Nov 03

Este glutão bloqueiro-centralista que nos vai sanguessugando…

Corremos o risco de transformar toda a classe política num conjunto de suspeitos, sob investigação policial, com diários comunicados do Procurador-Geral da República e a consequente má imagem de políticos, magistrados e advogados, aliás, as classes profissionais mais detestadas pela opinião pública, segundo recente sondagem. E até não bastam as habituais intervenções mediáticas de certos magistrados, ditos especialistas em corrupção, onde muitas vezes se confundem qualidades profissionais com anteriores militâncias na extrema-esquerda, noutras eras, só porque os principais fazedores de opinião, recrutados pelos novos capitalistas, também são originários dessa fatia de militância marxista-leninista-estalinista-maoísta. Paradoxalmente, também é de muita fauna dessa estirpe que continuam a ser recrutados destacados pensadores das comissões de honra dos candidatos presidenciais, assim se demonstrando a pouca largueza de horizonte deste quintal do pensamento que marca a pátria. Porque, qualquer dia, os debates entre a esquerda e a direita a que chegámos quase se enredarão nas disputas freudianas dos revolucionários frustrados.  Os pantanosos interesses mentais deste centrão rotativista continuam a lançar-nos abstractas tenazes de uma direita menos e de uma esquerda mais ou menos, onde qualquer intelectual tem o sonho de ser chamado ao “prós e contras” para debater a qualidade da democracia com antigos ministros de Salazar , ou de ser chamado pelos viscondes da Anadia e de Balsemão ou pelo patrão da Olivedesportos para nos produzirem o tédio empaturrante e já pouco digerível deste mais do mesmo.  Isto é, os sistemas indirectos de controlo do pensamento com que as tenazes do situacionismo nos querem amarfanhar não nos deixam dizer que o Portugal dos homens livres não coincide necessariamente com a soma das ilustres personalidades que integram as comissões de honra dos represidenciáveis. Tal como levam à impotência as navegações mentais pelas brumas da teoria da conspiração ou da análise da técnica do golpe de Estado. Para que tudo continue com o quartel-general sem ser em Abrantes.  Da mesma ilusão suporífera padecem os que se entretêm com a mania de uma República de Juízes, susceptível de uma grande operação mãos limpas, capaz de destruir os mecanismos partidocráticos. Ou os que chamam De Gaulle a um qualquer general confundindo a pose com um colectivo de oficiais desactivados que se enfileiraram nas comissões de honra dos presidenciáveis.  Mesmo entidades espirituais nos podiam continuar a difundir a esperança, desde a Maçonaria, com as suas plurais lojas, à igreja tradicional com as suas benzidas capelinhas, congregações, ipss e sacristias, ei-las que quase declaram a respectiva cedência ao oportunismo de permitirem a diluição dos respectivos veneráveis e venerandos nas mesmas lista de honradarias.  Três décadas volvidas, nesta democracia de processual sucesso, assistimos ao vivo e em directo aos mesmos mecanismo decadentistas deste lastro de cinzentismo cobarde que tanto destruiu a revolução liberal, de que a Primeira República foi o estertor, como a ilusão de revolução autoritária, dita nacional, mas que apenas era antiliberal, onde a personalização salazarenta  do poder foi uma solene e retórica declaração de impotência.  Porque a Salazar quia, que dizia ter “uma doutrina e uma força”, quando se insurgia contra a “fina flor da plutocracia” de certos possidentes republicanos, apenas foi um mero regime de “feitores de ricos”, neste glutão bloqueiro-centralista que, pela penumbra, vai sanguessugando as energias de antigos revolucionários verbalistas. Aqui e agora, o crime continua a compensar se prescrever pela dilação processualista, onde, muitas vezes, os aparelhos estadualizantes permanecem como os tais cães de guarda de uma propriedade que começou por ser mera detenção devorista.

Nov 03

Este glutão bloqueiro-centralista que nos vai sanguessugando…

Há noites de triste chuva e alegre companheirismo que não nos deixam assistir à derrota do Benfica, à entrevista de Soares à TVI ou às estórias sobre um tabuleiro de xadrez, por causa de uma busca domiciliária a um dos principais políticos portugueses, ainda por cima do partido que está, neste momento, no poder parlamentar e governamental. Coisa que, se revela a independência dos meios de investigação judicial, também pode acarretar mais um enorme rombo no prestígio das instituições e do Estado de Direito. Porque a lentidão dos chamados processos de administração da justiça pode atirar para o dia de São Nunca Mais a clarificação de um processo, onde se misturam aparelhos partidários e firmas de construção civil.

 

 

 

Por outras palavras, corremos o risco de transformar toda a classe política num conjunto de suspeitos, sob investigação policial, com diários comunicados do Procurador-Geral da República e a consequente má imagem de políticos, magistrados e advogados, aliás, as classes profissionais mais detestadas pela opinião pública, segundo recente sondagem. E até não bastam as habituais intervenções mediáticas de certos magistrados, ditos especialistas em corrupção, onde muitas vezes se confundem qualidades profissionais com anteriores militâncias na extrema-esquerda, noutras eras, só porque os principais fazedores de opinião, recrutados pelos novos capitalistas, também são originários dessa fatia de militância marxista-leninista-estalinista-maoísta.

