Depois de tanta bebedeira de politiqueirismo fulanista, não apetece agora gastar o que resta de meu verbo, contabilizando as hipóteses desta direita que resta e que anda à procura de autor, enquanto vai preferindo os órfãos e as viúvas dos presentes ausentes-presentes, trocando o necessário investimento no longo prazo pelo lucro imediato do eleitoralismo autárquico e presidencial. Só que o povo percebeu indeferiu liminarmente esta moluscular oferta. Porque a personalização do poder se revelou um fracasso e as “marcas” oferecidas, enquanto modas, passaram de moda. A atracção pela mediacracia e a ilusão populista levaram ao olvido de algumas importantes propostas. Há três direitas que saíram derrotadas: a direita que teme o povo; a direita que teme os pretensos agentes de Deus; e a direita teimosa. Quem também perdeu foi o Portugal mais profundo e esquecido, o dos habitantes das aldeias e das vilas, chamados pagãos e vilãos pela onda unidimensionalizadora de uma ilusória civilização urbanóide que pretende eliminar as nossas memórias e valores de resistência e colonizar-nos de acordo com a doutrina de um pensamento único que quer aprisionar o homem livre. Os capitaleiros que geram sempre legiões de mentecaptos e os louvaminheiros de lideranças personalizadas ainda por aí circulam em glosas e comentários. E até é possível que centrais ocultas se dispersem pelas engrenagens e influenciem o todo de forma eficaz, impedidno o reconhecimento de alguns símbolos regeneradores.
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