem longe do Ramalhão! E depois de assistir a um
programa de ontem da espanholada do tal Canal História!

Out 31

Danado com a Alemanha e em nome da memória de libertação

O bastardo de Merkl, que apenas serviu de barriguinha de aluguer, mas com paternidade ainda por confirmar, está rosado de sebastiânicas saudações dos bonzos e instalados e agradecido à eficácia da cesariana, porque o forceps, com que os credores ameaçaram, está prometido para a próxima apendicite, provocada pela baga negra…

Bela captação da postura metafísica da madrasta da Europa, porque não há vida para além do défice, só barrosais, sarcoisas, berlesconices, sapateiros, camarões e sousas, nos passos da senhora… E me dói saber que o reino lusitano já não é cabeça da coisa toda. Nem sequer já tem a dita, mesmo sem alta velocidade

Bismarck fez o Segundo Reich com muita mesa do orçamento, dos que estavam sentados na dieta. A nova unificada, que nada tem a ver com o diabólico do Terceiro Reich, repete o método através de uma eurocracia que perdeu o sonho e pensa que o futuro tem a ver com a velha tecnocracia missionária que vai meter nas regras a selvajaria dos primitivos actuais. Esquece-se da explosão dos mansos…

Napoleão quando pôs a pata em Portugal e depois em Espanha demorou a compreender 1808, a que chamámos Restauração, numa cena que foi acompanhada pela guerra de independência dos nossos irmãos. Daí veio a promessa de Cádis que repetimos em 1820-1822, em nome da regeneração. Por mim, continuarei a peregrinar pelo Campo dos Mártires da Pátria, à espera de Gomes Freire!

Os alcaides de Móstoles, em 2 de Maio de 1808 proclamaram: “La Patria esta en peligro. Madrid perece víctima de la perfidia francesa. Españoles acudid a salvarla”. Por cá um movimento paralelo, o da Restauração de 1808, desencadeado a partir de Olhão, deu sinal para a expulsão de Napoleão, o tal que também parecia invencível e queria construir a Europa a partir do respectivo imperialismo usurpador…

Vou reler José Acúrsio das Neves…para tentar compreender esse período complexo, entre 1806 e 1814, quando um colectivo libertador e peninsular gerou este paradoxo de o reaccionário, aliado ao progressista, produzirem guerrilhas e constituições, com um povo mobilizado por padres e maçons contra a abstracção imposta por alienígenas! Será que a nossa Europa está novamente a cair nas teias do mesmo desviacionismo?

Infelizmente, muita da historiografia castelhana, como a que domina o Canal História, continua a desconhecer como os portugueses se comportaram nesses anos. Deve ser remorso por nos terem remetido a Carlota Joaquina!

Uma das principais lideranças da restauração de 1808 andou em volta do Conselho Conservador que muitos persistem em não registar. E destacou-se particularmente um tal de José Bonifácio de Andrade e Silva, antes de se fartar da Europa e de proclamar um novo reino no d’além, face à impossibilidade do Reino Unido, que falta cumprir…

Dessas confusões ocupantes do imperialismo do Corso, acabou por restar o espinho da ocupação dessa parcela do Alentejo de além-Guadiana, a que damos o saudoso nome de Olivença. Vale-nos que nos vingámos no Brasil, furando, mais uma vez, as Tordesilhas!

Apesar de muitas incompreensões, o príncipe-regente, o futuro D. João VI, não se comportou como os monarcas Carlos IV e Fernando VII, apesar de ter uma conjugal sombra a ter de o acompanhar…

Desculpem, mas tudo resulta de um passeio meditado pela Gomes Freire e pelo Campo Santana, olhando a nascente, para o Paço da Rainha, bem longe do Ramalhão! E depois de assistir a um programa de ontem da espanholada do tal Canal História!

 

Out 31

O CICLO DA BAGA PRETA DO REGIME

O CICLO DA BAGA PRETA DO REGIME

por José Adelino Maltez

 

 

Quando nosso primeiro andava aos papéis, em pleno Páti perdido, sem ser dos Bichos nem das Damas, apenas convém saber se é permitido o uso dos telemóveis em pleno Conselho. A não ser que o rascunho venha por GPS avariado, o do Teixeira que já nem pelas estrelas nos navega. Mas, pronto! A coisa foi nascendo, com os bisturis pressionantes lá das bruxas. Só no reino que foi de Leopoldo é que o orçamento “belga”. De casa de ferreiro vem sempre espeto de pau…

 

O critério meritocrático de todas as conversatas comentadeiras, mesmo entre pessoas comuns, mas que dizem beber do fino, reduziu-se ao seguinte: “eu bem o dizia, pá, lembras-te das minhas palavras de há uns dias, eu já sabia, eu já sabia”. Pronto, entrámos definitivamente no regime dos prognósticos depois do apito final. E povo demora mais a decidir que o MP a investigar.

