Mai 21

Lá vem a nau catrineta, que não tem nada para contar…a não ser delírios em noite que cheira a Verão

Passos Coelho entrevistadeu-se. Muito simpático, muito bom aluno, muito cordato, procurando o círculo dentro do quadrado, o quadrado no círculo, circulando, quadradizando… Apenas confirmou que há Bruxelas e que, por enquanto, nada de crise política, nada de eleições, só boa fé e os relatórios mensais e trimestrais da UTAO, essa entidade mágica que é o que é, e não tem tempo para ser reforçada, a não ser que peça mais um relatório ao Banco de Portugal, que é tão ou mais independente e que já nisso deu raia… As notícias continuam a explodir, revelando uma turbulência de quase “out of control”. A nau do Estado pode ter timoneiros e candidatos rotativos ao posto, mas não sei se já tem leme. Até o GPS, que permitia a pilotagem automática da governança sem governo, parece avariado e tem de fazer “upload” directamente nas Caves da Barroseira… Há nuvens de cinza arrastadas do além que não nos deixam navegar à vista da costa, a dos mouros, e, no mastro real, os gajeiros do costume já não são tão porreiros. A nau catrineta já não tem muito que contar…

Mai 21

A teoria do escorpião, ou o gajo porreiro vestido de animal feroz…

Entre academias do bacalhau e dos pastéis de nata, nunca tantas foram as mesas de comensais e os estreitos círculos de comadres e compadres que, a si mesmos, se consideram como detentores do monopólio da inteligência pátria, a tal que eles reduzem à comenda e à honraria de lata… Nunca tão poucos acumularam tantos altares, para nos comerem a papa, violando as massas com a vaidade e a inveja que os guindaram a papadores. Mas um país intelectualmente unânime numa reverência feudal já não será país, continuará gado engordado a caminho do talho da história… Entre os presidentes de junta em funções, que dão nome a estádio, conselhos superiores que fazem estátuas, toponímia, comendas e quadros a óleo, a decadência pensa que se perpetua neste barroco dos papa-reformas e tachos, acumulando em vida, aquilo que que a lei da história nem em notas de pé-de-página registará. Aqui, Roma paga aos traidores! Às vezes, o escorpião acaba por morrer com o seu próprio veneno…

Mai 21

A teoria do escorpião, ou o gajo porreiro vestido de animal feroz…

As trapalhadas do PS em matérias de comunicação social são típicas de certa mania das grandezas, desde quando os soarismo perdeu a humildade do jornal “República” e o sentido libertacionista de Raul Rego, enveredando pelos macaísmos das Emaudios…

Se calhar, os materiais provenientes da comarca do Baixo Vouga têm a dimensão delirante, típica dos meandros imaginados por Rui Mateus, mesmo que eles revelem o óbvio da tradição soarenta, ainda que disfarçada de de zapaterização

O PS sempre sonhou em ter o seu Balsemão. Até Monjardino chegou a receber de D. José Policarpo o legado da sonhada Televisão da Igreja (TVI), onde Roberto Carneiro e Zé Ribeiro e Castro deram a inevitável raia… depois do cavaquismo tentar a solução salomónica que afectou Daniel, de novo na ribalta, fazendo jus ao que Francisco Sá Carneiro dele disse em directo, no governo de Mota Pinto.

Infelizmente para o pluralismo, o PS nem sequer conseguiu ter hoje uma espécie de “A Luta”, dado que muitas defesas do situacionismo se confundem com as tolices salazarentas dos editoriais do “Diário da Manhã”, do “Novidades” e de “A Voz”. E a tentação de PS, bem como de PSD, controlarem as grelhas dos telejornais da RTP já pertence ao anedotário nacional…

Até nem é por acaso que o cargo de secretário de estado da comunicação social ia queimando para sempre um tipo liberdadeiro como Manuel Alegre, obrigado que foi a manchar o seu nome histórico com o encerramento do glorioso jornal “O Século” e de revistas como a “Vida Mundial”…

O único controleirismo que tem algum êxito, falhadas as tentativas do PS e da Igreja Católica de não cumprirem a respectiva natureza, talvez esteja no modelo madeirense de Alberto João…

Restam as antigas homilias de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Vitorino, embora Marcelo tenha o jornalismo na massa do sangue e não precise de pacto feudal para ter luz própria, como, certamente, o continuará a demonstrar…

E quando alguns denunciam o “Prós e Contras” como agente do governamentalismo vigente, estão a ser injustos para a equipa de Fátima Campos Ferreira, porque seria absurdo colocá-la no lado inverso do programa “Plano Inclinado” de Mário Crespo e Medina Carreira. Pior: seria mais injusto para esta última novidade televisiva.

Para se ter algum êxito com duração, é preciso o equilíbrio que sempre conseguiu manter a Rádio Renascença, combinando doutrina com liberdade de informação, editorial com jornalismo profissional e até história de martírio com apoio popular à libertação, com o PS histórico na linha da frente da resistência…

A patente falta de autenticidade do discurso de certo situacionismo, que até faz naufragar vozes de grande qualidade, que têm tido a honradez de não traírem as respectivas opções e concepções do mundo e da vida, como, por exemplo, Emídio Rangel, tem levado a um exagero de teorias da conspiração…

Por isso, louvo os dois deputados em roda livre que ontem saltaram para as parangonas, como esse grande senhor que é Mota Amaral e o mestre Pacheco Pereira, dado que ninguém que os conheça e compreenda pode reduzi-los à dimensão de vozes de um qualquer dono…

Não vamos é aproveitar uma comissão de inquérito para não enfrentarmos o problema maior, o da crise da administração da justiça em nome do povo, só porque os magistrados de Aveiro cumpriram a sua missão e encravaram um sistema bloqueado por personalizações do poder…

Entre academias do bacalhau e dos pastéis de nata, nunca tantas foram as mesas de comensais e os estreitos círculos de comadres e compadres que, a si mesmos, se consideram como detentores do monopólio da inteligência pátria, a tal que eles reduzem à comenda e à honraria de lata…

Nunca tão poucos acumularam tantos altares, para nos comerem a papa, violando as massas com a vaidade e a inveja que os guindaram a papadores. Mas um país intelectualmente unânime numa reverência feudal já não será país, continuará gado engordado a caminho do talho da história…

Entre os presidentes de junta em funções, que dão nome a estádio, conselhos superiores que fazem estátutas, toponímia, comendas e quadros a óleo, a decadência pensa que se perpetua neste barroco dos papa-reformas e tachos, acumulando em vida, aquilo que que a lei da história nem em notas de pé-de-página registará. Aqui, Roma paga aos traidores!

Às vezes, o escorpião acaba por morrer com o seu próprio veneno…