Mar 19

Mão de Deus, dedinho de Jesus e golo de Kardec… Que venha Zandinga!

Qual Aguiar-Branco, qual Paulo Rangel, qual Passos Coelho! Ontem todo o país confirmou que, em vez da velha mão de Deus, à Vata, se notou a omnipresença do dedo do senhor Jesus, bem como um golo decisivo de Kardec, isto é, tudo divindades, homens do Senhor e espiritismo, bem como esse facto do acaso que levou a bola para o fundo das redes, no estádio olímpico das bicicletas e das “connections”. E o barulho de fundo inundou esta cidade angustiada. Um sinal de sonho revolvendo um povo pequizado e impostado, que nem sequer pode recorrer à velha internet para declarar o IRS, que as mãos do estadão parecem em greve de zelo de tanto choque tecnológico…

Parece que os funcionários mais qualificados da nossa reformadísisima e modernizada Administração Pública a estão decapitando, com uma avalanche de pedidos de reforma, aposentada e antecipada, enquanto milhares de outros demonstram o vírus da incapacidade mobilizadora de quem a governa…

Ainda ontem, numa dessas reuniões oficiais, confirmava que, entre os titulares cimeiros da carreira, cinquenta por cento pedira a reforma e a restante fatia entrara em regime de não ter que os aturar. Na plenitude, apenas os que vão aspirando a subir uns degraus na tabela dos postos de vencimento, enquanto, para as cúpulas da honraria, se vão recrutando aposentados, eméritos e reformados…

O “simplex” em vigor, ao recorrer à conspiração de avós e netos, com muitos avós acumulando reformas, das públicas, bem especiais, às privadíssimas, não gosta de generais no activo, prefere música celestial, diplomas de remunerações extraordinárias e muitos sargentos verbeteiros, entre leis da rolha (reparei em Santana Lopes) e leis do garrote (ouvi Narciso Miranda)… Qual Pedro, qual Paulo, qual Branco! Interessam mais as prendas do sucateiro…

O fado, o futebol e as fátimas, são como as orgias, as festas e o êxtase, rituais de fuga para fora do tempo que passa. Infelizmente, nem todos os praticam com a intensidade exigida pela vida interior, saindo da prisão do próprio tempo. Faltam-nos profetas que sejam precursores, como eram aqueles intelectuais que conheciam a receita da redenção dos males do mundo. Já não há precursores que captem os sinais do tempo e adivinhem, muito cientificamente, tanto o futuro da história de Portugal como a própria salvação do mundo. Nem Mariano Gago nos vale, de Magalhães em tecla e Kafka em prática…