Por cá, muitos burocratas e reformadores de burocratas continuam como os primitivos actuais que vivem do preenchimento dos formulários, entre livros de ponto e fichas de avaliação. Isto é, domina o paradigma construtivista, onde a generalidade e a abstracção confundem os nomes com as coisas nomeadas… Burocrata é estilo Frei Tomás: olha para aquilo que ele diz e não para aquilo que ele faz… Agora até afixam as entrevistas do chefe da quintarola no átrio de entrada… com fotocópia a cores, debaixo da nova sinalética…. Burocrata é sapateiro de Braga: não há moralidade nem comem todos… Comem apenas os que foram da lista dele e que o apoiam entusiasticamente como grande educador dos que querem ser promovidos à custa do trabalho dos outros…. Porque nem todos os animais da mesma espécie podem ser coisas da mesma categoria. Quem nos unidimensionaliza não admite a justiça do mérito! Só há igualdade de oportunidades se houver competição, aquela que permite dar a cada um o que lhe é devido (“suum cuique tribuere”), proibindo que não se lese o outro (“alterum non laedere”) e que a cultura dominante seja a do viver honestamente (“honeste vivere”)… Se continuar a rotina que leva o crime a compensar, vai perpetuar-se o clientelismo, a engenharia da cunha e a subsidiocracia. E os donos do poder continuarão a chamar gestão democrática à mais desdentada das gerontocracias e ao mais arbitrário do despotismo de todos… mesmo que previamente tenham investidos em números dois do PSD em tempo de mandar PS, ou vice-versa. Quando só a cobardia falar e o carreirismo for regra, apenas se confirmará como as instituições perderam a espinha da ideia de obra, não gerando a comunidade das coisas que se amam e transformando as normas naquilo que os principais dizem ao sabor dos ventos, estando dispensados das que impõem aos outros. Ditadura, nunca mais! Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Quem diz isto é maluco e deve ser processado…
Monthly Archives: Abril 2010
Doze pedaços, para discurso de homem revoltado!
Passos foi a São Bento, Sócrates a Belém, todos reconheceram o óbvio da turbulência e celebraram o medo dos mercados. Chamaram-lhe ataque dos especuladores ao euro. Na prática, a teoria continua a ser outra e quem se lixa é sempre o mexilhão do povo. Os banqueiros bem avisaram, os políticos bem equivocaram, os burocratas bem executaram…
Os partidos lavam as mãos como Pilatos. E a culpa continua a morrer solteira. O malandro é o monstro capitalista e a consequente falta de regulação da geofinança. Até Louçã corre o risco de ser nomeado supremo inquisidor da futura ASAE da União Europeia, que o Constâncio já subiu, Guterres já voltou ao picareta falante e Freitas com Soares vão articulando, como sermão de ex-ministros de Salazar sobre a teoria da democracia….
Soares já elogia Passos Coelho, mas ainda não lhe chama Obama. Quase todos continuam a tapar o sol com a peneira do propagandismo… Não tarda que Ricardo Salgado se junte a Jota Berardo em missa pontifical.
Só nos safaremos deste encurtar da rédea ao “rating” da república, se tal também acontecer ao da monarquia espanhola. Para que os grandes da Europa desapertem os cordões à bolsa, assumindo que os PIGS fazem parte do mesmo clube…
Por cá, muitos burocratas e reformadores de burocratas continuam como os primitivos actuais que vivem do preenchimento dos formulários, entre livros de ponto e fichas de avaliação. Isto é, domina o paradigma construtivista, onde a generalidade e a abstracção confundem os nomes com as coisas nomeadas…
Burocrata é estilo Frei Tomás: olha para aquilo que ele diz e não para aquilo que ele faz… Agora até afixam as entrevistas do chefe da quintarola no átrio de entrada… com fotocópia a cores, debaixo da nova sinalética….
Burocrata é sapateiro de Braga: não há moralidade nem comem todos… Comem apenas os que foram da lista dele e que o apoiam entusiasticamente como grande educador dos que querem ser promovidos à custa do trabalho dos outros….
Porque nem todos os animais da mesma espécie podem ser coisas da mesma categoria. Quem nos unidimensionaliza não admite a justiça do mérito!
