Tratado dos Jerónimos

Hoje é dia dito de festa, pelo Tratado dos Jerónimos, à beira Tejo. E a cidade de Lisboa associou-se ao evento, com transportes gratuitos, bandeirinhas e os museus de porta aberta, sem bilhete de entrada. Sócrates e Amado, cansados, mas felizes, esqueceram a cena de ontem no parlamento europeu, com aquela meia dúzia de membros de um rancho folclórico que, não obedecendo aos ditames das duas principais multinacionais partidárias da Europa, exigiram que os povos referendassem o tratado. O primeiro, até logo os carimbou de “anti-europeus”. E com toda a razão. Pelo menos, o povo português apenas está dividido entre o Senhor Feliz e o Senhor Contente. Sobretudo pelas provocações que me gerou. Primeiro, a falta que faz um manual de memória estratégica do Portugal Universal. Sobretudo, para tratar da heterodoxia do abraço armilar. Por isso, recordei o lema que D. João II entregou ao futuro cunha do, quando lhe deu a armilar como símbolo: “spera, sphera, sperança”. Em segundo lugar, também recordar o plano estabelecido logo a seguir a 1640, visando a mudança da capital para o Rio de Janeiro, já programada por D. Pedro II. Em terceiro, para assinalar a jogada dos portugueses da terra de Salvador Correia de Sá para reconquistarem Angola, fundando uma nova São Paulo que agora apenas se conhece pela terminação “de Luanda”. E acima de tudo, a memória do José Bonifácio, o tal agente militar do Conselho Conservador que integrou um batalhão académico que resistiu a Junot. Porque sem a independência de Bonifácio não poderia continuar a América Portuguesa, sob o nome de Brasil. Claro que me apeteceu sonhar. Por exemplo na criação de um Instituto, ou numa Fundação, dita José Bonifácio de Andrade e Silva, visando a memória do abraço armilar e do reino unido que transformou o símbolo em binacional. E também me apeteceu outra provocação: a elaboração de uma história estratégica de Luso-Brasileira, onde se recolhessem estes heterodoxos que nos dão saudades de futuro. Espero que ele me dê resposta ao desafio. É a melhor maneira de comemorarmos o Tratado dos Jerónimos.

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