 

‎”Se a Itália tem Berlusconi, porque é que nós não havemos de ter acordo!”. Argumento ouvido ao pequeno-almoço, de quem não sabe que acordo vem de “ad” mais “cors, cordis” (etimologicamente, o que está junto ao coração) e que impede o desalmado do negocismo politiqueiro…

 

Chove que se farta. E fui lendo, ouvindo e vendo os pormenores do bufeiro espectáculo. Tenho pena de todos os mais papistas do que os papas que andaram por aí na berraria. Tenho a certeza que quem tirou a fotografia, à 23 horas e 19 minutos, não foi o ministro do TGV, António, Lino ou Mendonça… Foi um campino de Alcochete, ex-defensor do aeroporto da Ota!

 

O ciclo baga preta do regime (“blackberry”) fica para a história como uma bela fotografia do álbum de um financeiro bonacheirão, ex-presidente de uma firma de adubos, de capital estrangeiro, que escapava ao controlo dos herdeiros de Alfredo da Silva. Alberto João está ufano. Não quis ficar em qualquer fotografia de fim de festa.

 

O bastardo de Merkl, que apenas serviu de barriguinha de aluguer, mas com paternidade ainda por confirmar, está rosado pelas sebastiânicas saudações com que os bonzos e instalados anunciaram o terno rebento, maravilha da nossa idade, e agradecido à eficácia da cesariana bruxelense, porque o forceps, com que os credores ameaçaram, está prometido para a próxima apendicite, provocada pela baga negra…

 

Na actual metafísica da madrasta Europa, porque não há vida para além do défice, só barrosais, sarcoisas, berlesconices, sapateiros, camarões e sousas, nos passos da senhora… E me dói saber que o reino lusitano já não é cabeça da coisa toda. Nem sequer já tem a dita, mesmo sem alta velocidade

Out 31

As pretensas armadas invencíveis

Napoleão quando invadiu Portugal e, depois, a Espanha demorou a compreender 1808, a que os portugueses chamam Restauração e os espanhóis guerra de independência. Daí veio a promessa de Cádis e a Revolução Liberal portuguesa de 1822, em nome da regeneração. Daí importar recordar que Bismarck fez o Segundo Reich gerindo mesa do orçamento, especialmente comprando Estados através da política parlamentar subsidiada. A nova Alemanha unificada, que nada tem a ver com o diabólico do Terceiro Reich, repete o método através de uma eurocracia que perdeu o sonho e pensa que o futuro tem a ver com a velha tecnocracia missionária que vai meter nas regras a selvajaria dos primitivos actuais. Esquece-se da explosão dos mansos… Por isso importa compreender esse período complexo, entre 1806 e 1814, quando um colectivo libertador e peninsular gerou uma explosiva mudança da construção imperial da Europa! Importa reler o edital dos alcaides de Móstoles, em 2 de Maio de 1808. Nós sabemos perfeitamente o que acontece às armadas invencíveis…

Out 30

Farpas

O critério meritocrático de todas as conversatas de hoje, mesmo entre pessoas comuns, mas que dizem beber do fino, reduz-se ao seguinte: “eu bem o dizia, pá, lembras-te das minhas
palavras de há uns dias, eu já sabia, eu já sabia”. Pronto, entrámos definitivamente no regime dos prognósticos depois do apito final. E opvo demora mais a decidir que o MP a
investigar.
“Se a Itália tem Berlusconi, porque é que nós não havemos de ter acordo!”. Argumento ouvido ao pequeno-almoço, de quem não sabe que acordo vem de “ad” mais “cors, cordis”
(etimologicamente, o que está junto ao coração) e que impede o desalmado do negocismo
politiqueiro…

