O meu 5 de Outubro em farpas emotivas contra o situacionismo, aqui em retrato

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Machado Santos, com os homens e mulheres da Rotunda, os heróis de Naulila e os soldados das trincheiras quase mereciam que o Gomes da Costa irrompesse pela Praça do Município com heróis do mar e nobre povo e, em nome da autenticidade, acabasse com a palhaçada do “apparat” deste estadão.

 

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Que saudades temos da austeridade do primeiro chefe do governo provisório da república, Teófilo Braga, dito “o guardador de patos”, que ia para o palácio de Belém no eléctrico da Carris. Basta comparar com a frota automóvel mobilizada por esta classe política para aparecer na televisão…

 

3

Reparo que nem lá falta o “Passarão”, um dos altos hierarcas do situacionismo, que eu sempre conheci fiel e repetidor do papá, ilustre deputado da União Nacional. Acabei de o ver, de mão dada com outro sempre-em-pé, antigo elogiador palavroso de Caetano pelos jornais de então. República sem “adesivos” e “viracasacas” não podia ter cem anos de torpezas, com 48 de ditadura e meia-metade de decadência

 

4

Não há “os” monárquicos nem “os” republicanos…há a liberdade cívica, de um lado, e o fanatismo, a intolerância e ignorância, do outro. Foi para isso que se desembarcou no Mindelo de azul e branco!

 

5

Basta ver a lista dos “viracasacas”, ex-ministros e deputados da I República que até foram deputados na primeira Assembleia de Salazar. Incluindo traidores declarados do GOLU que fizeram o parecer da primeira lei do Estado Novo que extinguiu a ordem que nos regenerou em 1820 e 1832? Traulitânia…eu ainda ontem aqui defendi Luís de Magalhães e Paiva Couceiro…Até invocando os testemunhos de Basílio Teles e Guerra Junqueiro. Em política de crenças não há o preto e branco…

 

6

Não digam “os” republicanos, mas “certos”. Que nisto de “estadonovismo” se congregaram com “certos” monárquicos…aliás, o embaixador britânico, em 1926, antes de 28 de Maio, em relatório, apontava António Maria da Silva como um potencial líder fascista. Claro que era mentira, mas não deixando de ser sintomático dos tiques habituais dos que nos consideram mero protectorado…mandando assassinar os Gomes Freire, quando, felizmente, há luar!

7

Desliguei o aparelho de TV lançado pelo Camilo do Cachão e zip-zipado pelo Ramiro Valadão. Prefiro ver uma fita do Canal Hollywood, antes de ir rever o Avatar no computador. Não há meio de haver uma revolta dos indígenas neste planeta Pandora, ocupado e colonizado pelos passarões…

 

8

Hitler era república…a Arábia Saudita, uma monarquia. Salazar foi 40 anos republicano. E os Países Baixos e a Espanha optaram pelo rei e pela liberdade, depois de experiências republicanas. Até Londres, depois do totalitarismo da república de santos de Cromwell.

9

Vi nos noticiários da uma que tanto Cavaco como Sócrates gostam do som do conceito de Max Weber sobre ética da responsabilidade. Mas dão ao nome um conteúdo totalmente contrário, ficando-se por uma sociologia de cola e cuspo, bem pouco “compreensiva”

 

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Os republicanos do 5 de Outubro tinham o sonho de uma “alma nacional” e cumpriram esse patriotismo sentido até na Grande Guerra. Honra lhes seja e que se cumpra esse projecto. Apenas falharam quando pensaram que ainda não havia povo era necessário “construir o povo”, conforme as palavras do inesquecível João Chagas…

 

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A televisão do Estado diz que Manuel Buíça foi um dos heróis da República. Espero que este apelo ao terrorismo não faça ricochete!

 

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O regicídio de 1908 provocou o assassinato de Sidónio em 1918, de Granjo, Machado Santos e Maia, em 1921, e de Delgado em 1965. Da monarquia liberal, não consta nenhum destes registos. Nem sequer o de prisioneiros políticos. A honra da presente constituição não devia ser ofendida com estas memórias fratricidas e magnicidas, para gáudio da historiografia jacobina!

 

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Não estou a ver Mário Soares de carabina contra ministros do Estado Novo. Nem o meu amigo Carlos Antunes das Brigadas Revolucionárias, que teve o Tomás na mira, quis carregar no gatilho! Já chega de sangue!

 

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O Povo na monarquia liberal: potenciais votantes em 1895: 863 280; recenseados na I República (entre 471 557 e 574260). Temia-se os votos dos “cavadores de enxada”. Com o sidonismo, chega-se a um colégio eleitoral de 900 000 e 500 000 votantes, uma excepção que confirma a regra censitária.

 

15

Daí que a Ditadura tenha desbaratado plebiscitariamente: Carmona teve quase o dobro dos votos de todos os partidos concorrentes às eleições de 1925… Vale-nos que o regime actual já em 1975 tenha chegado a 6 231 372 contra os 1 800 000 recenseados de 1973! Só neste regime se perdeu o medo do povo!

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