Jan 13

Pedras, parcerias, pedradas e geringonças endividadas

 

Ontem foi dia de uma primeira pedra, que afinal era a segunda, bem como de algumas pedradas, glosando o relatório de inverno do Banco fundado pelos vintistas. Na primeira, ao recato da tendinha, longe da lama, o estadão em figura humana proclamou: “Há muitos momentos da vida das nações em que ninguém mais pode fazer nada a não ser o Estado, que tem o dever de responder à situação fazendo mais investimentos”.

 

Até também perorou, mas noutro recato, esse grande inaugurador das obras e parcerias públicas, chamado Alberto João, ao comentar a crise do PSD, onde invocou o regresso a uma AD que ele nunca aplicou, à semelhança da regionalização contra a qual votou. Nem faltou o rigor social-democrata de Luís Filipe de Gaia, todos temendo o que chamam liberalismo, em nome da social-democracia. Por outras palavras, toda a subsiodiologia pública estatal e infra-estatal deu as mãos a uma economia privada que teme a concorrência da economia de mercado.

 

Pedradas diversas foram as de Cavaco Silva e do seu rival no Congresso do PSD da Figueira da Foz, João Salgueiro. Também nos anunciaram um saber tratar da saúde do endividamento e um deles até referiu invocar os bons investimentos em pêra rocha e uva de mesa, dessa investigação agrária aplicada dos tempos da EFTA.

 

Mas ninguém parece querer retirar a primeira pedra com direito a placa inaugurativa. Todos preferem pôr-lhe a segunda, a funerária, em cima. Que a conta seguirá dentro de momentos, e ninguém pedirá desculpa por estas interrupções discursivas.

 

Porque Sócrates II mostra o feroz reformismo, agora anunciando a revogação das políticas públicas de saúde, educação e justiça de Sócrates I, pondo Maria de Lurdes Rodrigues na FLAD, Correia de Campos no Parlamento Europeu e Alberto Costa nas filas de trás do parlamento, enquanto sobem os Walter Lemos e os João Tiago Silveira. Porque, com as pedras em cima, alguns, pelo menos, ganharão … com nacionalização dos prejuízos, para posterior privatização dos lucros.

 

Porque, segundo as cimeiras palavra do nosso primeiro, estamos a viver um momento de crise em que ninguém pode fazer mais nada. Nem os capitalistas, nem os partidos. Nem o povo nem as organizações não governamentais. Ninguém, a não ser o aparelho de Estado que se mede pelo Orçamento. E há, sobretudo, um perigo enorme, essa coisa informe produtora de altos riscos, como as crises financeiras e a concorrência, o chamado mercado. E as parcerias nunca gostaram de mercado, preferem o “gentleman’s agreement” do estado a que chegámos, dos estados dentro Estado, com muitas pedras resguardadas, no quente das tendinhas inaugurativas.