Set 17

Os Talleyrand do costume

A governança que se cuide com os Talleyrand do costume e a respectivas sociedades de corte que continuam a abusar da nossa paciência, espatifando todas as bonecadas institucionais em que se metem. Porque tanto são salazaristas, democratas-cristãos ou socialistas convictos, quando tratam de ascender ao trono ministerial, como logo passam a coveiros de salazaristas, democratas-cristão e socialistas, quando os despedem. Eles são a infra-strutura desta fauna decadente que ocupou os palácios da cidade e vai repartindo pela criadagem da seita e da reverência tanto os penduricalhos das honrarias, como, sobretudo, as postas e prebendas que da mesa do orçamento vai roubando. E como os Estado de Direito continua enregeladamente dependente do hipócrita princípio da legalidade, o mesmo que permitia aos pides torturar, desde que, depois, elaborassem a acta, continua o otomano governo dos espertos, onde quem conquistou o poder e, principalmente, os micropoderes sub-estatais, vai jogando ao pau e à cenoura, porque enquanto o pau vai e vem folgam as costas. Não conheço exemplos de detecção de abuso de poder enquanto tais poderosos permanecem no poder. Os donos do poder só no “day after” é que são auditados, denunciados e processados. Porque os que podem auditar, denunciar ou processar têm a lógica cobarde de valer mais um pássaro de “outsourcing” na mão do que muitos valores a esvoaçar. Aliás, para esta canalha dourada, a palavra não passa de um instrumento de retórica barata que um qualquer desses sofistas desempregado consegue transformar em alegação. A palavra gastou-se pelo mau uso dos discursos de música celestial ou seminarista. E prostituiu-se pelo abuso da compra de poder e da compra do voto, levada a cabo por estes devoristas, hábeis manipuladores dos curtos-circuitos do micro-autoritarismo, para onde regressaram coisas equivalentes a favoritas e a eunucos, todos abichando os restos da comezaina e da orgia, em ritmo de regabofe de curto prazo. Porque, por dentro das coisas é que as coisas continuam vertebradamente salazarenta s. Mudaram as moscas, mas não a pouca vergonha dos dejectos que as alimentam. Infelizmente, os direitos são concessões que se agradecem aos que estão lá em cima, como se fossem caridadezinha, enquanto os deveres são motivo para lamentações pelos sacrifícios que o chefe faz pelo bem comum, exibindo o trejeito sacrista da falta de sentido dos gestos. Conheço alguns dos pais desta criatura. Personalidades autoritárias de raquíticas morais, a algumas das quais cheguei a ouvir apelos a enxurros de porrada a outras personalidades com quem agora mostram públicas cumplicidades. Eles usurparam a ideia de bem comum, ungidos por este sistemismo orgânico marcado por uma canalha reles e devorista, para quem o crime tem efectivamente compensado.

Set 17

Devoristas….ou a criadagem de seita e reverência que nos ocupou

Há dias foi o Lehman Brothers, agora, anuncia-se que a AIG pode ser, se Bush não a nacionalizar. Mas abundam os discursos de justificação, com o mesmo Bush a dizer que a economia americana está bem, com Pinho a replicar que boa mesmo boa é a europeia, sobretudo a portuguesa, com Cavaco a colocar a cereja no bolo, dizendo que teria muito a dizer, mas que, por enquanto, o não queria dizer, porque, por estes dias, só disse coisas sobre planos governativos para a educação e planos governativos para a justiça. Por outras palavras, o presidente engatilhou o intervencionismos e nota-se que começa a sentir o prazer de marcar a agenda. Logo, a governança que se cuide. Acabou o passeio tranquilo que a parecia conduzir à reposição da maioria absoluta.

 

A governança que se cuide com os talleyrand do costume e a respectivas sociedades de corte que continuam a abusar da nossa paciência, espatifando todas as bonecadas institucionais em que se metem. Porque tanto são salazaristas, democratas-cristãos ou socialistas convictos, quando tratam de ascender ao trono ministerial, como logo passam a coveiros de salazaristas, democratas-cristão e socialistas, quando os despedem. Eles são a infra-strutura desta fauna decadente que ocupou os palácios da cidade e vai repartindo pela criadagem da seita e da reverência tanto os penduricalhos das honrarias, como, sobretudo, as postas e prebendas que da mesa do orçamento vai roubando.

 

E como os Estado de Direito continua enregeladamente dependente do hipócrita princípio da legalidade, o mesmo que permitia aos pides torturar, desde que, depois, elaborassem a acta, continua o otomano governo dos espertos, onde quem conquistou o poder e, principalmente, os micropoderes sub-estatais, vai jogando ao pau e à cenoura, porque enquanto o pau vai e vem folgam as costas.

 

Não conheço exemplos de detecção de abuso de poder enquanto tais poderosos permanecem no poder. Os donos do poder só no “day after” é que são auditados, denunciados e processados. Porque os que podem auditar, denunciar ou processar têm a lógica cobarde de valer mais um pássaro de “outsourcing” na mão do que muitos valores a esvoaçar. Aliás, para esta canalha dourada, a palavra não passa de um instrumento de retórica barata que um qualquer desses sofistas desempregado consegue transformar em alegação.

 

A palavra gastou-se pelo mau uso dos discursos de música celestial ou seminarista. E prostituiu-se pelo abuso da compra do poder e da compra do voto, levada a cabo por estes devoristas, hábeis manipuladores dos curtos-circuitos do micro-autoritarismo, para onde regressaram coisas equivalentes a favoritas e a eunucos, todos abichando os restos da comezaina e da orgia, em ritmo de regabofe de curto prazo.

 

Porque, por dentro das coisas é que as coisas continuam vertebradamente salazarentas. Mudaram as moscas, mas não a pouca vergonha dos dejectos que as alimentam. Infelizmente, os direitos são concessões que se agradecem aos que estão lá em cima, como se fossem caridadezinha, enquanto os deveres são motivo para lamentações pelos sacrifícios que o chefe faz pelo bem comum, exibindo o trejeito sacrista da falta de sentido dos gestos.

 

Conheço alguns dos pais desta criatura. Personalidades autoritárias de raquíticas morais, a algumas das quais cheguei a ouvir apelos a enxurros de porrada a outras personalidades com quem agora mostram públicas cumplicidades. Eles usurparam a ideia de bem comum, ungidos por este sistemismo orgânico marcado por uma canalha reles e devorista, para quem o crime tem efectivamente compensado.

Set 17

Subscrevo Baptista-Bastos no DN de Hoje

Propuseram ao ex- -presidente o recebimento dos retroactivos. Recusou. Eu não esperaria outra coisa deste homem, cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que por aí se tornou comum. Ele reabilita a tradição de integridade de que, geralmente, a I República foi exemplo. Num país onde certas pensões de reforma são pornográficas, e os vencimentos de gestores” atingem o grau da afronta; onde súbitos enriquecimentos configuram uma afronta e a ganância criou o seu próprio vocabulário – a recusa de Eanes orgulha aqueles que ainda acreditam no argumento da honra.