As informações e análises sobre Timor que Tiphon tem veiculado são bastante preocupantes. Fazem-nos recordar a velha história dos meados da década de setenta, antes e depois da invasão indonésia, quando alguns ocidentais da Europa Central, muito católicos e ainda austro-húngaros, não contabilizavam duzentos mil mortos de um povo dispensável, só porque o ministro da guerra de Jacarta era católico e o maior Estado Islâmico do mundo podia passar a dispor de uma província também católica, com um ministro que até mandava recados para os democratas-cristãos portugueses, para estes intercederem junto do governo de Lisboa, a fim de o autorizarem a visitar Fátima. Felizmente que havia padres de outra memória de futuro, incluindo o português Padre Felgueiras, e que houve um papa chamado João Paulo II e um presidente norte-americano que ainda seguia Woodrow Wilson e teve suficiente pressão da nossa parte. É por isso que, mesmo com eventuais erros, tenho de aceitar com solidariedade nacional que o meu presidente, hoje, é Cavaco Silva, que o meu chefe do governo é José Sócrates e que os meus ministros são António Costa e Diogo Freitas do Amaral. Que tenham a força da razão! Como a tiveram os anarco-sindicalistas deportados na ilha durante a Segunda Guerra Mundial que ajudaram à resistência contra o Eixo, mas que, em 1945, até o deportador reconheceram como Portugal…
Daily Archives: 9 de Junho de 2006
Viva a República! Viva o Rei!
Leio que no próximo dia 10 de Junho, na Feira do Livro, vai ser lançada, pela Zéfiro, a obra “Viva a República! Viva o Rei! – Cartas Inéditas de Agostinho da Silva”, da autoria de Teresa Sabugosa. Dizem que, entre outras coisas, pode ler-se o seguinte: o regime de que o mundo precisa para sair do atoleiro em que está metido érealmente o da Monarquia Portuguesa anterior a D. João I (este já bastante infectado de Europa) (…) Acima disso, o município, clara e inteiramente”republicano”. Como “coordenador geral” e “inspirador” o Rei (…)
Que tenham a força da razão!
Fazem-nos recordar a velha história dos meados da década de setenta, antes e depois da invasão indonésia, quando alguns ocidentais da Europa Central, muito católicos e ainda austro-húngaros, não contabilizavam duzentos mil mortos de um povo dispensável, só porque o ministro da guerra de Jacarta era católico e o maior Estado Islâmico do mundo podia passar a dispor de uma província também católica, com um ministro que até mandava recados para os democratas-cristãos portugueses, para estes intercederem junto do governo de Lisboa, a fim de o autorizarem a visitar Fátima. Felizmente que havia padres de outra memória de futuro, incluindo o português Padre Felgueiras, e que houve um papa chamado João Paulo II e um presidente norte-americano que ainda seguia Woodrow Wilson e teve suficiente pressão da nossa parte. Que tenham a força da razão! Como a tiveram os anarco-sindicalistas deportados na ilha durante a Segunda Guerra Mundial que ajudaram à resistência contra o Eixo, mas que, em 1945, até o deportador reconheceram como Portugal…
Do Pato Donald ao Bloco Central, quando ainda há luar
Volvido mais de um quarto de século, apenas podemos confirmar que o país de hoje é mais continuidade do que evolução face a essa encruzilhada pós-revolucionária. Apesar da integração no projecto europeu, apesar da queda do muro, apesar de Delors, apesar do soarismo presidencial e apesar do cavaquismo governativo. O país continua a esquecer-se do Padre António Vieira, de poeta Fernando Pessoa e do professor Agostinho da Silva. E até continuam alguns frustrados revolucionários em jantaradas com ministros de Salazar , planeando grisalhos regressos ao PREC, ou conspiratas de alcatifa, para que, depois de degolarem a abrilada pela traição, possam ascender ao supremo poder da chefia dos escravos que aceitam ser dos tais contínuos que já não há, para que a revolução passe à mexicana situação do revolucionário institucional, inimigo da tolerância e das saudades de futuro, e tudo continue como dantes, porque felizmente dizem que há luar. Prefiro continuar a ler, ver e sonhar à Walt Disney. Porque vejo, ouço, mas vou calando. Porque devo.