Apenas somos 2% da demografia europeia

Lá vem mais uma estatística comparada das Europas confirmando o óbvio da falta de organização do trabalho nacional quanto aos profissionais das nossas magistraturas, onde abunda a quantidade, onde não falta a qualidade, mas onde continua a ser péssima a tecelagem dos que deviam ver de cima e fazer crescer por dentro. Toda a gente vê tudo, menos o óbvio.

Na administração da justiça, tal como na educação ou na grande política, apesar da abundância de consultadorias internas e externas sobre sociologia jurídica, modernização da treta, educacionologia, de tantos especialistas em ramos de árvore, estrutura da folha ou respiração das raízes, poucos compreendem a floresta do estadão suicida, com muita banha e pouco nervo, muitos membros e pouco músculo.

Continuamos a padecer de um grave erro de teoria e de um vazio de ciência, com tantos doutorados em inutilidades, tantos milhões em turismo científico, tanto “outsourcing” em traduções em calões e cheques para amigalhaços. Bastava um pouco de criatividade, inteligência emocional e da tal compreensão da complexidade…

A geração dos seminaristas frustrados, dos teólogos sem transcendente e dos nostálgicos da revolução perdida, armados em galhofeiros do Estado de Direito e da democracia que, na juventude, combateram em nome do totalitarismo exótico, a que chamaram utopia, deveria ser substituída pelo verdadeiro saber, com os pés no chão e a engenharia dos sonhos!

JN, hoje: “O capital não tem pátria nem ideologia Não há nada de estranho na relação entre Portugal e a Venezuela. E uma questão de negócios”… “Neste momento, o capital não tem pátria nem ideologia. É o pragmatismo da política externa”. A visita de Hugo Chávez a Portugal é “incómoda”, mas “apenas por causa de alguns distúrbios do sistema democrático português” (JAM).

“Não conheço nenhum regime político que não tenha a sua visita de Chávez, Mobutu… Faz parte”. Assim, “o folclore de Chávez” justifica o interesse, mas há outras perguntas sobre questões “mais graves” que não se colocam. “Por que motivo ninguém pergunta acerca dos apoios da eleição de Portugal para o Conselho de Segurança? Ou sobre as relações de Mário Soares com Sadam Hussein?” (JN, hoje, JAM)

Um dos melhores internacionalistas vividos da minha geração, o eurodeputado Mário David, assinalava a verdade de apenas sermos 2% da demografia europeia. Concordo! Não passamos de um pequeno reino medieval quase há nove séculos. O mistério é termos semeado a língua mais falada no hemisfério sul, quando não éramos o por…

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