Aqui verdadeiramente se continua a sentir que a democracia não é o mesmo do que povo, mas mera entidade que o pretende representar, através de um sistema de canalização classista, de marca partidocrática. Mas também as chamadas ditaduras institucionais, que foram além do mero estado de excepção, nomeadamente as dos populismos e autoritaritarismos modernizantes, se assumiam como representativas desse mesmo povo. A grande vantagem da democracia está na separação dos poderes, no pluralismo e na ausência de sistemas de repressão visível e, sobretudo, na implantação dos mecanismos do Estado de Direito. O grande defeito destas democracias continua a ser o indiferentismo das massas, face À falta de autenticidade dos modelos de participação política, bem como o agravamento da tradicional degenerescência da corrupção, aliada ao sentido de casta minoritária de uma classe partidocrática, também envolvida em processo de negocismo. E não parece haver doutrina ou modelo de organização partidária que a tal consigam pôr cobro, tanto à esquerda como à direita, dado que todas as provenções sistémicas acabam por falhar, face à ausência de uma efectiva autonomia moral do indivíduo.