 

Paradoxalmente, também é de muita fauna dessa estirpe que continuam a ser recrutados destacados pensadores das comissões de honra anibalista e marista, assim se demonstrando a pouca largueza de horizonte deste quintal do pensamento que marca a pátria. Porque, qualquer dia, os debates entre a esquerda e a direita a que chegámos quase se enredarão nas disputas freudianas dos revolucionários frustrados.

 

Os pantanosos interesses mentais deste centrão rotativista continuam a lançar-nos abstractas tenazes de uma direita menos e de uma esquerda mais ou menos, onde qualquer intelectual tem o sonho de ser chamado ao “prós e contras” para debater a qualidade da democracia com antigos ministros de Salazar, ou de ser chamado pelos viscondes da Anadia e de Balsemão ou pelo patrão da Olivedesportos para nos produzirem o tédio empaturrante e já pouco digerível deste mais do mesmo.

 

 

 

Isto é, os sistemas indirectos de controlo do pensamento com que as tenazes do situacionismo nos querem amarfanhar não nos deixam dizer que o Portugal dos homens livres não coincide necessariamente com a soma das ilustres personalidades que integram as comissões de honra de Cavaco e de Soares. Aceitarmos esta prisão dos irmãos-inimigos que querem continuar a propagar os tentáculos situacionistas do rotativismo, transformando as alternativas sistémicas das “cassettes” e “CDRoms” dos jerónimos e louçãs em viagens sem tempo nem espaço é frustrante. Tal como levam à impotência as navegações mentais pelas brumas da teoria da conspiração ou da análise da técnica do golpe de Estado. Para que tudo continue com o quartel-general sem ser em Abrantes.

 

Da mesma ilusão suporífera padecem os que se entretêm com a mania de uma República de Juízes, susceptível de uma grande operação mãos limpas, capaz de destruir os mecanismos partidocráticos. Ou os que chamam De Gaulle a um qualquer general confundindo a pose com um colectivo de oficiais desactivados que se enfileiraram nas comissões de honra dos presidenciáveis.

 

Mesmo entidades espirituais nos podiam continuar a difundir a esperança, desde a maçonaria, com as suas plurais lojas, à igreja tradicional com as suas benzidas capelinhas, congregações, ipss e sacristias, ei-las que quase declaram a respectiva cedência ao oportunismo de permitirem a diluição dos respectivos veneráveis e venerandos nas mesmas lista de honradarias.

 

 

 

Três décadas volvidas, nesta democracia de processual sucesso, assistimos ao vivo e em directo aos mesmos mecanismo decadentistas deste lastro de cinzentismo cobarde que tanto destruiu a revolução liberal, de que a Primeira República foi o estertor, como a ilusão de revolução autoritária, dita nacional, mas que apenas era antiliberal, onde a personalização salazarenta do poder foi uma solene e retórica declaração de impotência.

 

 

 

Porque a salazarquia, que dizia ter “uma doutrina e uma força”, quando se insurgia contra a “fina flor da plutocracia” de certos possidentes republicanos, apenas foi um mero regime de “feitores de ricos”, neste glutão bloqueiro-centralista que, pela penumbra, vai sanguessugando as energias de antigos revolucionários verbalistas. Aqui e agora, o crime continua a compensar se prescrever pela dilação processualista, onde, muitas vezes, os aparelhos estadualizantes permanecem como os tais cães de guarda de uma propriedade que começou por ser mera detenção devorista.

 

posted by JAM | 11/03/2005 10:55:00 AM

 

Index blogorum prohibitorum (II)

 

Ontem, pela noitinha, não resisti e tentei contactar directamente o secretário de Estado José Magalhães, comunicando-lhe pessoalmente a ocorrência do filtro censor. O governante-blogueiro, mal tocou o meu telefone junto da respectiva secretária pessoal, atendeu-me imediatamente e ouviu as minhas razões. Dei-lhe o nome da única direcção-geral onde se registou a circunstância, que não está, aliás, sob a respectiva tutela.

 

Louvo aquilo que seria de esperar do perfil do político em causa. E mais informo os estimados leitores que o fez sem ter comigo quaisquer relações pessoais de amizade ou de proximidade pessoal. Julgo que, além de trocas de livros, e de um anterior telefonema, por causa do nosso comum amigo, o falecido Luís de Sá, não tínhamos contactos. Dormi descansado. Acredito que, apesar dos filtros abstractos, ainda há governantes que são democratas à maneira popperiana, isto é, que a qualidade de uma democracia não se mede por perguuntarmos quem manda, mas antes por podermos controlar os poderes de quem manda.