Jan 27

A Justiça em regime de queixumes…

A cerimónia de abertura do ano judicial quase pareceu uma sentença global de condenação do sistema de administração da justiça vigente. Condenou-o o Presidente da República, condenou-o o ministro da justiça, condenou-o o representante dos advogados, condenou-o o representante dos magistrados do ministério público, condenou-o o representante dos magistrados judiciais.  Não falou o povo, o mais condenado em toda esta teia de queixumes que me faz lembrar a história do velho, do rapaz e do burro, onde o menos burro de todos sempre foi o próprio burro.  Julgo que os excelentíssimos e reverendíssimos magistrados e advogados precisam de uma excelentíssima e reverendíssima reforma. Em vez destes expedientes dilatórios discursivos, onde a culpa é sempre da outra parte, que não a do nosso sindicato, deveriam recordar a história do ovo de Colombo, porque aqui, nesta casa onde todos ralham, afinal todos têm pão.  Se calhar Portugal precisa é de alguém que saiba ser ministro da justiça para estabelecer um adequado curto-circuito a estas corporativices. De alguém que tendo autoridade, isto é, sendo autor, possa refundar esta manta de retalhos de reformismos sem Norte. Quando importava reparar que, num Estado de Direito, a lei é menos do que o direito e o direito é menos do que a justiça, a tal maltratada criatura com que quase todos confundem os aparelhos da administração da justiça.