Mai 26

Nacionalista e Federalista

Europeu, num qualquer canto de Portugal, assumo o projecto das doze estrelas como uma nação de nações e não como um rolo compressor apátrida que, ao unidimensionalizar-nos, como súbditos de uma hierarquia das potências, incluindo a das multinacionais partidárias, nos faz esquecer o essencial de um projecto de uma democracia de muitas democracias, que não pode ficar-se pela retórica de um qualquer tratado que paire acima dos cidadãos como papagaio de papel.

 

Pior ainda se transformarmos o Parlamento Europeu num caixote doirado da história do PREC, ou num museu de figuras de cêra da nostalgia revolucionária, para onde se mandam reservistas como prémio de fim carreira, ou simples emplastros que se escondem atrás dos cabeças de lista. Infelizmente, o PS, o CDS e o PSD, essas secções domésticas da oligarquia multinacional partidária que esmaga o sonho dos pais-fundadores da Europa, quase estão a jogar para o empate, a fim de não descerem de divisão, reduzindo o voto a mero cheque em branco e escondendo um programa tão clandestino quanto a falta de cumprimento da palavra dada sobre o referendo, só porque o tratado foi “porreiro, pá!”.

 

Este défice de povo nunca poderá ser disfarçado por uma multidão de dois mil camaradas em excursão, com enganos de agenda numa qualquer feira do queijo, ou com o recato de uns colóquios de alcatifa e “zoom” de telejornal, para uma qualquer frase da noite, perante uma centena de convidados. Ao menos Jerónimo esmagou, expressando a sua soberania de rua com oitenta e cinco mil manifestantes, coisa que só os cem mil devotos de Nossa Senhora de Fátima conseguem igualar.

 

Preferia discutir as pluralidades de pertenças das saudades de futuro, dado que só através da nação podemos enraizar a urgente super-nação de uma Europa como república maior, a caminho da urgente república universal, porque podemos, como o País Basco ou a Catalunha, ser simultaneamente nacionalistas e federalistas, sem cedermos ao populismo e às ditas extremas reaccionárias, ou revolucionárias, com que nos desesperam algumas candidaturas lusitanas.

Dez 30

apesar de nacionalista e europeísta, também sou federalista

Eu que, apesar de nacionalista e europeísta, também sou federalista, mais à Proudhon do que à Bismarck, mantenho a proposta do tradicionalismo consensualista e anti-absolutista: o “dividir para unificar” do primeiro projecto europeu. Primeiro, federalizar dentro de cada Estado, nomeadamente pelas auto-determinações nacionais que os restos de impérios proibiram. Segundo, lançar, também intra-estadualmente, os processos regionalizadores que os jacobinismos centralistas têm boicotado. Terceiro, utilizar o princípio da subsidiariedade não apenas a caminho de Bruxelas, mas devolvendo poderes à governação de proximidade: das autarquias, das regiões e dos Estados. A burocratite centralista, herdada do absolutismo, com a tradicional cunha  para a obtenção de uma certidão a tempo, pode transformar a democracia vigente num clube fechado, com reserva no direito de admissão.