Nova semana, vida velha, depois de Mário Soares já criarfactos políticos, depois de Portas vencer Ribeiro e Castro, depois de Santana Lopes ameaçar regressos, depois de Manuel Monteiro dissertar sobre o que deve ser a direita, depois de Sarkosi e de Royal, entre o “sonho francês” e o “patriotismo republicano”. Hoje fixo-me em Portas. Porque 5 642 pessoas o escolheram como novo líder de um novo ciclo velho, face ao renovado PP que volta a deixar de ser CDS. Isto é, o ritmo das directas partidárias está cada vez mais parecido com o fulgor eleitoral dos grandes clubes de futebol, onde até asclaques juvenis são a maioria dos sócios.
Daí que tenha perdido brilho o discurso dito de vitória, onde se proclama o “espírito de conquista” e a promessa de construção de “um grande partido de centro-direita”. Daí que só alguns guardadores de slogans tenham reparado que a novidade de Portas seja uma repetição de um tópico emitido, há um quarto de século, pelo social-democrata sueco, Olof Palme, sobre a era pós-ideológica. Coisa compreensível depois da derrota dos católicos no referendo do aborto e do esmagamento do beatério democrata-cristão de Zé Ribeiro e Castro, apesar dos entusiásticos apoios recebidos da ala hindu e de certos neoconservadores.
Logo, Portas prefere os conceitos indeterminados e a cláusula geral de um vazio doutrinário, mas sem ousar um apelo à costela liberal. Fica-se pela encruzilhada de uma personalização do star system e pela repetição doagenda setting, rivalizando com Maria José Nogueira Pinto na mobilização blogueira dos neocons e neolibs da revista Atlântico e dos blogues satélites. Zé Castro ficará no combate pela boa ideia de Europa, citando Bento XVI e caminhando, como homem só, pelas ruas desertas de Odemira. Só que, na TVI, já não manda o Zé Eduardo nem a Manela, mas um cardeal republicano, laico, hispanista e socialista, enquanto a SIC tem problemas de facturação e apoiará, invitavelmente, o próximo estrelato do PSD. Nada de novo, na frente Sudoeste deste flanco do europês, onde manda cada vez menos a Conferência Episcopal Portuguesa, já sem direito ao seu Centro Católico Português.