Na véspera de comemorarmos a assinatura da Convenção do Gramido (1847), o nascimento de D. Nuno Álvares Pereira (1360) e a batalha de São Mamede (1128), temos o infausto de, hoje, assinalarmos o convite escrito de Marcello Caetano para a reeleição de Américo Tomás pelo colégio eleitoral do regime salazarista (1972), enquanto ontem valia a pena lembrar 1829, quando se deu o desembarque na ilha Terceira de Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque e Vila Flor, o futuro duque da Terceira.
Prefiro acentuar os enredos da Convenção do Gramido. Assinam-na Loulé e António César Vasconcelos Correia pelos patuleias, na presença dos espanhóis general D. Manuel Gutierrez de la Concha, coronel Buenaga e o inglês coronel W. Wylde (24 de Junho). E tudo acontece na aldeia do Gramido, freguesia de Santa Maria de Campanha. Como salienta Oliveira Martins, o povo voltava para casa, chorando: chorando assistira à entrada de Concha.
Com a Convenção, imposta por forças militares estrangeiras, em nome da Quádrupla Aliança de 1834, aSanta Liberdade acabara usurpada. Como então chega a proclamar Rodrigues Sampaio, deixávamos de ter uma coroa pela graça de Deus e pela Constituição, dado que a mesma passava a sê-lo por graça dos aliados, ingleses e espanhóis, sobretudo, e vontade do estrangeiro.
Por outras palavras, a partir do segundo quartel do século XIX somos casca de nós no oceano balançoso da Europa, coisa de que apenas tivemos a ilusão de sair durante o salazarismo, quando passámos a viver a balança euro-atlântica, depois de irmos para a fundação da NATO e da OECE. Agora, feitos província do euro e departamento da globalização, temos que reavivar a velha tradição do nosso milagre independentista, reaprendendo a necessária gestão das dependências, pelo golpe de asa das interdependências. Nada de novo sob a bandeira das quinas! Que nisto de fábricas da Opel, a coisa não é o mesmo do que um jogo de onze contra onze num relvado verde, porque Sócrates até já nem pode brincar ao monetarismo de Alves dos Reis, como o cavaquismo governamental ainda podia fazer na década gloriosa da cobitação com o soarismo presidencial, entre 1985 e 1995. Apenas desejamos que Cavaco não passe a Xanana e que Sócrates não se reduza à dimensão de Alkatiri. Portanto, que viva Scolari!