Todos os povos têm os terrorismos que não merecem

Todos os povos têm os terrorismos que não merecem

 

por José Adelino Maltez

 

Os principais inimigos confessos da ordem demoliberal,  nos meados do século XIX, dos cristãos-sociais aos se internacionalizavam como socialistas, são exactamente os mesmos que, volvido um século, se tornam os principais gestores da democracia pluralista. Depois, na viragem do milénio, muitos governos de tal modelo passaram frequentados por ex-totalitários, de comunistas a fascistas. Por outras palavras, o nosso regime, ao jogar no risco da tolerância, da reconversão e do arrependimento, tem levado os adversários a sucessivos revisionismos “rerum novarum”. Infelizmente, todo o bem tem pedações de mal, gerando sistemas de fanatismo, intolerância e ignorância. E a besta da tirania não se veste apenas no pronto-a-vestir que alguns vendem no hipermercado da caça às bruxas. Se o maior inimigo da liberdade é o terrorismo, convém não esquecer que o Estado que o tenta combater também já foi um Estado-Terrorista, quando teve a ilusão daquele terrorismo da razão gerido por déspotas esclarecidos ou ditadores-filósofos. Cada um pode escolher o seu fantasma para continuar em preconceito e, até por cá, o filho do rei que aboliu a pena de morte acabou em regicídio, para que o tiro saído pela culatra gerasse republiquicídios, os de 1918, 1921 e 1965. Convinha não deixarmos os assassinos à solta até que o crime prescreva, para que eles se dediquem a produzir contra-informação. Todos os povos têm os terrorismos que não merecem. Até os de brandos costumes.

 

 

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