Set 18

Mais um protesto liberal contra o capitalismo sem alma a que chegámos…

O Dalai Lama, o Papa de Roma, um ilustre rabino ou um teólogo islâmico são vozes daquele passado presente que nos dão semente de futuro para aquilo a que muitos chamam Espírito. Todos reforçam aquela componente de humanismo de que carece a presente sociedade de casino deste capitalismo que, perdendo as suas raízes de ética protestante e de uma concepção liberal do mundo e da vida, deixou de ter alma.

 

 

 

 

O tal capitalismo dominante chama-se, na China, Partido Comunista; na ex-URSS, Putine; por estas bandas, bloco central, entre o, agora, badalado Paulo Teixeira Pinto, e o, agora, silencioso, Pina Moura. Daí que subscreva palavras de Henrique Neto, noutro dia, na televisão, quando dizia que o pior que nos tem acontecido é misturarmos a ignorância com o poder, com Joaquim Aguiar, ao lado, a explicar, mais uma vez, como o actual sistema partidocrático está rigidamente cadavérico, porque o bloqueio existente apenas é o que melhor serve a plural rede de interesses que o sustenta.

 

 

 

 

Claro que tanto não sou situacionista como não alinho nas lamúrias ideológicas da globalização alternativa à Porto Alegre, que tem candidatos e gurus do Bloco de Esquerda como porta-vozes e profetas. Muito menos, quero ficar entalado entre o Engenheiro Ângelo Correia e o banqueiro Manuel Dias Loureiro, cada qual com o seu luizinho, tal como não me iludem as sucessivas novas tecnologias porteiras. Isto é, não me satisfazem as bissectrizes deste paralelograma de forças e até já não tenho idade para comer ideologias, incluindo a que já pensei ser minha. Sobretudo, as que retomam o suicidário dos confrontos maniqueístas entre a direita e a esquerda, sem quererem olhar de frente a complexidade do real, que continua a ser desfocado pelas lentes de um perspectivismo que não consegue assumir a coragem da aventura e do pragmatismo.

 

 

 

 

Há momentos de encruzilhada em que sentimos que chegou ao fim o ciclo do interregno. Porque, quando os gestores do “agenda setting” ocuparam o lugar dos anteriores “opinion makers”, a opinião pública ficou obrigada a navegar à vista das sucessivas vagas sensacionalistas. Logo, tornou-se inevitável que o presente Estado-Espectáculo ficasse mero teatro de marionetas, com muitos discursos comunicacionais de mera literatura de cordel e outros tantos bobos e fantoches que vão recolhendo os restos das orgias da corte.

 

 

 

 

 

 

De pouco vale que a opinião crítica, dos que pensam de forma racional e justa, tente resistir a este rolo compressor, onde o que parece, e aparece, são aquilo que realmente se oferece ao consumidor de audiências, com os seus figurantes de prós e contras. Ninguém já consegue furar o bloqueio deste poder infra-estrutural que marca a encenação dominante, até porque ela está totalmente dependente daqueles donos do poder que sempre nos condicionaram, desde que fingimos que já não existia o chicote do absolutismo.

 

 

 

 

Ninguém duvida que o “despotismo” do poder económico, medido pelo “ter”, controla o “ser”. Basta notar como o dito condiciona o poder político e meceniza a opinião crítica publicável, incluindo a que se dispõe a dar, aos distribuidores de avenças e subsídios, o iluminista manto diáfano daquela ilusão que lhes disfarça as verdades.

 

 

 

 

Até os antigos refúgios pluralistas do passado se vão extinguindo em regime de morte lenta, como acontece com os espaços universitários, ao serem enredados por uma estadualização que agora está cativa do neofeudalismo e do poder bancoburocrático, os quais, dividindo para reinar, vão asfixiando a revolta dos homens livres, livres da finança e dos partidos, como devia ser uma parcela significativa da chamada autonomia da sociedade civil e dos indivíduos.

 

 

 

 

E lá voltamos à decadente ditadura da incompetência, com muitos bailados de bonzos, endireitas e canhotos, os quais ainda continuam a canalizar a representação dos incautos para um clube de reservado direito de admissão a que o ministro da justiça, ontem, qualificou como “comunidade política”, a que aprovou o vigente Código do Processo Penal, agora em conflito com a chamada “comunidade jurídica”, como se a justiça tivesse que estar dependente de tal contrato de barganhas, só porque houve um pacto feudal de controlo da crise entre o PS e o PSD, com a benção presidencial. Esses venerandos e reverendos cardeais que, em suas sacristias e concílios, não reparam que precisam de um venerandíssima e reverendíssima reforma que os remeta para a categoria dos infuncionais. Obrigado, Dalai Lama!

