Ontem, ao fim da tarde, estive na Assembleia da República, participando na cerimónia de homenagem que o parlamento, através dos grupos parlamentares do CDS e do PSD, quis prestar a Francisco Lucas Pires. Resguardei-me na última fila, que éramos mais dois os antigos membros da comissão política do Francisco, na sua primeira aventura eleitoral. Guardo-me para, daqui a uns dias, reflectir sobre o percurso de quem me meteu, como professor, o bichinho das aventuras na teoria política e até de quem me levou a filiar, pela primeira vez, num partido, do qual logo saí quando voltou o primeiro fundador. Daqui a uns minutos vou até à Academia Militar tentar comunicar uns tópicos sobre cidadania electrónica, onde falarei mais de cidadania que de electrónica, porque essa tarefa vai caber ao meu companheiro de painel, o Carlos Zorrinho, com quem, da última vez que estive, foi numa sessão idêntica, mas no PS do Barreiro, a convite do Eduardo Cabrita.
No intervalo, lá ouvi que o FCP foi suspenso das provas da UEFA, mas sem ainda me poder deliciar com os comentários de Pinto da Costa contra o Benfica e a Maria José Morgado. Ainda estou combalido com alguns dos discursos de ontem, onde brilhou Marcelo Rebelo de Sousa e cumpriu excelentemente o papel o José Luís Nogueira de Brito, dado que alguns dos outros falaram deles e das respectivas posições de hoje, com muita literatura de justificação e imensos conceitos retroactivos, sem qualquer réstea de pirismo. Um deles até disse, do alto do seu institucionalismo, que o Francisco criou o Grupo de Ofir depois da campanha eleitoral em que foi derrotado por Cavaco Silva…
Olhando para os participantes, reparei que eu era um dos raros alunos dele e que não o posso apenas olhar como líder ou companheiro de combates políticos, dado que nunca consegui tratá-lo por tu, apesar da proximidade e da cumplicidade. Apenas recordo a homenagem que lhe prestei na publicação de um livrinho meio jurídico de 1998: “Em memória do meu Professor, Doutor Francisco Lucas Pires. Porque ao princípio, não era o Estado, mas o Homem, donde será o Estado a ter de se humanizar e não o Homem que se tem de estadualizar”