Só há igualdade de oportunidades se houver competição, aquela que permite dar a cada um o que lhe é devido (“suum cuique tribuere”), proibindo que não se lese o outro (“alterum non laedere”) e que a cultura dominante seja a do viver honestamente (“honeste vivere”)…
Se continuar a rotina que leva o crime a compensar, vai perpetuar-se o clientelismo, a engenharia da cunha e a subsidiocracia. E os donos do poder continuarão a chamar gestão democrática à mais desdentada das gerontocracias e ao mais arbitrário do despotismo de todos… mesmo que previamente tenham investidos em números dois do PSD em tempo de mandar PS, ou vice-versa.
Quando só a cobardia falar e o carreirismo for regra, apenas se confirmará como as instituições perderam a espinha da ideia de obra, não gerando a comunidade das coisas que se amam e transformando as normas naquilo que os principais dizem ao sabor dos ventos, estando dispensados das que impõem aos outros.
Ditadura, nunca mais! Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Quem diz isto é maluco e deve ser processado…
O neofeudalismo das companhias de economia mística que nos vão corroendo a democracia…
Hoje não há comissão parlamentar de inquérito, devido à greve dos funcionários de São Bento e ao medo da administração da entidade mostrar a verdade ao país. Mas ontem a democratíssima e representatívissima comissão permitiu-nos fazer uma viagem pelo neopombalismo das companhias de economia mística, essas entidades a que alguns dão o nome de empresas e por circulam sujeitos nomeados pelos favores e compadrios do clientelismo banco-burocrático. Os tais que, feitos gestores, utilizam tais molduras como brinquedos com que vão gastando o dinheiro que não é deles, como almoçaradas de trabalhos, carros de alta cilindrada, antes de serem ou depois de serem membros da alta governança do estadão. E assim vamos nacionalizando os prejuízos e privatizando os lucros das forças vivas que vão manipulando a vaidade de uma fauna daquele Bloco Centraleiro que pouco se importa com ganhos ou gastos. Basta-lhes um contratozinho onde acautelem indemnizações por despedimento, mesmo que seja por justa causa, recebendo ampla protecção da consultadoria e dos grandes escritórios da advocacia e das avenças, nessa federação de colegas que nos continua a pesar no lombo. E é em torno destas falsas luminárias que continua a gravitar certa comunicação social e certo comentarismo opinativo, dados à encomendação. Só quando os interesses da oligarquia accionista, dos velhos e novos ricos, perceberem que correm risco é que esses escudos invisíveis dos favores poilitiqueiros e plutocráticos poderão começar a estilhaçar. Por enquanto ainda persistem os cânticos celestiais sobre o “rating” e a dívida, a ditadura da incompetência continuará a amargurar-nos, com estes bonzos instalados nos vários lemes destas grandes e pequenas governanças, entre o ministerialismo e o micro-autoritarismo sub-estatal. O neofeudalismo patrimonialista que vai corroendo a legitimidade racional-normativa já não cumpre a ideia de Estado de Direito. Espero q ue antes de se agravarem os sinais de bancarrota tenhamos a coragem de demonstrar a existência de uma grandiosa estátua de calhaus com os pés fragmentados pela poeira dos pequenos interesses dos sucessivos incompetentes devoristas…
O neofeudalismo das companhias de economia mística que nos vão corroendo a democracia…
Hoje não há comissão parlamentar de inquérito, devido à greve dos funcionários de São Bento e ao medo da administração da entidade mostrar a verdade ao país. Mas ontem a democratíssima e representatívissima comissão permitiu-nos fazer uma viagem pelo neopombalismo das companhias de economia mística, essas entidades a que alguns dão o nome de empresas e por circulam sujeitos nomeados pelos favores e compadrios do clientelismo banco-burocrático.
Os tais que, feitos gestores, utilizam tais molduras como brinquedos com que vão gastando o dinheiro que não é deles, como almoçaradas de trabalhos, carros de alta cilindrada, antes de serem ou depois de serem membros da alta governança do estadão.
