o funéreo dos comemorativismos e o ridículo das bandas militares

Hoje, sinto-me incomodado com o funéreo dos comemorativismos e o ridículo das bandas militares, onde não tem faltado o regresso à guerra civil historiográfica. Revoltam-me, sobretudo, os facciosismos, com tipos de esquerda, que a querem confundir com os republicanos, e tipos de direita, que a querem confundir com os monárquicos. Portanto, o que me apetece desabafar põe-me de mal com os monárquicos, oficiais e oficiosos, por amor da república, e de mal com os republicanos instalados, por amor do rei. Porque, primeiro, continuo monárquico, sem precisar de pedir autorização aos candidatos a bobos da corte e aos habituais aristocretinos. Segundo, porque, para poder ser constitucional e liberalmente monárquico, tenho que ser republicano.  Por outras palavras, primeiro está o pacto de associação, ou de sociedade (“pactum unionis”) e só depois vêm os pactos de constituição e de governo, ou de sujeição. Primeiro, está a república, o Portugal dos Portugueses, e só depois vêm os acidentais regimes e as consequentes facções e partidos. D. Carlos é mais do que a comissão oficial dos neocarlistas, encabeçada por republicanos de há mais de meio século militante, papistas oficiais, grupo que é necessariamente parecido com a comissão oficial que prepara o centenário do 5 de Outubro. Aliás, grande parte dos notáveis poderia coincidir nas duas comissões, dado que muitos parecem exagerar em disputas sobre as literaturas de justificação dos respectivos situacionismos e dos subsequentes revisionismos históricos das autobiografias em prelo e prelaturas. Por mim, acho que o rei e o príncipe real mereciam que, a propósito do respectivo assassinato, não enterrassem mais uma vez a monarquia, à imagem e semelhança da primeira decisão do governo presidido por Salazar , quando determinou funerais de Estado para D. Manuel II.

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