1963
●O Tempo e o Modo – A revista tem como primeiro director António Alçada Baptista (29 de Janeiro), estando ligada à Editora Moraes e à colecção do Círculo do Humanismo Cristão. Mobiliza, na sua primeira fase, uma série de intelectuais católicos, críticos do salazarismo, não desdenhando do próprio empenhamento do ex-deputado salazarista Manuel José Homem de Melo, especialista nos meandros de todas as transições políticas, incluindo a que levou à ascensão de José Manuel Durão Barroso a primeiro-ministro. Alarga-se, depois, a outros sectores da esquerda, como a Mário Soares e a Salgado Zenha, vindos do MUD, ao então comunista Mário Sottomayor Cardia, e à jovem geração de líderes estudantis, como Manuel Lucena, Vítor Wengorovius e Medeiros Ferreira, acabando por preponderar esta última.
●Análise Social – Surge também a revista Análise Social, fundada no âmbito do Gabinete de Investigações Sociais do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, organismo que resulta do ideológico Gabinete de Estudos Corporativos, onde se pretendia dar ciência sociológica e militância católica à única revolução corporativa vigente na Europa. Tem como primeiro director J. Pires Cardoso, até 1973. Entre 1973 e 1990, surge a direcção de Adérito Sedas Nunes, a quem há-de suceder Manuel Braga da Cruz.
1964
●Da emergência dos Beatles ao começo da era Brejnev – O grupo de música britânico The Beatles torna-se um sucesso internacional, Martin Luther King é galardoado com o Nobel da paz, realizam-se os Jogos Olímpicos de Tóquio e ascende ao comando soviético Leonid Brejnev, enquanto Lindon B. Johnson é eleito presidente norte-americano. A França gaullista, em clara rebeldia, trata de reconhecer o regime de Mao Tse Tung (27 de Janeiro), os norte-americanos reforçam o seu dispositivo militar no Vietname e o Papa visita a Terra Santa e Bombaim (2 a 5 de Dezembro), enquanto nasce a OLP e Nelson Mandella é condenado a prisão perpétua. Na Índia, morre Nehru, para, dois anos depois, a sua filha Indira Gandhi, lhe suceder. Entretanto, reúne em Genebra a I Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), a partir da qual se forma o Grupo dos 77 que elabora a reivindicação sobre a necessidade de uma nova ordem económica internacional que vai marcar o ritmo das chamadas relações Norte-Sul.
●A cisão delgadista contra o PCP – Em Abril, é aprovado no PCP o relatório de Álvaro Cunhal Rumo à Vitória. As Tarefas do Partido na Revolução Democrática e Nacional. Terceira Terceira Conferência da Frente Patriótica de Libertação Nacional, reunindo o PCP, a Resistência Republicana e o MAR, onde Humberto Delgado é afastado da organização. Delgado chega a Argel (27 de Junho) ainda convalescente, de uma intervenção cirúrgica a que é submetido em Praga (27 de Maio) e, pouco depois, cria uma Frente Portuguesa de Libertação Nacional, entrando em ruptura com as estruturas integrantes da FPLN, principalmente o PCP. É então que passa a ser apoiado por Henrique Cerqueira, a partir de Rabat. Acusa os membros do grupo de Argel de politiqueiros palavrosos. O delírio conspirativo de Delgado leva-o a conceber vários planos para o derrube do regime, nomeadamente uma chamada operação laranjas, com a instalação de um governo provisório em Macau, para o que pensa contar com o apoio da China. O isolamento do general propicia que este caia numa cilada armada pela polícia política que o atrai a Espanha em Fevereiro de 1965, onde viria a ser assassinado.
●A cisão maoísta no PCP – Surge a Frente de Acção Patriótica, dissidência do PCP criada em Janeiro de 1964 por Francisco Martins Rodrigues, depois de divergências na reunião do comité central de Agosto de 1963. Segue-se o CMLP, Comité Marxista-Leninista Português, onde é apoiado por Rui d’Espiney e João Pulido Valente, dissidentes do PCP. Em Junho, emitem o primeiro número do periódico Acção Popular e em Outubro o Revolução Popular. Em Novembro, o jornal Avante! denuncia dois membros da FAP, entrados clandestinamente em Portugal. Idênticas denúncias surgirão em O Militante de Fevereiro de 1965 e em o Avante! de Março de 1965.
●Caso Luandino Vieira na Sociedade Portuguesa de Escritores, com protestos pela atribuição de um prémio a este militante do MPLA, de origem europeia. Sociedade será encerrada.
●Emitido, em Brazzaville, o manifesto Amangola por um grupo de dissidentes da UPA, base da futura UNITA (11 de Dezembro).
