A conspiração castífera e capitaleira que ameaça manter o centralismo partidocrático continua a cabralizar a democracia neste dia de procissão do Corpo de Deus. Apenas recordo que nesta feria de 1838, quando os generosos setembristas de Passos Manuel já tinham caída nas teias pós-revolucionárias dos ordeiros, emergiu o ex-radical António Bernardo da Costa Cabral. Estávamos no desmantelar da feira, no fim da procissão solene, quando Sá da Bandeira, então acompanhado por Silva Carvalho que, no mês anterior regressara do exílio, são atacados pela populaça, salvando-os o próprio Costa Cabral, que é obrigado a disparar sobre os sediciosos. Sá da Bandeira apenas escapa do golpe de baioneta de que é alvo, porque este toca na parte metálica das condecorações com que está ornado. Por outras palavras, no fim das procissões, emergem sempre ex-radicais que se vestem de adoradores da ordem estabelecida e tratam de fazer a limpeza da imagem dos regimes, quando estes entram em degenerescência crepuscular e já não conseguem fazer o inventário dos devoristas das privatizações feitas segundo a lógica do sapateiro de Braga, onde nem todos comem e também não há moralidade.
Jun
07