“Libido dominandi”, neo-sidonismo encapotado e salazarismo democrático, com saldos de “marketing” político

A fauna que recebe os pretensos pais da pátria se reduz ao habitual frequentador de comício, com predomínio dos sessentões, até porque os chamados ministérios educativos ainda não lançaram a urgente campanha de cidadania que leve os jovens à inscrição no recenseamento eleitoral. É por isso que no domingo fui às rolas dos Moinhos de Santana, em busca do habitual cozido à portuguesa, com enchidos da Beira, num ambiente marcado pela imagem que encima este parágrafo, nesta memória de paisagem saloia no Alto do Restelo. Porque o subliminar de um neo-sidonismo encapotado, com pitadinhas de salazarismo democrático aproveita a embalagem da inércia. E até pinta de fresco propagadismos dos anos sessenta do século XX, entre o “I have a dream” de Luther King, dito agora “tenho uma ambição”, e as quase novas fronteiras do John Kennedy. Afinal os três principais presidenciáveis são o próprio situacionismo em figura humana que fazem discursos contra a degradação da presente democracia quando eles são os criadores da criatura que agora fingem rejeitar. Porque o Estado a que chegámos, apesar de ser grande demais na subsiodiocracia e na empregomania, não é suficientemente forte para combater a corrupção, a evasão fiscal ou o indiferentismo que nos seca a cidadania. Porque o sistema de financiamento da política, da partidocracia às campanhas presidenciais, passa pela habitual complacência do Bloco central de interesses face aos patos-bravos autárquicos, aos “lobbies” das consultadorias e empresas de estudos, com passagem pelo poder banco-burocrático que os encima e onde participa a procissão dos intelectuais que andam de mão estendida ao subsídio ou à avença.

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