Depois de uma semana de limpeza de alma, lá volto ao centro do poder dos consórcios de obras públicas, ao toma-lá-dá-cá deste bloqueio central de um pretenso keynesianismo, dito “Welfare State”, feito de “pantouflage” de um liberalismo a retalho que prometeu socialismo de consumo, onde os feitores dos ricos apenas lêem as entrelinhas da cartilha da social-democracia e do socialismo democrático de antes da crise petrolífera, porque têm muitas preocupações com os pobrezinhos e os reformados, mas onde o ser ministro lhes dá pergaminhos de agendas contactos que lhes fornecem a chave das aposentadorias de gestores de construtoras e de patos bravos da banca, ávidos do comunismo burocrático onde a culpa morre sempre solteira. Nem sequer reparam que não passam de meros agentes de uma governança de pilotagem automática, marcada pelo ritmo do mais do mesmo, a tal que continua a colocar-nos na cauda da Europa das disparidades sociais, dado que somos campeões daquele modelo, onde os pobres, incluindo os novos pobres, são cada vez mais e também cada vez mais pobres, para que os ricos, sobretudo os novos-ricos, sejam cada vez menos, mas cada vez mais ricos. Porque nesta terra de macacos cegos, surdos e mudos, em ritmo de sociedade de casino, quem tem olho para a barganha negocista joga na teoria daquele homem de sucesso, segundo a qual o importante não é ser ministro, mas tê-lo sido. Aliás, com esta expedita administrança da justiça, sempre em nome do povo, onde o burlão vai vivendo de aposentadorias, durante um longo trânsito em julgado, passível de ser manobrado pelo expediente dilatório dos colarinhos brancos, que pode durar um quarto de século e milhões de páginas de processos cosidos à mão, podemos concluir que, em terra de pobres de espírito, quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou já não percebe da arte. Entretanto, lá vamos tendo de aturar os discursos e os improvisos de suas excelências da governança, botando arrotos de pescada sobre serem da esquerda mais ou da esquerda menos, para que os direitistas anedóticos teorizem sobre as relações da justiça com a Senhora de Fátima, não faltando os gatos magistrais a dizerem que caçam os ratos que apitam dourado, neste grande armazém de queijo esburacado, onde os tecnocratas da engenharia financeira dos “off shores” nos continuam a meter as mão na bolsa e nos actos de branqueamento de imagem. Não faltam sequer outros belos discursos de música celestial dos universitários e magistrados que nos processualizaram, fazendo chorar as pedras da calçada. Desses ilustres e notáveis que têm prestígio entre o respectivo grupo corporativo, por se mexerem bem na classe política, mas que, ao mesmo tempo, assumem o transcendente do metapolítico entre os políticos, só porque se recobrem do etéreo da missão magistral, quando não passam de vacas sagradas que continuam magras de ideias. Este nosso “contenente” capitaleiro continua mesmo a pensar que é metrópole e “mainland”, dona de todas as ilhas adjacentes, incluindo as da interioridade, para onde mandam os governadores civis do Rodrigo da Fonseca e do Costa Cabral, em missões de soberania… Que tal remetê-los para o Piquinho sem direito ao verdelho do Czar, que é boa pinga?