Set 18

Esta é a história de um lugar mágico que encontrei. Um lugar onde o tempo se vive ao contrário…

Reparei que na definição distribuidora de dinheiros públicos para a ciência, na selecção dos melhores artistas, ou na escolha do desporto que a televisão propagandeia, há sempre uma espécie de júri oculto que, ora, aposta no “futsal” ou no “futebol de praia”, ora prefere os comentários de Seara e Dias, ora segue os discípulos deste ou daquele mestre-pensador, para o estabelecimento dos critérios que permitem dizer quais os que, nesta “animal farm”, são mais iguais do que outros. Por isso é que, de repente, surge uma lei de revisão do processo penal, subscrita pelo Bloco Central, a partir da escolha ministerial de um qualquer grupo de missão, apoiada por quase todos os partidos parlamentares que, depois de entrar em vigor, leva a que surja um clamor público de revolta por parte dos principais operadores judiciários. Talvez fosse melhor encomendá-la a um desses escritórios multinacionais de advocacia que, depois, até poderiam fazer propaganda institucional da coisa no respectivo “portefólio”. Quando os seleccionadores do paradigma dominante dependem da decretina escolha de um qualquer vértice burocrático, temos de concluir que mandam aqueles grupos de interesse e aqueles grupos de pressão do nosso neocorporativismo que conseguem conquistar o despacho estadual que estabelece quais os animais desta “animal farm” que passam a ser mais iguais do que os outros, na definição do melhor lugar na mesa do orçamento. Fui depois almoçar com a minha tribo, entre a qual se encontram três filhos, situados na geração que vai dos vinte aos trinta anos, todos em juventude profissional, todos sem qualquer cunha  paternal, todos em recibos verdes, entre jovens “webmasters”, jovens cientistas das ciências ditas exactas e jovens clínicos do terreno. E todos foram contando da globalização real onde têm de concorrer, dos “callcenters” de Lisboa, dos varredores de ruas com que se encobrem programas estaduais de apoio científico ao ambiente, das provetas e dos microscópios, também dependentes do subsídio e da engenharia do neofeudalismo dos favores. Estavam gentes de variados países e continentes e estava eu, que, sabendo que nada sei, já concluí que tem razão aquele meu velho mestre, quando um dia disse que, em todas as constituições reais, há sempre uma constituição oculta: a que estabelece o critério oculto com que se mede a igualdade, para que alguns continuem mais iguais do que outros. Infelizmente, desse Hayek, acabei por divergir, quando, na prática, descobri que o capitalismo pode ser inimigo do liberalismo, especialmente se reduzirmos o primeiro ao capitalismo de Estado, gerido por pretensos socialistas e sociais-democratas do Bloco Central de interesses, com porteiros a aprovarem Códigos de Processo Penal, suscitados por um discurso presidencial. Meditando nessas grades de paradigmas que nos dominam, confirmei que, em Portugal, o problema está sempre na abstracta madailização que tem força para escolher os seleccionadores do critério. Nesse real herdeiro do absolutismo Pombalino, pintado de democrata, que, quando manda, mantém o ritmo fidalgote de escolha paroquial e endogâmica, dizendo quem é o “who is who?” da sociedade civil que pode sentar-se na mesa do orçamento. Especialmente neste país onde, raspando o verniz da democracia pluralista, persistem os preconceitos e os fantasmas inquisitoriais, Pombalinos e salazarentos, do colectivismo das seitas, sejam de esquerda ou de direita, mesmo que aliem filhos da extrema-esquerda com sobrinhos da extrema-direita. Por isso é que quando consultei a lista de certo universo de colocados em determinados cursos do chamado ensino superior público, reparei que nem dez por cento o fizeram em primeira escolha, a da vocação. Alguns, infelizmente, irão, sem sonho, continuar o ritmo sebenteiro, onde muitos lentes lhes irão ler chouriçadas de palha, ao ritmo da tradução em calão, medindo-os pelos critérios de determinação do QI, ultrapassados há décadas, sem uma daquelas pintas de criatividade que os permitiram educar para a mudança. O pior é quando o sistema dos sistemas, onde se vão inserir, passa a depender daqueles planeamentistas que nos querem tornar numa qualquer subúrbio indiano, coreano ou chinês, dado que abdicaram da urgente estratégia nacional de formação de uma elite de sonhadores activos, visando a criação de um “software” que não nos reduza à fabricação do proletariado intelectual que tem como principal objectivo a obtenção de um recibo verde dos “callcenters” das multinacionais especialistas em deslocalizações.

