Jun 14

Entre os secretariados da propaganda nacional e os emplastros, feitos sucedâneos da metafísica

Por cá, continuamos a não ir à feira do livro, para não termos que aturar o culturalmente correcto desse toma-lá-dá-cá do situacionismo livreiro-crítico, com sessões de autógrafos dos nossos escritores de sucesso, com destaque para os apresentadores dos telejornais e comentadores televisivos do uma vez por semana e chega. Neste capitalismo do salve-se-quem-puder, eu, liberal confesso, mas velho liberal dos que minguam, reparo que, em tempo de homens de sucesso, quase todos ficam a meio das suas próprias ilusões de vitória e todos pedem que o árbitro apite para o final do jogo antes do tempo regulamentar. Porque o actual regime, feito de revolucionários frustrados que, declarando optar pelo impossível de uma utopia e preferindo sucessivos mitos e sucedâneos que nos vão proibindo as efectivas reformas, acabou neste nem carne nem peixe que vai sendo assaltado pela frieza dos tecnocratas de obra feita sem pinga de sonho. Porque, em nome da utopia se construiu uma espécie de sucedâneo da metafísica, onde, tal como noutras eras, ditas de trevas, crendices e obscurantismos, continua meio mundo ao serviço de um outro, que ninguém sabe o que é, com evidentes prejuízos tanto para os que laboram como para os que oram, quando era preciso mobilizar tanto o laborador como o orador.