Chove que se farta. Só agora li, ouvi e ouvi os pormenores do espectáculo das novas. Tenho
pena de todos os mais papistas do que os papas que andaram por aí na berraria. Tenho a
certeza que quem tirou a fotografia de ontem, à 23 horas e 19 minutos, não foi o ministro do TGV, António, Lino ou Mendonça… Foi um campino de Alcochete, ex-defensor do aeroporto
da Ota!
Um varreador municipal declara que o problema das cheias de ontem na baixa da capital nada tem a ver com o entupimento das sarjetas. Basta notarmos o zelo de um dos mais recentes
cursos constante do catálogo das novas oportunidades e habilidades de pata ao léu…
(imagem devidamente identificada de um novo desvalido da classe média do 3º escalão do
IRS).
Para os meus filhos, que andam lá por fora, espreitarem o que aconteceu ontem no Rossio

Out 30

entrámos definitivamente no regime dos prognósticos

O critério meritocrático de todas as conversatas de hoje, mesmo entre pessoas comuns, mas que dizem beber do fino, reduz-se ao seguinte: “eu bem o dizia, pá, lembras-te das minhas palavras de há uns dias, eu já sabia, eu já sabia”. Pronto, entrámos definitivamente no regime dos prognósticos depois do apito final. E povo demora mais a decidir que o MP a investigar.

Se a Itália tem Berlusconi, porque é que nós não havemos de ter acordo!”. Argumento ouvido ao pequeno-almoço, de quem não sabe que acordo vem de “ad” mais “cors, cordis” (etimologicamente, o que está junto ao coração) e que impede o desalmado do negocismo politiqueiro…

Out 29

FB

Estive ontem à noite na SIC, onde me declarei revoltado e enjoado com este jogo de
prognósticos, cenários e mais do mesmo para que atiram comentadore, politólogos,
financeiros e mais aves canoras. Tentei desafinar

Estas coisas das bases de dados são chatas. Lá suprem a falta de recursos de quem pretende
fazer jornalismo de investigação….

As aparências não iludem. Porque Passos Coelho, em Bruxelas, não se sentiu pressionado.
Porque Sócrates, em Bruxelas, não se sentiu pressionado. Porque o Conselho de Estado também
não é um grupo de pressão. Até porque Alberto João está retido em França, mas por causa da
falta de ligação aérea!

Quanto me enjoa o peso da razão de Estado em figuras humanas, sobretudo quando as fazem
estátuas egrégias ou obras completas de mui ilustres burocratas judiciosamente judiciando
sobre caracóis de contas ordenadas, ciclos e mexericos, com fardas ou medalhas assentes nos
palanques de uma história que já não há.

E lá vai Catroga, depois de horas a secar, sem pedidos de desculpa, juntar-se a quem disse
que ele disse mentiras. A quanto obrigas, senhor Interesse Nacional! Aconselho a releitura
da “Arte de Furtar”. E não é por acaso que essa obra prima da verdadeira politologia
continua a ser de autor anónimo…

Consta que o Conselho de Estado, em homenagem à cultura, vai ter, como música de fundo, “Os
Bravos”, de Zeca Afonso. Deixo em “comments” a letra protestada!

Acordo…última hora. Já não é preciso accionar o Plano B. E a nova vem antes da
comunicação oficial de Cavaco (Sic)

Presidente aconselhado falou. O que tem de ser tem muita força, mesmo que não seja o dever
ser. Até interromperam o relato do Benfica com o Paços Ferreira, num estádio que já não é
da Luz. Antes de o ser já o era, nesta dislexia verdadeira, sobre a qual alguns se
prenunciaram…

O que tem de ser, não se precisa empurrar. O que tem de ser, será. O que tem de ser feito,
tem de ser feito. O que tem de ser feito, tem de ser bem feito. O que tem de ser, não
precisa empurrar. O que tem de ser nosso, às nossas mãos vem parar. O que tem de ser, será.
O que tem de ser, tem mesmo de ser. O que tem de ser, tem muita força…Meros provérbios da
velha culpa luso-sebastianista, sem regressos de Alcácer…

O regime passa do interregno ao interlúdio da RTP, dos tempos da memória a preto e branco.
Falta a legenda clássica: “pedimos desculpa por esta interrupção, o programa segue dentro
de momentos”.