Set 18

O Dalai Lama, o Papa de Roma, um ilustre rabino ou um teólogo islâmico

O Dalai Lama, o Papa de Roma, um ilustre rabino ou um teólogo islâmico são vozes daquele passado presente que nos dão semente de futuro para aquilo a que muitos chamam Espírito. Todos reforçam aquela componente de humanismo de que carece a presente sociedade de casino deste capitalismo que, perdendo as suas raízes de ética protestante e de uma concepção liberal do mundo e da vida, deixou de ter alma. O tal capitalismo dominante chama-se, na China, Partido Comunista; na ex-URSS, Putine; por estas bandas, Bloco Central, uma mistura de ignorância e poder, que está rigidamente cadavérico, porque o bloqueio existente apenas é o que melhor serve a plural rede de interesses que o sustenta. Claro que tanto não sou situacionista como não alinho nas lamúrias ideológicas da globalização alternativa à Porto Alegre, que tem candidatos e gurus do Bloco de Esquerda como porta-vozes e profetas. Isto é, não me satisfazem as bissectrizes deste paralelograma de forças e até já não tenho idade para comer ideologias, incluindo a que já pensei ser minha. Sobretudo, as que retomam o suicidário dos confrontos maniqueístas entre a direita e a esquerda, sem quererem olhar de frente a complexidade do real, que continua a ser desfocado pelas lentes de um perspectivismo que não consegue assumir a coragem da aventura e do pragmatismo. Há momentos de encruzilhada em que sentimos que chegou ao fim o ciclo do interregno. Porque, quando os gestores do “agenda setting” ocuparam o lugar dos anteriores “opinion makers”, a opinião pública ficou obrigada a navegar à vista das sucessivas vagas sensacionalistas. Logo, tornou-se inevitável que o presente Estado-Espectáculo ficasse mero teatro de marionetas, com muitos discursos comunicacionais de mera literatura de cordel e outros tantos bobos e fantoches que vão recolhendo os restos das orgias da corte. De pouco vale que a opinião crítica, dos que pensam de forma racional e justa, tente resistir a este rolo compressor, onde o que parece, e aparece, são aquilo que realmente se oferece ao consumidor de audiências, com os seus figurantes de prós e contras. Ninguém já consegue furar o bloqueio deste poder infra-estrutural que marca a encenação dominante, até porque ela está totalmente dependente daqueles donos do poder que sempre nos condicionaram, desde que fingimos que já não existia o chicote do absolutismo. Ninguém duvida que o “despotismo” do poder económico, medido pelo “ter”, controla o “ser”. Basta notar como o dito condiciona o poder político e meceniza a opinião crítica publicável, incluindo a que se dispõe a dar, aos distribuidores de avenças e subsídios, o iluminista manto diáfano daquela ilusão que lhes disfarça as verdades. Até os antigos refúgios pluralistas do passado se vão extinguindo em regime de morte lenta, como acontece com os espaços universitários, ao serem enredados por uma estadualização que agora está cativa do neofeudalismo e do poder banco-burocrático, os quais, dividindo para reinar, vão asfixiando a revolta dos homens livres, livres da finança e dos partidos, como devia ser uma parcela significativa da chamada autonomia da sociedade civil e dos indivíduos. E lá voltamos à decadente ditadura da incompetência, com muitos bailados de bonzos, endireitas e canhotos, os quais ainda continuam a canalizar a representação dos incautos para um clube de reservado direito de admissão a que o ministro da justiça, ontem, qualificou como “comunidade política”, a que aprovou o vigente Código do Processo Penal, agora em conflito com a chamada “comunidade jurídica”, como se a justiça tivesse que estar dependente de tal contrato de barganhas, só porque houve um pacto feudal de controlo da crise entre o PS e o PSD, com a benção presidencial. Esses venerandos e reverendos cardeais que, em suas sacristias e concílios, não reparam que precisam de um venerandíssima e reverendíssima reforma que os remeta para a categoria dos infuncionais. Obrigado, Dalai Lama!