Penso como português, de uma nação de antes de haver nacionalismo, de antes de haver Estado, de antes de haver soberania. Reparo nas centenas de nações sem Estado que existem no mundo. Nas muitas que se querem integrar noutros Estados, nas que querem unificar Estados, nas que querem desintegrar-se de Estados. Reparo como a República Imperial, num preconceito anti-sérvio que esconde uma vontade anti-russa, volta a brincar às independências, como o fez com Cuba, nesse sucedâneo de “big stick” que passa pela criação de protectorados, agora com a NATO como procuradora. Confirmo como não há política externa europeia. Fico triste. Bruxelas não deveria balcanizar-se, interferindo entre as pretensões da Grande Sérvia e as pretensões da Grande Albânia, tal como a República Imperial não deveria brincar a nova Guerra da Crimeia, mais uma vez com religião à mistura e muita força a fazer o desequilíbrio. Por outras palavras, o direito cosmopolítico continua a ser música celestial para o regime do governo de espertos em que se enreda o crepúsculo da superpotência que resta, face ao vazio de Europa. Em 2008, tal como em 1389, os sérvios voltam a ter a sua Alcácer-Quibir. Os defensores do Estado de Direito que estão no poder em Belgrado não mereciam esta afronta.