Quando nosso primeiro anda aos papéis, em pleno Pátio. sem ser dos bichos, apenas convém
saber se é permitido o uso dos telemóveis em pleno Conselho. A não ser que o rascunho venha
por GPS. Mas, pronto! A coisa já nasceu, talvez em cesariana lá das bruxas. Só no reino que
foi de Leopoldo é que o orçamento “belga”. De casa de ferreiro vem sempre espeto de pau…

Out 29

Quando nosso primeiro anda aos papéis

Quando nosso primeiro anda aos papéis, em pleno Pátio. sem ser dos bichos, apenas convém saber se é permitido o uso dos telemóveis em pleno Conselho. A não ser que o rascunho venha por GPS. Mas, pronto! A coisa já nasceu, talvez em cesariana lá das bruxas. Só no reino que foi de Leopoldo é que o orçamento “belga”. De casa de ferreiro vem sempre espeto de pau…

Out 28

FB

Primeiro, Silva Pereira, agora, Sócrates. Já dizem o contrário do que disseram, ou que mandaram dizer, entre o Conselho Europeu e o Conselho de Estado. Afinal não é Chávez que vai comprar a nossa dívida. Talvez ainda não seja a China. Talvez não concedamos o mar territorial e o nosso espaço aéreo a um candidato a membro permanente do Conselho de Segurança…

Revolta-me pertencer a um geração de gente que subiu aos cumes do estadão como os balões impulsionados pelo ar quente dos acasos e que não passam de meras consequências dos
sucessivos paralelogramos de forças…

E lá vem amanhã mais uma sondagem de outra fonte, confirmando a que foi publicitada hoje. Quando Sócrates em Bruxelas refere que apenas é movido pelo “interesse nacional” e não pela popularidade, já a conhecia. Apenas apetece recordar o que Manuel Alegre disse do socratismo: “imagem, sondagem e sacanagem”…

Parabéns à Elsa Peralta e à Marta Anico. De vez em quando há boas notícias. Especialmente quando o mérito tem espaço institucional para ser reconhecido.

Out 28

Sapo Notícias on line

SAPO Notícias: Que diferenças encontra entre o discurso de 2005 e o discurso de ontem?

 

Interessa-me menos o texto e mais o estilo. Menos a racionalidade das palavras e mais a emoção que ele transmite. Sempre foi assim. Cavaco teve três maiorias, duas das quais absolutas, uma vitória esmagadora numas presidenciais, sempre com o mesmo estilo. O estilo “subir a coqueiros”, enérgico, e depois o estilo dramático. O que ele quer transmitir é ser um referencial que segurança e estabilidade.

 

SAPO Notícias: Ainda assim, no discurso de 2006 Cavaco Silva exaltou a cooperação estratégica e ontem deixou alguns recados ao Governo.

 

Estamos numa recandidatura e ele falou “de trono”, porque no fundo os portugueses porque no fundo os portugueses querem um sucedâneo de monarquia. Era muita mais republicano só haver um mandato, 7, 8 anos. Desconfiamos sempre dos primeiros mandatos dos presidentes, porque estão sempre a fazer o jogo para ser reeleitos. Só nesse segundo mandato é que revelam a sua verdadeira face. Veja-se no caso concreto de Mário Soares, quando começou a atacar o governo de Cavaco, antes disso  foi apoiado pelo próprio PSD de Cavaco. Os presidentes que se recandidatam dizem “O meu partido é Portugal”, se estão lá em cima não precisam de outdoor.

 

[Comentário de Nuno ]

Foi um discurso de quem já se considera o próximo Presidente?

 

De quem vai fazer uma campanha acumulando as funções de Presidente. Ele passa a ser Fernando Pessoa, tem um heterónimo candidato e outro Presidente na plenitude até Março. Não pode apagar essa outra parte. Foi um discurso do máximo situacinismo,  nunca houve um candidato tão situacinista como este na República. 10 anos como Primeiro-Ministro, 5 anos como Presidente. Somos a geração Cavaco.

 

[Comentário de Sérgio Oliveira ]

Um grande abraço ao Prof Maltez, um dos melhores professores que tive no ISCSP. O que fica de decisivo e inovador no primeiro mandato de Cavaco Silva?

 

 

Cooperação estratégica do chamado rotativismo. Isto teria começado com o máximo de desejo do Cavaco se o Eduardo Catroga tivesse chegado a acordo com o Teixeira dos Santos em relação ao Orçamento. Por ironia do destino, porque foi Cavaco Silva que ascendeu a líder do PSD acabando com o Bloco Central e é Cavaco quem vai provavelmente restaurar o Bloco Central 25 anos depois.