E assim vamos nacionalizando os prejuízos e privatizando os lucros das forças vivas que vão manipulando a vaidade de uma fauna daquele bloco centraleiro que pouco se importa com ganhos ou gastos. Basta-lhes um contratozinho onde acautelem indemnizações por despedimento, mesmo que seja por justa causa, recebendo ampla protecção da consultadoria e dos grandes escritórios da advocacia e das avenças, nessa federação de colegas que nos continua a pesar no lombo. E é em torno destas falsas luminárias que continua a gravitar certa comunicação social e certo comentarismo opinativo, dados à encomendação.
Só quando os interesses da oligarquia accionista, dos velhos e novos ricos, perceberem que correm risco é que esses escudos invisíveis dos favores poilitiqueiros e plutocráticos poderão começar a estilhaçar. Por enquanto ainda persistem os cânticos celestiais sobre o “rating” e a dívida, a ditadura da incompetência continuará a amargurar-nos, com estes bonzos instalados nos vários lemes destas grandes e pequenas governanças, entre o ministerialismo e o micro-autoritarismo sub-estatal.
O neofeudalismo patrimonialista que vai corroendo a legitimidade racional-normativa já não cumpre a ideia de Estado de Direito. Espero q ue antes de se agravarem os sinais de bancarrota tenhamos a coragem de demonstrar a existência de uma grandiosa estátua de calhaus com os pés fragmentados pela poeira dos pequenos interesses dos sucessivos incompetentes devoristas…
Valia mais sermos pigmeus, mas ascendendo à cabeça dos gigantes
Quem andou pelas festas de Sant Jordi, com uma rosa contra o dragão e a descobrir a origem das riscas blaugranas, teve que reforçar a mística liberal e a fraternidade peninsular. Foi uma bela jornada de trabalho, sobretudo na Biblioteca Arús, nessa terra de boa gente que é Barcelona, mas que me impedir ir à jantarada do Albergue… Regresso e confirmo: só tipos de sete línguas e gatos de sete vidas é que se safam nesta encruzilhada. Para além do parlamentarês, do judicialês, do economês. do educacionalês, do medicalês, do engenheirialês e do padrecofilês, temos de levar marretadas frequentes do “paga primeiro, protesta depois”, em multas, taxas, impostos, côngruas e gorjas…É tudo uma questão de fluxo de tesouraria… Com efeito, as parangonas lusitanas estão cheias de árvores queimadas, ramos de árvore, folhinhas, ramículos, borradelas de pássaro e outras questiúnculas das guerrazinhas de homenzinhos… Ate já se glosa um António Martins! Prefiro continuar pigmeu, mas subindo à cabeça do gigante adormecido Tenho a impressão que o parlamento, mesmo sem maioria absoluta, começa a enredar-se em truques de regimentalismo de certa metalinguagem que o afasta das angústias e das esperanças do homem comum. Porque o óbvio demora sessões e sessões a passar pelo filtro retórico do parlamentarês… Agora são os comboios, dentro de dias, os camionistas, para que todos andemos de papamóvel, mas não consta que o governo, em sinal de tolerância, esteja disposto a oferecer um preservativo em forma de filigrana, da autoria de Joana Vasconcelos, a Sua Santidade. A Câmara de Lisboa prefere manter, no alto do Eduardo VII o projecto da catedral de Santo Antoninho… Novidades do “day after”, apenas a criação de altos tribunais em Santarém para a concorrência e a propriedade industrial, dentro da feira nacional de agricultura, a mudança do parlamento para o Porto, onde não há “lock out”, e a instalação da Liga de Futebol Profissional em Campo Maior… Queríamos saber se Ele sabia. Mas toda a gente sabe que ele, quando é Ele, já não pode saber, embora soubesse o que toda a gente sabia. A teoria da conspiração sempre à procura de uma casca de banana que possa fazer parangona… Ele é quem É. Por enquanto, apenas… Porque Vara, conforme o previsto, foi festival de retórica, típico dos registos contidos dos políticos de rabo pelado. Brincou ao gato e ao rato sobre a verdade e a mentira, apesar da metalinguagem de Pacheco, nunca quebrou o “não tenho ideia disso… pode perguntar-me cem vezes que eu digo sempre o mesmo”. Nada a acrescentar… Nesta teatrocracia sem emoção nem a audição de Manela aqueceu as almas, porque, afinal, nem ela tinha alguma coisa para dizer. Só Vitalino tentou que ela desvendasse segredos