●Contra-subversão doméstica – Distúrbios no Rossio e na Avenida da Liberdade (1 de Maio). Um morto, Almeida Reis. Em Junho, o jornal O Militante do PCP há-de criticar os organizadores desta contestação, por terem realizado sabotagens e reunido armas.
●Cristãos progressistas e socialistas. Surge a Cooperativa de Difusão Cultural e Acção Comunitária, visando os princípios da Pacem in Terris (11 de Abril). Será encerrada pela PIDE em 1967. No Porto, aparece a cooperativa Confronto, liderada por Francisco Sá Carneiro (1934-1980), Leite de Castro e Mário Brochado Coelho. Criada a Acção Socialista Portuguesa, em Genebra, por Mário Soares, Tito de Morais e Ramos da Costa em Abril.
1965
Do assassinato de Delgado ao fim da unidade nacional na defesa do ultramar
●Os marxistas entre o diálogo a nova teologia – Se alguns confirmam o crepúsculo de lás ideologias (Fernandez de la Mora), outros continuam a lire le Capital (Althusser e Balibar), e a ser pour Marx (Althusser), tanto para a procura de um socialismo humanista (Fromm), como para que se passe, entre cristãos e marxistas, do anátema ao diálogo (Garaudy). Procura-se a essência da política (Freund) e faz-se o confronto entre a democracia e o totalitarismo (Aron), enquanto os católicos reflectem sobre o Concílio do Vaticano II (Maritain) e se fazem inventários sobre a ideia de Europa (Duroselle e Ameal).
. Entretanto, Manuel Alegre, já no exílio, edita Praça da Canção e Fernando Ribeiro de Melo lança a Antologia da Poesia Erótica e Satírica, organizada por Natália Correia, com a colaboração de Mário Cesariny, Luís Pacheco, José Carlos Ary dos Santos e Ernesto Melo e Castro, todos processados por abuso de liberdade de imprensa.
●Em 21 de Maio a Sociedade Portuguesa de Escritores, presidida por Jacinto Prado Coelho, atribui um prémio literário a Luandino Vieira, nome literário do independentista angolano, José Vieira Mateus Graça, pelo seu livro Luuanda. Há vários protestos de grupos ligados ao regime e a defesa militar do património africano, um assalto à instituição e a consequente dissolução da mesma por despacho do ministro da educação nacional, Inocêncio Galvão Teles. Os escritores Joaquim Paço d’Arcos e Luís Forjaz Trigueiros, em protesto, chegaram a pedir a demissão da sociedade.
Cristãos progressistas – Na campanha eleitoral de Outubro, aparecem vários cristãos que alinham com a oposição democrática, pondo acento tónico na defesa dos direitos do homem e utilizando como bandeira a pastoral de João XXIII.
●Surge também um Movimento Cristão de Acção Democrática, depois da emissão de um manifesto Cristianismo e Política Social. Por seu lado, o Opus Dei lança a revista universitária Tempo, tendo como editor Adelino Amaro da Costa e contando, entre os colaboradores, João Morais Barbosa, Raul Junqueiro e José António Lamas.
●Já o tradicional reviralhismo continua a romagem ao jazigo de António José de Almeida em Lisboa (5 de Outubro) e promove no Porto uma reunião magna dos candidatos da oposição (10 de Outubro). Já
●Nuno Bragança lança o manifesto de uma chamada Resistência Cristã
●Manifesto da oposição defende autodeterminação do Ultramar (14 de Outubro). Subscrevem-na por Lisboa Acácio Gouveia, Adão e Silva, Zenha, Medeiros Ferreira, Sottomayor Cardia, Mário Soares, Raúl Rego, Nuno Rodrigues dos Santos. Pelo porto, António Macedo, Armando Bacelar, Artur Santos Silva, Cal Brandão, Hélder Ribeiro, Olívio França. Por Leiria, Vasco da Gama Fernandes e José Ferreira Júnior. A mensagem é comunicada através de conferência de imprensa realizada no Centro Escolar Republicano Fernão Boto Machado, em Lisboa.
●Comunistas – Realiza-se na URSS, nos arredores de Kiev, o VI Congresso do PCP, que elege um secretariado do Comité Central, com Álvaro Cunhal, Sérgio Vilarigues e Manuel Rodrigues da Silva. Mobilizam-se três dezenas de militantes, cerca de 75% dos quais são funcionários do partido. Participam Silva Marques e outros altos hierarcas de então, como Pedro Ramos de Almeida, destacado em Argel, Francisco Miguel, Pedro Soares, Joaquim Gomes
1966
Magriços, Código Civil e Ponte Salazar, nos quarenta anos do 28 de Maio
1967
Da visita de Paulo VI ao nascimento da LUAR
●Hippies, morte de Che Guevara e transplante do coração – Há dois vetos gaullistas à adesão britânica à CEE (16 de Maio e 27 de Novembro) e dá-se o fim do Kennedy Round, por acordo com os Estados Unidos para
●A desconstrução pós-moderna. É então que emerge Jacques Derrida (1930), com L´Écriture et la Différence, base de certa leitura pós-moderna, quando teoriza a desconstrução, invocando a fenomenologia de Husserl e a hermenêutica de Heidegger. Porque o entendimento apenas é provisório, dado que há um infinito processo de reinterpretação, baseado na interacção entre o leitor e o texto. Entre nós, destaque para Manuel Alegre que lança O Canto e as Armas.
