Nas primeiras 78 horas da liderança de PC no PSD, eis uma laranja não amarga, mas um jota suave, com filtro antipopulista e que não precisa dos sons estridentes da demagogia, cujo véu sonoro costuma recobrir o argumento fraco. A verdade nua e crua é que PS e PSD continuam separados por cinco pontos em termos de sondajocracia. Mas PSD mais CDS são menos do que a soma do pretenso povo de esquerda. Até Cavaco pode insinuar que vale mais do que a AD e a soberania do PSD está sempre condicionada. Passos Coelho vence, depois do sumo de limão de algumas anteriores derrotas. Sócrates nunca perdeu. Tem ido, de vitória em vitória, sem se aperceber que vencer, às vezes, pode ser o mesmo do que ser vencido. O novo líder talvez saiba que o caminho se faz caminhando. Espero que nos habitue a novas atitudes de moralização da política, começando por publicitar as contas da respectiva campanha interna. Porque num partido que mistura tudo, incluindo sinais ideológicos, quanto mais massificação, mais organização, isto é, mais homens do aparelho, mais sargentos verbeteiros e, portanto, mais possibilidade de política de sigilo quanto aos financimentos partidários que não são controláveis pelo sistema público de controlo das fontes de compra do poder. O PSD, depois de ter mostrado que a regeneração do regime pode vir de dentro dos próprios partidos, deve acabar de vez com os ausentes-presentes e com as consequentes guerras por procuração.