Jul 28

Quando se inventa um inimigo obsessivo num ponto de não regresso

Quando se inventa um inimigo obsessivo é costume que a interacção reproduza os próprios traços fundamentais do outro no próprio eu. O manifesto de Breivik poderia ser de Bin Laden, um pouco à imagem e semelhança da fantasia de Hitler sobre o Estado Judaico e que ele tanto temia como admirava. Os irmãos inimigos são sempre iguais, especialmente quando, com dolo eventual, se reduzem os assassinados a danos colaterais.

Fiquem sabendo que vozes de blogue ou de FB não chegam ao céu! Apenas servem para que o bloggers sejam nomeados assessores de controlo das redes. Foi assim com o regime da contra-informação de Sócrates. Espero que não seja assim com Passos. Bloggers já há, felizmente ainda não apareceu a palha de abrantes. Convém não nos resignarmos, para citar o presidente Cavaco, antes da reeleição.”

Surgiu aqui no Facebook um grupo exigindo a publicação das nomeações no Portal do Governo. E lá fui ao dito. Já estão as dos chefes de gabinete. As de adjuntos e assessores aparecem na II Série do DR, hoje, sistema gota a gota. Sem a exigível nota curricular. E se pedíssemos todos à JSD que faça a si mesmo o que fez nos últimos minutos ao governo socrático? Pelo menos, o “software” era bom!

Li a entrevista de Jorge Silva Carvalho ao DN. Li a resposta de Ricardo Costa à Lusa. É fácil de concluir que há aquilo que em estratégia se qualifica como “ponto de não regresso”. Prefiro a interpretação que o grande poeta António Manuel Couto Viana deu ao mote kaulzista do tema. Vai ser um jogo bem duro.”

Não há governo do nosso último quarto de século que não tenha proclamado reduzir o Estado. Na prática, o aparelho deglutiu e discurso e cresceu até à custa de tal discurso. Seria conveniente que o Estado é um problema que só se resolve quando se tiver uma ideia dos Estados dentre do Estado e além do próprio Estado. Ele não é uma coisa, é uma relação e, consequentemente, uma ralação…”

Dos piores gestores e dirigentes da administração pública que eu conheci, e conheço, estão alguns dos mais encartados reformadores das engenharias das pretensas reformas da coisa e que nisso vão mantendo emprego em regime de cogumelos venenosos. Os mais fracassados são os idiotas úteis que acreditam neles e os chamam para as engenhocas legiferantes.”

Não há governo do nosso último quarto de século que não tenha proclamado reduzir o Estado. Na prática, o aparelho deglutiu e discurso e cresceu até à custa de tal discurso. Seria conveniente notar que o Estado é um problema que só se resolve quando se tiver uma ideia dos Estados dentre do Estado e além do próprio Estado. Ele não é uma coisa, é uma relação e, consequentemente, uma ralação…”

O Estado é a medida de todos os discursos políticos, confundindo-se quase sempre o Estado-Aparelho de Poder com o Estado-Comunidade. E depois, até nos comparam com os States, não reparando que aí há mesmo comunidade, ou com o British, não tendo aprendido que aí há mesmo Establishment. As corporações caseiras agradecem o provincianismo destes “naïfs”. Comem-nos na primeira conversa de factos. E sem molho.”

O melhor Estado do mundo ocidental, isto é, aquele que até pode ser império com o “free trade”, teve sempre uma pequena vantagem: nunca teve o conceito de Estado. Por cá, no manual de OPAN, ele sempre foi “a nação politicamente organizada”. Isto é, música celestial para o tradicional conto do vigário.”

O Estado, desde que Maquiavel inventou o nome, sempre esteve de acordo com a etimologia: uma forma substantivada (estado) derivada de um verbo (stare). Quando se tentar captar a coisa, ela foge-lhes por entre os dedos analíticos goza quem nem uma perdida” 11 O principal do Estado, aqui e agora, é ser feitor da Troika. Ah! Ah!”

Lembro-me de ter dissertado, na dita tese de doutoramento, numa coisa titulada “ensaio sobre o problema do Estado”. E recordo o subtítulo “Da razão de Estado ao Estado-Razão”. Chamaram-me poeta. E com propriedade profética. Foi feita ao mesmo tempo que caía o Muro. Mas continuaria a subscrever noventa por cento.
Hoje pediram-me que fizesse uma boa acção, daquelas do tempo da meninice, que era apenas a de conversar com alguém que se sentia só, por acaso o Ângelo. Senti a felicidade de quem recebeu e deu. E arrependi-me de não fazer isto todos os dias. Amigos, do Facebook, cada um tem o seu Ângelo a quem pode telefonar e dar um abraço. Vamos, então, mudar o mundo!”

Acabo de ouvir na SICN três antigos altos dirigentes do PSD, do PS e do CDS, abordando de forma bem informada a questão das fugas de informação que põem em dúvida os nossos serviços de informação. Todos confirmaram que a dúvida já pertence ao pretérito, remoto e menos remoto. O ponto de não regresso já não admite pensos rápidos e já não chegam intervenções aparentemente cirúrgicas.