●Grandes inundações em Lisboa (25 de Novembro). Mais de duzentos mortos. Vários estudantes, mobilizados para o apoio às vítimas, começam a publicar um boletim intitulado Solidariedade Estudantil.
●A saga dos papéis da extrema-esquerda: Lançado o boletim O Proletário, órgão do Comité Marxista-Leninista Português, editado em Paris (Maio). Surge em Lovaina o primeiro número dos Cadernos Socialistas com Manuel Sertório e Manuel Lucena, (Julho). Emitem-se, em Paris, os Cadernos de Circunstância com Alfredo Margarido, Fernando Medeiros e Manuel Vilaverde Cabral (Novembro).
●Comunistas: Vaga de prisões de dirigentes comunistas na margem Sul do Tejo (Maio) Agitação entre os bancários, por causa de um novo contrato colectivo (Agosto). Álvaro Cunhal publica em O Militante, de Novembro, um artigo ortodoxamente leninista, A Questão do Estado, Questão Central de cada Revolução, onde considera que a parte do aparelho de Estado que não for destruída no decurso do processo insurreccional deve ser destruída urgentemente, sem perda de tempo, logo após. Se isso não for feito, não só não poderá ser realizada uma política democrática, como a contra-revolução não tardará.
1968
A queda de Salazar e a Primavera de Marcello Caetano, ou a impossível renovação na continuidade
●Homens em tempos sombrios e teologia da libertação – A chamada doença da prosperidade da sociedade de consumo manifesta através de sucessivas revoltas estudantis, com destaque para o processo da universidade de Nanterre em Paris (22-03-1968), que vai desencadear o chamado Maio 1968, num tempo de men in dark time (Arendt, 1968), quando Amitai Etzioni publica The Active Society, Arend Lijphart, analisando o pluralismo holandês, reflecte sobre The Politics of Accomodation, e Leo Strauss reflecte sobre Liberalism Ancient and Modern, quando em França, Jean-William Lapierre editava Essai sur les Fondements du Pouvoir Politique. Nesse mesmo ano realiza-se a Conferência de Medellin do episcopado sul-americano, onde, invocando-se a libertação, a promoção do homem e o desenvolvimento integral, se criticam os pecados sociais da violência institucionalizada e da dependência. É então que o padre Gustavo Gutierrez inventa a fórmula teologia da libertação. Este movimento teológico católico tem paralelo com o movimento protestante da teologia da esperança e dele deriva o processo da teologia da revolução, de carácter marxista, marcante nos anos setenta. A teologia da revolução defendia a conciliação entre o catolicismo e o marxismo e que levou alguns a considerar o guerrilheiro como um jesuíta da guerra ou um Frei Beto a declarar que um cristão é um comunista, mesmo que o não queira e que um comunista é um cristão, mesmo que não creia. Mas a teologia da libertação é um movimento bem mais amplo que passa pelas obras de Jürgen Moltmann, Metz, Harvey Cox. Acontece que a teologia da libertação foi incrementada a partir do Maio de 68 como uma teologia para a revolução, onde o reino de Deus passou a ser considerado como a revolução de todas as revoluções (Helmut Gollwitzer) ou como a salvação da revolução (Jürgen Moltmann), opondo-se à teologia do desenvolvimento e superando a teologia dita da impugnação. Ela transformou-se numa teologia da violência, em oposição aos que defendiam uma ética da não violência
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●Salazar socialista – Nacionalização dos TLP, a companhia Telefones de Lisboa e do Porto (1 de Janeiro). Greve da Carris termina com agradecimento formal e público dos trabalhadores a Salazar, sendo a cerimónia transmitida pela televisão (Julho)
●A nova extrema-esquerda – Surge O Comunista, órgão de uma dissidência do Comité Marxista-Leninista Português, depois da chamada segunda conferência da organização (Dezembro). O jornal é dirigido por um grupo onde milita Hélder Costa, publicando-se até Julho de 1972. Tem ligações aos maoístas do Porto, liderados por Pedro Baptista e José Pacheco Pereira.
