Há uma geração lusitana que se sente órfã, desde que acabaram os manuais de Organização Política e Administração Nacional (OPAN) dos dois últimos anos do ensino pré-universitário, dos tempos do livro único, e que geraram, por reacção, os mestres-pensadores das extremas, esquerdas e direitas, que agora vão escrevendo memórias…
Não faltam sequer os organizadores dos compêndios de doutrinas sociais e ideologias políticas, onde os plagiadores e filósofos da traição nos encarquilharam, para que os sobrinhos e afilhados os copiassem em argumentários pseudo-revolucionários, passados a “stencil”, todos se irmanando na procura dos ontens que mandam, disfarçados de amanhãs que cantam…
Política sem metapolítica é um vazio de alma que qualquer engenheiro de conceitos consegue transformar em falso sistema fechado, e reduzir a um manual de planejamento estratégico, para que apareça um general de alcatifa, ou um catedrático de espiões, invocando o Ocidente, a luta contra o terrorismo, ou o Estado de Segurança Nacional…
Há uma legião carreirista de idiotas úteis que procuram o conforto do posto de vencimento nessas zonas putrefactas da subsidiologia estatista, da universidade acrítica e do negocismo corrupto… Eles adoram teorias da conspiração e já vislumbram nigerianos de turbante em cada banco do avião…
O que resta da presente república dos portugueses continua a ser arrastado por cadáveres adiados que um quarto de hora antes de morrerem continuam emitindo arrotos de música celestial. E ninguém os denuncia como sepulcrais calhaus pintados da cor do burro quando foge, isto é, do pensamento dominante, à Júlio Dantas, em épocas de decadência…