Portugal sempre sofreu os balanços da balança da Europa e da balança do mundo, a não ser quando entendeu o mundo como armilar e tratou de ver mais alto, sem recorrer às lentes de contacto das pretensas classes altas dos estoris e das fozes do douro, com os distintos intelectuários que as mesmas vão mobilizando para a respectiva sociedade de Corte, onde já não há trono nem altar, mas tacho banco-burocrático, com alguns traseiros judiciais expostos em pouco sossego e esperança num convite para a próxima tomada de posse do futuro inquilino do palácio de Belém. Como professor e, logo, membro do antigo clero não eclesiástico, reparo como as boas coisas desta sociedade de ordens, que eram as práticas do princípio da igualdade de oportunidades entre o clero universitário e eclesiástico e a nobreza funcional dos militares, acabam por ser subvertidas pelo regresso dos filhos de algo, dos herdados e dos prendados, neste declive decadentista que tende para a inevitável e horrorosa revolta do povo contra os ricos, naquilo que sempre foram as revoluções, quando estas não conseguem ser domadas por uma qualquer personalização do poder e a inevitável esperança numa constipação mal tratada ou na queda do ditador em qualquer cadeira. Se os estados gerais não funcionarem a bastilha é inevitável.