 

SAPO Notícias: Falou da “geração Cavaco”. Para quem falou ontem Cavaco Silva?

 

 

A política em Portugal é a coisa mais simples do Mundo. Há um milhão de eleitores que não é de esquerda, nem de direita, nem do centro, que ora vota PS ora vota PSD. Esses é que o podem ser reeleito imediatamente. Ele falou para esses. Falou um bocadinho também para aquilo que sempre o levou a ter êxito, para a sociologia de esquerda. Há uma fatia que sempre votou nele. Na anterior candidatura ele passeou-se com um ministro do Partido Comunista, Veiga de Oliveira. Era um ministro do PC nos governos provisórios. Um pouco à semelhança de Mário Soares, que tinha como chefe da casa Militar um monárquico, Carlos Azeredo. Os Portugueses não são de direita nem de esquerda. Veja o João Lobo Antunes, apoiava Jorge Sampaio. Por que é que o Cavaco está nesta posição? Porque o Dr. Jorge Sampaio não se quis candidatar. O Sampaio é respeitado institucionalmente por Cavaco e sente-se no dever moral de respeitar um Presidente que o tratou bem. Não há uma alternatica a Cavaco Silva porque Jorge Sampaio não quer.

 

 Não há nenhum candidato então que possa “fazer frente” a Cavaco Silva?

 

Até agora não houve Manuel Alegre. Está a jogar com os apoios partidários e quase não tem voz. Ele teve o azar de ter uma conjuntura política e económica que, se a tivesse previsto, teria sido outro estilo. Se continuasse a ser o candidato anti-sistema e galgasse o descontentamento, como foi na primeira candidatura, ser o “rebelde”, tinha mais sucessso do que com algumas inutilidades discursivas que anda a badalar. Mas pode renascer e isto pode ser mais interessante.

 

[Comentário de Nuno ]

Qual será a verdadeira face de Cavaco, e que poderá mostrar no segundo mandato?

 

 

Ele quer uma conciliação e um acordo entre os principais partidos. Até porque, mesmo em relação ao PSD, Manuela Ferreira Leite era um “cavaco de saias”. A nova direccção do PSD é outra coisa, já não têm uma espécie de viúva no PSD. O PSD não é contra o Cavaco mas é pós-cavaquista, e portanto ele neste momento não é um homem do partido do PSD. Cresceram os dois. Cavaco Silva sabe perfeitamente que numa situação tão grave como esta é imprensável nós continuarmos sem um governo de maioria absoluta de coligação. Não digo necessariamente um governo de coligação entre PS e PSD. Quem fundou a democracia foram seis governos que incluiam PC, PS, PSD e UMDP. Se estamos mesmo em crise a Assembleia pode gerar este tipo de consenso. Para mim era a solução, que procurava uma maioria social e uma maioria aritmética no Parlamento. É muito difícil um acordo sem os sindicatos ou sem a igreja católica, por exemplo. Nós precisamos de uma maioria além de parlamentar, social.

 

[Comentário de Paulo Silva ]

O Prof. Cavaco Silva começou por anunciar que ia poupar na campanha em respeito pelos tempos difíceis que vivemos. Na sua opinião é uma decisão genuína ou oportunista por saber que todos os portugueses estão preocupados com o cenário de crise e dificuldades?

 

 

Há um país novo e jovem que não está representado. Sá Carneiro tinha 40 anos quando foi líder do PSD. Ramalho Eanes tinha 40. Cavaco tinha menos 25. Em Portugal há um vazio de renovação nas lideranças. Começou a emergir agora com alguns líderes políticos, mas mesmo esses são quarentões. Já que se fala em cotas de género, se calhar devíamos fazer cotas de geração. A geração que não está a ser aproveitada pela sua qualidade no emprego tem a comandá-la uma gerontocracia carcomida. O regime está velho. E ainda temos de ouvir sentenças de tipos com 90 anos.

 

[Comentário de Edu ]

Que influência vai ter a crise actual de Portugal, no resultado das eleições presidenciais, nomeadamente na votação de Cavaco?

 

 

É o aliciante da política democrática, é o imprevisto. Se aparecer alguém que interprete a crise, mas resta saber o que é a crise. Crise é Portugal representar 2% da população europeia. E isto dá uma sensação de desconforto, porque o nosso futuro depende menos dos candidatos presidenciais e muito mais das conversas de corredor do próximo Conselho Europeu. Dos jogos de poder, de uma conversa enre os líderes portugueses e os líderes europeus e convém reparar que o PR nesse domínio tem muito pouca influência. E há hoje uma notícia, o futuro director do FMI para a Europa vai ser António Borges, que era o vice-presidente da Manuela Ferreira Leite.