●José Pacheco Pereira assume-se, então, como agitador cultural, tentando mesmo boicotar cursos realizados pela Cooperativa Confronto de Francisco Sá Carneiro, onde participa César Oliveira (1941-1997), acusado de tentar difundir o ideário anarco-sindicalista. O futuro defensor e propagandista do cavaquismo quer, então, criar um verdadeiro partido comunista, fielmente marxista-leninista. Há-de qualificar tal atitude como luta pela liberdade, sendo aplaudido unanimemente por toda a grande burguesia devorista que sempre adorou este jogo de fingimentos e cambalhotas que, apesar de radicalmente verboso, não afecta os respectivos interesses, dado que até lhe pede subsídios e avenças.
1969
Da crise de Coimbra às eleições marcelistas
●Da chegada do homem à Lua ao festival de Woodstock. O ano é marcado por esse one small step for a man, one giant leap for mankind, com um ser humano, Neil Amstrong, a locomover-se na Lua (às 22 horas de 21 de Julho), na sequência da viagem da nave Apollo 11. No plano da
●Marxismos imaginários e sociedade imperfeita. No plano das ideias, no ano em que desapareciam Theodor Adorno e António Sérgio, eis que Raymond Aron, na ressaca do Mai 68, contra o qual se ergueu, teoriza as desilusões do progresso e denuncia os marxismos imaginários (Aron), enquanto Milovan Djilas se resigna com a sociedade imperfeita (Djilas) e Carl Schmitt (1888-1986) revê e reedita Politische Theologie, com uma primeira edição de 1922. Na mesma onda, Jules Monnerot, procurando fazer um inventário das mitologias políticas do século, lança Sociologie de la Révolution. Nos Estados Unidos
1970
●Eurocomunismo e subida de Allende ao poder – O ano é internacionalmente assinalado pelas mortes de Charles De Gaulle (9 de Novembro), de Nasser (28 de Setembro) e de Bertrand Russell (2 de Novembro), enquanto sobem ao poder Sadat, Hafez Assad e Allende (24 de Outubro) e se dá a vitória dos conservadores de Edward Heath nas eleições britânicas (18 de Junho). É tempo dos muitos projectos de reforma da CEE, desde a aprovação
●Entre o acaso e a necessidade – No ano em que Paul Samuelson recebe o Nobel da economia, refira-se que o prémio Nobel da medicina de 1965, o francês Jacques Monod publica um ensaio sobre a filosofia natural da biologia moderna, Le Hasard et la Necessité, enquanto Jean-Marie Bénoist proclama que Marx est Mort, enquanto o jesuíta belga, que, no Brasil, é colaborador de D. Helder da Câmara, bispo da Olinda e Recife, Joseph Comblin, teoriza a Théologie de la Révolution. No ano da inauguração da barragem de Assuão e da fundação do movimento Greenpeace, em Amsterdão, o britânico Norman Cohn, inventaria os milenaristas revolucionários e os anarquistas místicos da Idade Média, em The Pursuit of the Millenium e Albert O. Hirschman consagra-se com Exit, Voice and Loyalty. Já o romancista francês Michel Déon publica o grande fresco de Les Poneys Sauvages e o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes edita uma recolha dos respectivos escritos de 1952 a 1959, Endireitai
●MRPP Fundado o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado por Arnaldo Matos, secretário-geral, Fernando Rosas e João Machado (18 de Setembro). Surge o
1971
●Da teoria da justiça à poliarquia – No plano das ideias, no ano da morte de Toynbee, se John Rawls elabora o primeiro esboço da sua Theory of Justice, um dos livros mais glosados do último quartel do século XX, onde, criticando-se a perspectiva utilitarista de certo neoliberalismo se retomam as teses kantianas do contrato social, e Robert Dahl teoriza Poliarchy. Surge também a denúncia do positivismo behaviorista, no manifesto Beyond Reductionism, liderado por Arthur Koestler, com Hayek, Piaget e Bertanlaffy e, a partir de Cuernavaca, no México, Ivan Illich vê traduzir-se em França o seu manifesto por uma sociedade sem escola. Neste mesmo ano, morre, em 3 de Março, o actor António Silva, nascido em 1886, que se destacou nas fitas A Canção de Lisboa (1933), O Pai Tirano (1941), O Pátio das Cantigas (1942), O Costa do Castelo (1943) e O leão da Estrela (1947).
●Marxistas, elitistas e integracionistas – Ãlguns intelectuais portugueses ainda navegam na ortodoxia marxista-leninista, analisando o capitalismo (Avelãs Nunes, Gomes Canotilho e Vital Moreira) e Franco Nogueira, que havia abandonado o governo em Outubro de 1969, retoma a tarefa das letras, ensaiando uma teoria geral sobre a traição das elites ao longo da história portuguesa, em As Crises e os Homens. Mário Soares escreve em Roma Portugal Amordaçado e Henrique Barrilaro Ruas lança A Liberdade e o Rei, enquanto o salazarista Pedro