Jan 09

Contra o sistema fechado desta democratura

Nessa mesma entrevista, também me assumia como alguém disposto a afrontar o actual sistema fechado desta democratura, para regenerarmos o regime, queremos acabar com o actual sistema de castas da partidocracia e, se nos derem uma oportunidade, faremos a diferença, distinta deste rotativismo do “mais do mesmo”.  Mais dizia não querer ficar entalado entre a direita a que chegámos e a esquerda que aí vem, num qualquer estático rigorosamente ao centro, mas antes, através de um dinâmico centro excêntrico, que, na actual situação portuguesa, se coloca mais à direita.

Fazer com que se deixe de ter a amargura deste teatro de má revista, onde se pavoneiam uma direita que convém à esquerda e uma esquerda fabricada e subsidiada pela direita dos interesses. Com efeito, os verdadeiros donos do poder em Portugal continuam a estar invisíveis, gerindo, a partir dos bastidores, a teia de um centrão que até já integra a própria extrema-esquerda.  E acrescentava: advogo a técnica clássica do dividir para unificar, desde que assente numa autonomia municipal liberta do caciquismo e da partidocracia, daqueles que entendem a regionalização como uma forma de regerem, fabricando mapas conforme as respectivas influências eleitorais e continuando um sistema que apenas descentraliza a centralização, criando pequenas capitais locais e molusculares Cortes de feudais servidores.  Concluía: exigindo a diminuição para metade dos lugares políticos electivos e governamentais, um novo sistema de combate à corrupção e ao clientelismo, a criação de um eficaz sistema de controlo global dos concursos públicos, a remessa para o Ministério Público de todas as inspecções administrativas que costumam ficar nas gavetas ministeriais, um adequado registo moral de interesses, um frontal combate à desertificação e ao desordenamento do território e a defesa intransigente de uma luta contra a centralização, nomeadamente pela regionalização vinda de baixo para cima e pela mudança da sede de alguns órgãos de soberania.

Jan 09

Classificando-me ideologicamente

Perguntaram-me como me classificava do ponto de vista político-ideológico e logo me apeteceu qualificar como um heterodoxo da direita que procura ser um homem livre. Livre, sobretudo, da finança e da partidocracia, conforme uma conspiração, em forma de revista, que, durante o crepúsculo da I República, foi desencadeada por Afonso Lopes Vieira e por Raúl Proença. Como liberal, mais do que as liberalizações, defendo a libertação e, invocando esses dois mestres, mantenho intenso diálogo com o anarquismo místico e não nego as minhas ligações às perspectivas radicais. Daí algumas heterodoxias que costumo invocar, como a de me dizer tradicionalista liberal, republicano monárquico ou radical do centro, só porque, perante o presente paradoxo situacionista, gosto de estar na esquerda da direita e, no plano colectivo, manter a necessidade de defesa de um nacionalismo liberal, conforme a matriz de Fernando Pessoa. Logo, porque sou um nacionalista português, pouco dado a traduzir nacionalismos exógenos, entendo a nação como um ponto de passagem para a “super-nação futura”, o que passa pela fé na construção europeia e não dispensa um entendimento cosmopolita, do “tudo pela nação, nada contra a Europa e nada contra a humanidade”. Daí que assuma o combate à Razão do Euro-Estado e à consequente constituição dita europeia, meros instrumentos de uma federação de Estados-Impérios e de interesses eurocráticos, que sempre se deram mal com as autodeterminações nacionais e as rejeições das colonizações culturais impostas pelo pensamento único da actual República Imperial. Os portugueses, que querem continuar a independência política de Portugal, não devem temer chamar os bois pelos nomes e matar o borrego dos preconceitos europeístas e globalizastrados.