de alcova no tempo do governo dos afonsinos. Estamos condenados ao afunilamento e mandam os que não se assumem como pigmeus que podem ascender à cabeça dos gigantes para verem mais além. Os que mandam são daquela espécie que é capaz de matar o pai, a mãe, os irmãos e os filhos, para obterem um naquito de poder e honrarias, na sua insaciável sede de protagonismo. Somos dominados por psicopatas sentenciadores que, como cadáveres adiados, vão emprenhando de ouvida e reproduzindo os ódios que lhes transmitem os fiéis e aduladores. Enquanto persistir esta vaidade predadora dos eucaliptos semoventes, a democracia continuará enredada pelas teias da conspiração dos gerontes que pensam deter o monopólio da cultura política e do bom-senso, reproduzindo o esquemático do sebenteiro de uma banal engenharia de conceitos que apenas disfarça os sucessivos plágios de muitas modas que passam de moda. E o crime tem compensado…
Valia mais sermos pigmeus, mas ascendendo à cabeça dos gigantes
Quem andou pelas festas de Sant Jordi, com uma rosa contra o dragão e a descobrir a origem das riscas blaugranas, teve que reforçar a mística liberal e a fraternidade peninsular. Foi uma bela jornada de trabalho, sobretudo na Biblioteca Arús, nessa terra de boa gente que é Barcelona, mas que me impedir ir à jantarada do Albergue…
Regresso e confirmo: só tipos de sete línguas e gatos de sete vidas é que se safam nesta encruzilhada. Para além do parlamentarês, do judicialês, do economês. do educacionalês, do medicalês, do engenheirialês e do padrecofilês, temos de levar marretadas frequentes do “paga primeiro, protesta depois”, em multas, taxas, impostos, côngruas e gorjas…É tudo uma questão de fluxo de tesouraria…
Com efeito, as parangonas lusitanas estão cheias de árvores queimadas, ramos de árvore, folhinhas, ramículos, borradelas de pássaro e outras questiúnculas das guerrazinhas de homenzinhos… Ate já se glosa um António Martins! Prefiro continuar pigmeu, mas subindo à cabeça do gigante adormecido
Tenho a impressão que o parlamento, mesmo sem maioria absoluta, começa a enredar-se em truques de regimentalismo de certa metalinguagem que o afasta das angústias e das esperanças do homem comum. Porque o óbvio demora sessões e sessões a passar pelo filtro retórico do parlamentarês…
Agora são os comboios, dentro de dias, os camionistas, para que todos andemos de papamóvel, mas não consta que o governo, em sinal de tolerância, esteja disposto a oferecer um preservativo em forma de filigrana, da autoria de Joana Vasconcelos, a Sua Santidade. A Câmara de Lisboa prefere manter, no alto do Eduardo VII o projecto da catedral de Santo Antoninho…
Novidades do “day after”, apenas a criação de altos tribunais em Santarém para a concorrência e a propriedade industrial, dentro da feira nacional de agricultura, a mudança do parlamento para o Porto, onde não há “lock out”, e a instalação da Liga de Futebol Profissional em Campo Maior…
Queríamos saber se Ele sabia. Mas toda a gente sabe que ele, quando é Ele, já não pode saber, embora soubesse o que toda a gente sabia. A teoria da conspiração sempre à procura de uma casca de banana que possa fazer parangona… Ele é quem É. Por enquanto, apenas…
Porque Vara, conforme o previsto, foi festival de retórica, típico dos registos contidos dos políticos de rabo pelado. Brincou ao gato e ao rato sobre a verdade e a mentira, apesar da metalinguagem de Pacheco, nunca quebrou o “não tenho ideia disso… pode perguntar-me cem vezes que eu digo sempre o mesmo”. Nada a acrescentar…
Nesta teatrocracia sem emoção nem a audição de Manela aqueceu as almas, porque, afinal, nem ela tinha alguma coisa para dizer. Só Vitalino tentou que ela desvendasse segredos de alcova no tempo do governo dos afonsinos. Estamos condenados ao afunilamento e mandam os que não se assumem como pigmeus que podem ascender à cabeça dos gigantes para verem mais além. Os que mandam são daquela espécie que é capaz de matar o pai, a mãe, os irmãos e os filhos, para obterem um naquito de poder e honrarias, na sua insaciável sede de protagonismo. Somos dominados por psicopatas sentenciadores que, como cadáveres adiados, vão emprenhando de ouvida e reproduzindo os ódios que lhes transmitem os fiéis e aduladores.