 

[Comentário de MR Bahamonde ]

O problema de Cavaco Silva é não conseguir transmitir qualquer emoção, já Manuel Alegre é um camaleão das emoções. Qual dos dois agradará mais e transmite mais confiança ao eleitor comum?

 

Também há Fernando Nobre, Francisco Lopes e vamos a ver se o Defensor Moura arranja as 7500 assinaturas. Quando bipolarizamos entre Alegre e Cavaco reparamos que os lobbies na comunicação social que apoiam estas duas forças estão insensivelmente a marginalizar as outras alternativas.  Estão cercadas por uma muralha de silêncio. É um problema de tempo de antena. Ainda ontem se viu que os candidatos além de Alegre e Cavaco são tratados comentadores políticos e não como candidatos. Uns marginais políticos que de vez em quando vêm falar.

 

 

[Comentário de Álvaro Daniel ]

Bom dia Professor e todos os que seguem este debate. A minha dúvida ou questão que gostaria de colocar é a seguinte: Qual é o papel do PR na governação do nosso país actualmente? Perante uma situação económica e social deficitária como a que atravessamos, o que poderá fazer o PR?

O papel dele pode ser de revolucionar se quiser, o situacionismo. Se ele propuser um governo com o apoio dos sindicatos, da igreja, da esquerda e da direita, numa comunicação ao povo, alterou as regras do jogo todas. O PR tanto pode ser um simples representate do paralelograma de forças ou pode arriscar. Coisa que Cavaco Silva não fez nem vai fazer. Portugal precisa de um indisciplinador, e um PR podia sê-lo. Mas ninguém espera isso de Cavaco. O máximo que ele fez foi dizer que a situação portuguesa era insustentável e explosiva, e agora veio dizer que repetiu as palavras de um relatório do Banco de Portugal. Portugal ser presidido por um relatório do Banco de Portugal é pouco ambicioso. Embora tenha havido progresso, não se viu ontem no CBB o Manuel Dias Loureiro.

[Comentário de Guest ]

Caro professor bom dia! O actual PR candidata-se com uma presidencia neutra, nem brilhante nem má, mas com uma presença publica que foi bem melhor que os anos de governação enquanto primeiro ministro. No entanto, sendo ao centro, enfim quase esquerda, muito keynesiana, como é que vê este colar constante, em Portugal, da Direita e do Centro? Joffre Justino

 

Quando Cavaco Silva assumiu a liderança do PSD declarou que era um homem da esquerda moderna. Um reformista, inspirado por Eduard Bernestein. Por ironia do destino, quando José Sócrates assumiu a liderança do PS, declarou ser da esquerda moderna inspirado por Bernestein. Isto é, um e outro mais do mesmo em termos de referências ideológicas. No fundo os dois modelos PS e PSD são meros irmãos inimigos que acreditam no rotativismo e não denunciam o pior vício que estes situacionismos que é o chamado devorismo ou corrupção.

[Comentário de Vitória ]

Na conjuntura actual eu acho que Cavaco Silva é o candidato ideal, e na sua opinião que hipóteses tem Manuel Alegre?

 

 Se o Manuel Alegre se libertar das algemas dos apoios partidários e voltar à criatividade pode ainda constituir uma surpresa. Isto é, se obrigar a uma segunda volta.

SAPO Notícias: Para concluir, que espírito vai marcar os próximos meses?

Portugal está totalmente dependente dos caprichos dos credores,a  velha bóia de salvação que era a Comissão Europeia do Delors ou do Barroso já não manda na Europa e há uma total incerteza quanto aos verdadeiros donos do poder em Portugal. Já não são os banquerios nem os bancários mas o jogo da especulação e dos credores. Só temos uma salvação que é querermos como comunidade ser mesmo independente. Haver uma vontade nacional de resistência gerindo as dependências. Eu dou um exemplo de um país que está a saber fazer isso, que é a Catalunha. Sabe navegar flexivelmente nestas águas e tem tido sucesso. Não tem chefe e funciona como comunidade. É a sociedade civil que funciona, não é o governo nem o Presidente.