Quando se economiciza a “polis” ou a moral, quando se politiciza a economia ou o indivíduo

Exemplos de mau ano: Tribunal de Contas em auditoria considera que gestores públicos podem ser despedidos pela prática de determinados actos; mera música celestial; nota oficiosa mendonçal, mesmo sem invocar vírgulas, já pôs a questão “fora de questão”; ministerialidade tem sempre razões de Estado que a simples razão não apercebe; só o mexilhão é que se lixa…”

Exemplos de ano mau: blindados fora do prazo podem ser vendidos dentro do prazo por empresa de segurança privada a entidades não privadas, lá no sítio de negócios que misturam público com privado…”

Quando se economiciza a “polis” ou a moral, quando se politiciza a economia ou o indivíduo, a resposta individual é aquilo que a velha ideia da anarquia mística sugeria: resistência, revolta, futuro! Porque, da Corte, homem não é, vale mais quebrar do que torcer (Sá de Miranda, em glosa).”

E a moral nada tem a ver com a política (a ciência dos actos do homem enquanto membro da “polis”) ou com a economia (de “oikos”, casa, dita actualmente empresa), a ciência dos actos do homem enquanto membro da “oikos”, dita “domus”, em latim, onde há um “dominus”, um dono, patrão ou, como em grego, “oikos despote”…”
Não sei nada de grego, mas sempre digo: O problema é não haver indivíduos (de “indivisus”), porque, para que eles o sejam, tem que haver moral, a ciência dos actos do homem enquanto indivíduo, como ensinava Aristóteles.”

Esta fragmentação patrimonialista que destrói a política e o espírito torna-se mais patente em épocas de apodrecido fim de regime, como as da presente degenerescência, onde, como cantava o Mestre, não há lei nem rei, ninguém sabe que coisa quer, nem o que é bem, nem o que é mal…”

Muitos desesperados chamam, às velhas operações da cunha, actividades congreganistas e maçónicas, especialmente quando a dita é elevada a manobra da nova sociedade de corte, hierarquista e neofeudal, daqueles favores pequenos que, com favores maiores, se pagam, por mais místicas que sejam as protecções de adro, sacristia ou passos perdidos com que se recobrem…”

De novo Vieira, sobre a Penha de França, com imagem de um comício republicano aos pé: “os Milagres de Penha de França crecem com o tempo. O maior encarecimento do tempo, e que tem poder até sobre as penhas: o maior louvor daquela Penha, é que tem poder até sobre o tempo. E se os livros são remédio contra o tempo, quem não é sujeito às leis do tempo, não há mister livros” (id., p. 372).”

Hoje não apeteceu sulcar
os meandros eruditos, académicos
de tantos livros que não li.
Preferi recordar Antígona:
não nasci para odiar,

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