Enquanto persistir esta vaidade predadora dos eucaliptos semoventes, a democracia continuará enredada pelas teias da conspiração dos gerontes que pensam deter o monopólio da cultura política e do bom-senso, reproduzindo o esquemático do sebenteiro de uma banal engenharia de conceitos que apenas disfarça os sucessivos plágios de muitas modas que passam de moda. E o crime tem compensado…
Discursos que Abril abrigou em dia de anúncio do “lock out” parlamentar
Hoje, voltou a ser o dia de São Discurso. Foram discursos dos mais discursos, para os chamados “VIPs” de Abril, como ouvi de um manifestante da classe das “massas” numa reportagem da SIC, sobre o desfile dos aposentados diante do Hotel Vitória. Gama, o chefe dos nossos números dois, não comentou a greve dos funcionários parlamentares da próxima quarta-feira. Apenas terá sido dito que ela será tão significativa que a conferência dos líderes partidocráticos decidiu que, nesse dia, não haverá parlamento, mas “lock out”…
Presidente, mesmo presidente, o que não é secundário nem emplastro, mas o principal do regime em recandidatura, fez bela saudação ao mar e à criatividade, em nome da política do transporte, contra a política da fixação, a dos velhos do Restelo. Faltou-lhe apenas a autenticidade de pedir perdão ao povo pelo cavaquismo governamental do betão, e do consequente neofontismo do endividamento para as gerações seguintes…
Aguiar-Branco foi o indiciplinador, à boa maneira da burguesia tripeira que tem o seu paradigma futebolítico em Pinto da Costa. Mas o discurso foi soberbo, segundo a boa tradição do PPD desencavaquistado… Bastava ver as carinhas larocas de bloqueiros e comunistas, quando o detentor do hífen citava Lenine e Rosa Luxemburgo… E o espectáculo do advogado portuense teve até mais tempo de antena que os outros desfiles com rolos compressores de espuma, com Sérgio Sousa Pinto na primeira fila dos bonzos e Nobre a intrometer-se, com Paulo Borges a ajudar.
João Soares teria tido um belo discurso caso não tivesse havido essa concorrência e caso não caísse no facilitismo da banalização. Ficou um testemunho geracional e uma não-hipócrita homenagem ao pai e ao avô! O Soeiro das ocupações não manifestou saudade pela Reforma Agrária e Fernando Rosas, que até faltou a um colóquio de estudantes há dias, a que tinha prometido comparecer, com tanto mais do mesmo nem sequer conseguiu ascender a nota pé-de-página do dia. Aliás, a puridade do bispo parlamentar dos tele-evangelistas, depois de, noutro dia, ter esboçado censura neo-eclesiástica a Sócrates, veio agora dizer que o Presidente não tem competência para discursar sobre políticas públicas, assim confirmando o conceito corrente de liberdade condicionada pelas benzeduras dos preconceitos de esquerda catolaica…
Jerónimo confirmou que quem cita Lenine fora do centralismo democrático só pratica citações esotéricas. Exotéricos só há uns, os da unicidade e mais nenhuns. Mas Lenine, que era do PSD russo, tal como Marx, do PSD alemão, bem podem alinhar no “catch all” do nosso laranjismo…
Portas devia ter mandado Paulo Portas pró discurso, porque nem sequer consegui fixar o nome do madeirense incumbido da gesta vocabular. Hoje, a coisa não era para jogos florais e fotografia de cravo na lapela. Era na véspera da tal greve parlamentar que os parlamentares tentaram driblar, assim demonstrando como admitem o sagrado direito à greve em seu palácio…
Discursos que Abril abrigou em dia de anúncio do “lock out” parlamentar
Hoje, voltou a ser o dia de São Discurso. Foram discursos dos mais discursos, para os chamados “VIPs” de Abril, como ouvi de um manifestante da classe das “massas” numa reportagem da SIC, sobre o desfile dos aposentados diante do Hotel Vitória. Gama, o chefe dos nossos números dois, não comentou a greve dos funcionários parlamentares da próxima quarta-feira. Apenas terá sido dito que ela será tão significativa que a conferência dos líderes partidocráticos decidiu que, nesse dia, não haverá parlamento, mas “lock out”…
