Ao contrário do que proclamam os monárquicos institucionalizados, sou capaz de demonstrar, pela hermenêutica simples de um aluno de direito constitucional, que a tal alínea b) do 288º não impede a chefia de Estado de caber a rei, que, de acordo com as leis fundamentais, desde 1385, está obrigado a “forma republicana de governo”, dado que, no não-absolutismo, o rei reina, o povo é que governa.
Não comento o conflito entre as Misericórdias e o Vaticano. Guerras destas estão registadas desde D. Afonso Henriques. Também não advogo o intervencionismo do Estado. Prefiro que o Vaticano e o Estado não entrem em coisas que são do povo, das comunidades, da república. Respeitem a autonomia das pessoas, ainda que pertencentes, pluralmente, ao rebanho do Papa e ao colégio eleitoral da República Portuguesa.
Estou farto de PEC I, PEC II e PEC III. Temo que novo PEC Santo entre num dos orgulhos multisseculares da sociedade civil portuguesa, ainda por cima através de uma sigla que me faz lembrar o velho Corpo Expedicionário Português, o comandado por Gomes da Costa.
Tanto sou contra as nacionalizações revolucionárias, como rejeito as episcopalizações do mesmo género patrimonialista. Se não houver contenção não tardará, como em 1917, que o sindicato em causa promova, como em 1917, a criação de um partido, ou braço político, como o foi o CCP, que tanto deu raia em votos como lançou Salazar como deputado, ao lado de um administrador do banco de Alves dos Reis…
O nosso hierarquismo paternalista tanto levou a que o partido “democrata-cristão” de 1917 nascesse de uma decisão institucional dos bispos, como, depois,l com o mesmo protagonista, levou a que o partido único do regime autoritário nascesse de uma Resolução do Conselho de Ministros. Um lastro que ainda marca o tique centralista e concentracionário da presente partidocracia.
Saramago foi um génio e recebeu justamente o Nobel. Mário Vargas Llosa, também. Saramago era progressista e comunista. Mário Vargas Llosa também não. Até continua liberal. Pelo menos, ficámos a saber que, de vez em quando, os não progressistas, de socialistas a comunistas, também furam o cerco do situacionismo da “intelligentzia” dita literária…
Em defesa da minha primeira escola universitária, a Faculdade de Direito de Coimbra, protesto contra a desconsideração a que foi sujeita a Professora Doutora Anabela Rodrigues. O “curriculum” é totalmente inquestionável por politiqueiros. Basta compulsar. Não a conheço pessoalmente, não me interessam as respectivas opiniões políticas. Mas sei o que é uma instituição como a minha velha casa.