Foi ontem encerrado o ciclo de uma certa aventura da dita avaliação do ensino superior. Bastou um simples discurso do esfíngico e notabilíssimo ministro das ciências exactas e das universidades místicas, para que o mais cavaquista dos membros do presente governo socialista, atendendo ao perfil de física das partículas com que sempre geriu os respectivos silêncios, proclamasse a nova teoria da hiper-relatividade da nossa autonomia nacional. Afinal, os ilustres primazes que nos avaliavam, em regime de transacção lobística entre escolas públicas, privadas, concordatárias e politécnicas, apesar dos muitos gastos e honrarias, têm que ceder a comissões de sábios, não estrangeiradas, mas supra-nacionais, vindas do sítio criado pelo discurso de Marshall e onde tivemos como embaixadores Pedro Roseta, Basílio Horta e Ferro Rodrigues. E tal como na história do ovo de Colombo, afinal todos estão de acordo com o furo, promovendo-se novas visitações a esta periferia lusitana, dado que as anteriores não satisfizeram, talvez por tais profes serem tão ilustres quantos os ilustres reformados, eméritos, jubiliados e aposentados que avaliavam aquilo que uma semana antes geriam. A pátria não tem que servir de alibi para se eliminarem patológicas dores de cotovelo presidenciais. E a democracia não nos pede serviçal obediência a venerandos ministros de pretenso estadão. Por mim, prefiro a sabedoria de um qualquer Sancho Pança que opte por seguir de burro, em vez de correr atrás de dulcineias da frustração. Por isso, continuo a dizer, sem diplomática mesura, que, nesta teatrocracia de quem ostenta o microfone do poder, há muitas ilustres tristes figuras que vão nuas de crenças, sonhos e princípios, coisa que normalmente sucede aos que, perdendo a bússola das ideias, entram em certo rodopio das cabras-cegas e não conseguem saber do necessário Norte que nos dê rota para navegarmos rumo a um qualquer porto seguro.