Presidente, mesmo presidente, o que não é secundário nem emplastro, mas o principal do regime em recandidatura, fez bela saudação ao mar e à criatividade, em nome da política do transporte, contra a política da fixação, a dos velhos do Restelo. Faltou-lhe apenas a autenticidade de pedir perdão ao povo pelo cavaquismo governamental do betão, e do consequente neofontismo do endividamento para as gerações seguintes…
Aguiar-Branco foi o indiciplinador, à boa maneira da burguesia tripeira que tem o seu paradigma futebolítico em Pinto da Costa. Mas o discurso foi soberbo, segundo a boa tradição do PPD desencavaquistado… Bastava ver as carinhas larocas de bloqueiros e comunistas, quando o detentor do hífen citava Lenine e Rosa Luxemburgo… E o espectáculo do advogado portuense teve até mais tempo de antena que os outros desfiles com rolos compressores de espuma, com Sérgio Sousa Pinto na primeira fila dos bonzos e Nobre a intrometer-se, com Paulo Borges a ajudar.
João Soares teria tido um belo discurso caso não tivesse havido essa concorrência e caso não caísse no facilitismo da banalização. Ficou um testemunho geracional e uma não-hipócrita homenagem ao pai e ao avô! O Soeiro das ocupações não manifestou saudade pela Reforma Agrária e Fernando Rosas, que até faltou a um colóquio de estudantes há dias, a que tinha prometido comparecer, com tanto mais do mesmo nem sequer conseguiu ascender a nota pé-de-página do dia. Aliás, a puridade do bispo parlamentar dos tele-evangelistas, depois de, noutro dia, ter esboçado censura neo-eclesiástica a Sócrates, veio agora dizer que o Presidente não tem competência para discursar sobre políticas públicas, assim confirmando o conceito corrente de liberdade condicionada pelas benzeduras dos preconceitos de esquerda catolaica…
Jerónimo confirmou que quem cita Lenine fora do centralismo democrático só pratica citações esotéricas. Exotéricos só há uns, os da unicidade e mais nenhuns. Mas Lenine, que era do PSD russo, tal como Marx, do PSD alemão, bem podem alinhar no “catch all” do nosso laranjismo…
Portas devia ter mandado Paulo Portas pró discurso, porque nem sequer consegui fixar o nome do madeirense incumbido da gesta vocabular. Hoje, a coisa não era para jogos florais e fotografia de cravo na lapela. Era na véspera da tal greve parlamentar que os parlamentares tentaram driblar, assim demonstrando como admitem o sagrado direito à greve em seu palácio…
Um imenso império colonial…
Adoraria que Cabo Verde fizesse parte de uma república maior, em que também participassem o Brasil e a república dos portugueses que restam. Sonho que, um dia, com Angola, esse seja, mais um passo para a super-nação futura, a do velho triângulo estratégico do Atlântico Sul que el-rei D. Sebastião tentou concretizar sem adequada táctica e consequentes serviços secretos (não reparou que os huguenotes franceses e os anglicanos estavam por trás da facção marroquina que o derrotou em Alcácer-Quibir….). Por isso agradeço que Cabo Verde se tenha tornado independente, para parafrasear o presidente António José de Almeida em 1922, por ocasião do primeiro centenário do acto de D. Pedro IV! De acrescentar que António José teve uma avaria no navio que o levava a atravessar o Atlântico e não conseguiu chegar ao Brasil a tempo. Estávamos num tempo daquelas crises financeiras que são os nossos normais anormais e só um desenrascado como era o ilustre republicano liberal conseguiu transformar essa vulnerabilidade numa potencialidade ainda citável… Cabo Verde, um povo africano com cinco séculos de nação, ao tornar-se