Uma estratégia sem táctica

UMA ESTRATÉGIA SEM TÁCTICA

 

por José Adelino Maltez

 

Obedecendo aos velhos modelos dos manuais de “planejamento estratégico” do neopositivismo tecnocrático pintados de keynesianismo, o presente programa de governo revela como continuam em vigor aqueles modelos mentais que confundem as boas intenções com as inevitáveis frustrações do inferno das realizações. Preferindo a generalidade e abstracção dos conceitos indeterminados e das cláusulas  gerais, sem indicação de tácticas mobilizadoras, eis o caixilho de uma ideologia eleitoralista, que é directamente proporcional à existência de cerca de 4 887 cursos do actual ensino superior público. Abundam as folhas, os ramos e as árvores, mas falta o todo da floresta. Porque, parafraseando uma promessa não cumprida da líder do PSD, bastaria uma simples folha de A4 para se estabelecer o norte desta governança sem governo, em ritmo de pilotagem automática. Nem se reconhece que a nossa capacidade de transformação do quotidiano é cada vez mais uma gestão de dependências e de navegação pela interdependência. Logo, o que falta em flexibilização é em retórica, muito sintético-compendiário, onde se pensa que são os programas que fazem a história, quando importava pilotagem do futuro e preparação para a mudança, sem o peso das jangadas de pedra que estão em contraciclo com os modelos dominantes do nosso espaço geopolítico e geo-económico .

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