O essencial da democracia pluralista e do Estado de Direito não está em procurar saber quem manda através da obtenção de uma maioria. O essencial da democracia está no estabelecimento do diálogo entre adversários, como dizia Ortega y Gasset, ou em controlarmos o poder dos que mandam, através do sistema de pesos e contrapesos, visionado por Montesquieu. Melhor ainda: o essencial da democracia está em podermos fazer um golpe de Estado sem efusão de sangue, como dizia Karl Popper. A democracia mede-se menos por resultados eleitorais e mais pela prática governativa das maiorias absolutas. A democracia vive-se e mede-se pela distância que vai da teoria à prática. A Itália tem agora Berlusconi porque antes teve Prodi, duas faces de uma mesma moeda que deram origem às presentes escolhas do povo soberano. E o povo soberano, mais uma vez, mostrou como está farto dos políticos profissionais, do Estado dos Juízes, das mãos sujas da corrupção e dos mafiosos e das pretensas mãos limpas dos magistrados que, depois de viverem dos processos mediáticos se assumiram como imitadores de políticos mediáticos. E a Itália não é o Zimbabué. Até está bem mais desenvolvida, económica, política, social, cultural e universitariamente do que Portugal. Tem os melhores pensadores políticos, os melhores empresários, os melhores cineastas e os mais destacados europeístas do mundo. Até lá vivem os papas e os cardeais. Seria melhor que, do país de Maquiavel, Mazzini, Gramsci e Mussolini, fizéssemos uma espécie de laboratório prospectivo. Porque, pensando no nosso futuro, de acordo com os actuais conceitos de desenvolvimento, seria melhor concluirmos que eles estão numa estação ferroviária de nível mais próximo do fim da história do que nós. Ainda temos muitas estações de desenvolvimento para visitar antes que tenhamos umas eleições como as de anteontem em Itália. Até amanhã! Vou dar uma aula sobre o italiano Tomás de Aquino…
Abr
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