independente, livrou-se, pelo menos, de ter de aturar certa gerontocracia de algum capitaleirismo lusitano de ausentes-presentes. Há encruzilhadas da história onde os Ipirangas são necessários. Sobretudo quando o velho centro perde a lucidez de ter saudades de futuro. A estrutura política dos portugueses europeus tem sido sucessivamente reinventada e refundada. O velho Portugal devia, aliás, ter mudado de nome em 1822, tal como em 1975 se encerrou o ciclo do último passo imperial, o da geração de Mouzinho e do imperialismo republicano que nos levou à Grande Guerra e, finalmente, à guerra colonial. Somos herdeiros de todos os ciclos imperiais da nossa história. O primeiro, foi o marroquino, entre a conquista de Ceuta e o abandono de Mazagão. O segundo, foi o do Oriente que, simbolicamente, terminou em 18 de Dezembro de 1961, mas ainda permaneceu em Timor e Macau. O terceiro foi o do Brasil, até 1822. O quarto e último foi o africano, o desencadeado nos últimos anos do século XIX… A chamada descolonização exemplar, ainda gerou uma foram anti-imperial de procura do além: a integração europeia, desencadeada a partir das memórias da emigração dos anos de 1960, na geração da mala de cartão. Só agora começamos a regressar à Lusitânia e à frustração dos Habsburgos. Mas não há 1640 no horizonte, porque a principal consequência do 1º de Dezembro foi a construção do Brasil! Por outras palavras, só poderemos superar a frustração imperial pelo sonho do abraço armilar. Mas ainda faltam algumas décadas para inventariarmos as nossas memórias das várias sementes lançadas pelo Portugal Universal, decepando o neocolonialismo pretensamente anticolonialista que ainda nos amargura… PS: O célebre cartaz de propaganda é da autoria do inspector superior colonial Henrique Galvão, o mais anti-salazarista de todos os anti-salazaristas, mas delineado quando ainda ele era salazarista, coisa que o deixou de ser quando teve a coragem de, na própria Assembleia Nacional, apresentar um relatório sobre o trabalho forçado que logo o jornal clandestino do PCP, o “Avante”, editou…
A democracia pode ser usurpada pela partidocracia…
A democracia pode ser usurpada pela partidocracia, uma gangrena do Estado (Caboara), e tal sistema enredar o regime, especialmente quando somos marcados pelo abuso de posição dominante dos representantes das principais multinacionais partidárias da Europa… Se, com a vitória da AD, a partir de 1980, encerrámos o fatalismo do partido-sistema da I República, quando Soares e o PS sonhavam com a mexicanização do partido revolucionário institucional, clamando pela TINA (“there is no alternative”), mantivemos, contudo, o atavismo de certo rotativismo devorista da monarquia liberal… E rotativismo, alimentado pelo patrimonialismo das forças vivas, pode levar a que as decadências dos crepúsculos durem uma ou duas décadas, dando a ilusão aos comandantes da alternância que mão serão coveiros do regime… Mas o novo discurso instaurado, se falhar pela falta de autenticidade, pode não propagar o estilo ao PS. Deste modo, apenas ficaremos condenados à democracia por razões geopolíticas, sofrendo os efeitos de a maioria dos factores de poder já não ser doméstica, ou intra-nacional… O português comum não assume a utopia como sítio sem lugar e sem tempo. Prefere o Canto IX d’ “Os Lusíadas” ou uma casa tipo “maison”, na santa terrinha. Por isso, é um “sonhador activo” e está farto de “traduções em calão” de democracias exógenas… Importa que a partidocracia compreenda que há um povo com fome de causas e uma pulsão para a solidariedade. Faltam é engenheiros de sonhos que nos mobilizem e assumam as nossas visões de paraíso bem terráqueas, da procura, no aqui e agora, da beatitude celeste, como Sérgio Buarque de Hollanda caracterizou o “português à solta”..