A partidocracia lusitana está algemada por duas ou três personalizações de poder, dotadas de activas feudalizações e sociedades de corte. Vive-se em regime de senhores da guerra que, de forma oportunista, fabricam programas de discurso eficaz. Mas o paralelograma de forças que enreda o nosso situacionismo prefere estas águas chocas das sempiternas Viradeiras, com séculos de Inquisição, algumas décadas de autoritarismo e falta de autonomia da sociedade civil. E quando as forças vivas da economia, do poder banco-burocrático e do congreganismo podem ter uma esquerda moderna, a defender o estado a que chegámos, tudo como dantes, com o quartel general em Abrantes. Se eu fosse um desses ditos empresários, beneficiários da pós-revolução, do capitalismo selvagem e da subsidiocracia, preferiria nomear como meu feitor um alto dirigente socialista, em vez de um qualquer direitista liberal. Aos fins de semana, ele sempre poderia ir a um comício de esquerda bradar contra o capitalismo e o risco do individualismo, para nos restantes dias, do dia a dia, cumprir as ordens do patrão, mesmo lixando os trabalhadores e o povão, com desculpas de globalização e integração europeia… Essas coisas da regeneração são para os encantados, herdeiros dos vintistas e dos setembristas, dado que os fidalgos ditos regeneradores são todos descendentes do Rodrigo da Fonseca, com a respectiva mesa do orçamento, para comprar os opositores, e, sobretudo, para a propaganda dos amanhãs que cantam, à maneira de Fontes Pereira de Melo, entre a inauguração de fontanários, o “macadame” e as sucessivas formas do “traway”, mesmo que agora sejam carros eléctricos ou computadores magalhães… Infelizmente não se descobriu petróleo no Beato…